A descoberta

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Ele tinha cabelos resistentes, bravos que resistiam a calvice que a cada ano ia almentando. O rosto queimado de sol ficara mais flácido desde que a última vez que Luciovaldo o vira a mais de 5 anos. Tudo ficara mais velho, os músculos opulentos haviam diminuido. Mas três coisas não mudaram, e nem haviam de mudar: o fardamento de gala do Exército brasileiro perfeitamente alinhado, os olhos castanhos brilhantes e aquela cicatriz na testa, era feia, mas com o tempo nem mais a percebia apesar dela ir da sobrancelha direita até o início do couro cabeludo. Era uma cicatriz de treinamento da época que era soldado raso, daí por diante pouco se sabe.
Luciovaldo caminhou em sua direção respeitosamente o comprimentou:
-Coronel Almeida, a que devemos a honra de sua presença? - disse ainda trêmulo, Luciovaldo era forte mas qualquer um tremeria frente aquele homem.
-Não temos tempo pra comprimentos, rapaz, venha - disse ríspido e saiu na frente com direção a porta da qual tinha vindo.
O Coronel abriu a porta em apenas um tapa, Luciovaldo se preocupou apenas para que ela não o acertasse. O oficial do Exército tateou nas paredes e quando achou interruptor esse ativou e no meio do salão duas lâmpadas longas ligaram, uma delas com mais dificuldade, piscava.
No meio da sala, um senhor de casaco bem alinhado, pele alva que denotava que não provinha do Nordeste, do seu lado, um senhor ainda mais velho que o Coronel, com um traje de gala do Exército e um cigarro na mão, sujeito mal encarado desde de a época que te vi pela primeira vez. Esse foi o primeiro a se adiantar, caminhou até a frente da mesa, passou a mão pelos cabelos brancos como a neve:
-O senhor deve ser o agente 0087 -olhou fixamente para Luciovaldo com os olhos que esperavam descobrir quaisquer mentira que Luciovaldo pensasse em dizer ou dissesse.
Ele obviamente não lembrava de mim, eu era apenas um aspirante e ele já era um secretário de primeira linhagem do Ministério da defesa... É os anos não foram tão crueis com o General Carvalho.
-Pois não, senhor - falou Luciovaldo estendendo a mão para comprimenta-lo.
O militar começou a andar de um lado para outro da sala como se a mão de Luciovaldo não estivesse estendida.
-Não deves saber - acenou para o Almeida que aquela altura já estava escorado numa parede a pensar - Almeida pegue a mensagem.
Almeida dirigiu-se a uma pilha de folhas no canto da sala e pôs-se a procurar.
-0087, você não deve conhecer, esse é Mário Dellere um dos assistentes do agente responsável pela Abin - falou o General fazendo o gesto apontando para o rapaz de casaco.
-Prazer, rapaz - falou Mário, um sujeito de uns 38 anos, de cabelo negro, óculos só com lentes, barba fechada e físico em boa aparência e com um sotaque levemente italiano.
-O prazer é meu - comprimentou Luciovaldo novamente.
Nesse momento o Coronel Almeida chegava a mesa con uma pasta parecida com a de um processo judicial, tirou um email impresso me deu.
"Agente 220,campo. Relatório comprometido. Perseguição. Perigo. Mercadorias. Porto. Perigo imediato. Armados. Culpa: Cen..."
Deixou o papel na mesa com mais dúvidas que conclusões. Para Luciovaldo eram palavras soltas que denotavam uma mensagem que não poderia ser ditas de forma clara.
Mário retira o casaco e deixa sobre a mesa. Apoia os quadris na mesma quase que sentando.
-Agente, esse email foi enviado a 3 dias do computador portátil do agente 220. Acreditamos que está havendo sabotagens nas nossas mercadorias, e ela não vem de qualquer traficantizinho de fronteira, as cifras que estamos perdendo denotam algo de inteligência militar de outro país. Estamos a falar de guerra, de questão de soberania militar -visivelmente os termos deixaram o assistente desconfortável, ele desencostou-se da mesa foi até atrás da mesa onde devido a lâmpada falha seu rosto ficava na luz e na penumbra alternadamente - pensamos que o culpado seja o inimigo público da Abin de codinome Confesse I, um representante do governo russo aqui no Brasil. Precisamos de alguém como você para descobrir quem é o Confesse I e saber se ele está envolvido com esse caso.
Luciovaldo hesitou... Por que ele? Ele era novato e ainda não tinha muito tempo de campo.
-Senhor, não gostaria de desafia-lo, mas... Porque eu?- hesitou Luciovaldo.
Almeida passou os olhos e mais alguns papéis e os jogou em cima da mesa rompendo o silêncio daquela sala.
- Você sabe que quando estou em ação é que as coisas não estão muito boas. Descendo de uma ala do Exército que cuida de operações de guerra desde a Guerra do Paraguai - apontou para as fotos - mas, agora pela primeira vez não sei quem está do nosso lado.
Luciovaldo tomou as fotos na mão e por pouco não acreditaria no que os seus olhos testemunhavam: Falcão 1, diretor-presidente da Abin estava numa foto ao lado do embaixador russo em um restaurante reservado de Brasília.
- Mas como assim...- disse estupefato.
- Por dias passamos triando nomes da agência que fossem minimamente confiáveis a serviço do Ministro - disse Mário apoiando as suas mãos na mesa - dentre os vários agentes que temos em campo o que achamos mais confiável foi você.
- Não estamos dizendo que o Falcão está envolvido - disse o General de braços cruzados - mas não podemos confiar, esse maldito contrabando - deu um murro na mesa - pode gerar uma guerra com a Rússia e com eles - apontou para o senhores na sala - todos aqui sabem que não temos chance.
O silêncio seprucal gritou aos ouvidos de quem estava na sala durante alguns segundos. Luciovaldo o quebrou largando as fotos na mesa.
Almeida deu dois passos em direção a Luciovaldo segurou em seus braços, deu dois tapinhas na cara dele, e disse algo que ninguém esperava:
-Não esperava estar na sua pele, rapaz - deu um leve sorriso e se afastou.
Mário lançou uma passagem para a Bahia em cima das cartas.
- Essa é sua passagem para Salvador de lá você segue de carro para... - Mário foi interrompido pelo som de um estrondo.
-Que merda é essa - disse Almeida.
Ouviu-se tiros.
Mário sacou a pistola assim como Luciovaldo.
- Vá para os fundos e protegam o General - disse Mário que saiu em disparada para os fundos da sala sumindo na escuridão.
- 87 vá com Mario, eu protego o General. - Disse o Coronel Almeida abaixando o General.
- Sim, senhor - disse Lucio seguiu para escuridão. O cheiro de morte estava no ar e de quem seria? Pra onde iria na Bahia? Naquela escuridão havia muito mais dúvidas que certeza. Mas uma verdade ele guardava: a Guerra declarada não começou, mas nos porões o sangue já rolava...

E ai? O que será que vai acontecer com Luciovaldo? Quem será o Confesse 1? Quem serão seus aliados? Curioso pra saber? Então digita ai nos comentários o que está achando da história o que deve mudar, além de elogios se merecidos. :).
A lembrar que depois dessa maratona inicial o próximo capítulo será postado no final da semana. :D

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2016 ⏰

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