Investimentos

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Vinte horas em ponto toquei a campainha da cobertura de um dos prédios mais luxuosos de São Paulo. Estava metido em um terno alugado por Martha. Sentia-me ridículo com a roupa cara. E furioso por ter sido obrigado a desmarcar com Flávia, no final das contas. E, claro, nervoso porque ia me encontrar com uma ruiva sensacional.

Ouvi o barulho da chave girando na fechadura e me preparei para dar de cara com algum mordomo sisudo. Mas para minha surpresa foi a própria Gabrielle quem apareceu.

Fez um gesto para que eu entrasse e trancou a porta às minhas costas. Meu apartamento todinho cabia naquela sala e ainda sobrava um bocado de espaço. A decoração era elegante, porém discreta. Poucos móveis, amplidão para se caminhar. A sala estava iluminada apenas por um conjunto de abajures espalhados pelo ambiente criando uma atmosfera aconchegante e tranquilizadora. Um piano suave tocava como fundo musical.

Gabrielle Rosenthal, minha anfitriã, passou raspando por meu corpo. Um perfume amadeirado acompanhou seu movimento. Apontou-me uma mesa em um canto à esquerda da sala e para lá me encaminhei. Posei o laptop e comecei a liga-lo.

- Esqueça isso, meu rapaz, não vamos precisar do computador.

- Preciso dele para lhe mostrar...

...

Perdi a fala. Esqueci o que estava dizendo. Pra ser honesto acho que naquele instante eu erraria meu próprio nome. Gabrielle estava estrategicamente parada na frente de um abajur. Trajava um vestido branco de um tecido tão fino que a luz, vinda por trás, revelava toda sua silhueta. Sua impecável silhueta. O tecido era apenas uma névoa dificultando levemente a visão. Suas curvas resplandeciam. Era possível observar até mesmo sua roupa íntima. Senti meu rosto corar e meu pau inchar. Gabrielle riu enquanto caminhava em minha direção. O salto alto de sua sandália fazia um toc toc toc ensurdecedor no piso de madeira. Ou era o sangue pulsando nas minhas têmporas que fazia esse barulho todo?

- Você foi pontual, parabéns. Vai ganhar um prêmio de incentivo.

Antes que eu esboçasse qualquer ação agarrou minha gravata e me puxou em sua direção. Colou seu corpo no meu, segurou minha cabeça pela nuca e forçou sua língua para dentro de minha boca. Mas não largou a gravata. Ao contrário, puxou-a para trás e para o alto de maneira que comecei a me sentir enforcado. Ao mesmo tempo sua outra mão segurava firme minha cabeça e mantinha meu rosto colado ao dela. Sua língua devassou minha boca do jeito que bem entendeu. Eu estava ficando sem ar e, inacreditavelmente, isso me deixava mais duro.

- Só está faltando mesmo a barba, disse afastando-se subitamente. Está proibido de fazê-la, entendeu?

Não consegui responder porque a louca me arrastava pela gravata e o nó apertava de um jeito que a saliva mal descia. Atravessamos a sala e ela abriu uma porta de vidro. Saímos para uma varanda que, sozinha, era praticamente do tamanho do meu quarto. Ela me jogou de costas contra a parede, colou seu corpo no meu, ficou na ponta dos pés e prendeu a gravata em alguma coisa que eu não conseguia ver. Tentei reclamar porque aquilo me sufocava, mas a voz não saiu. Minha provocante anfitriã deu uma risadinha maliciosa e mordeu meu lábio inferior. Com força. Senti o gosto de sangue. O que ela achava que estava fazendo, afinal?

Mas agora aquele portento estava com as mãos livres. Sugou meu lábio machucado enquanto tateava meu peito, as mãos descendo para um lugar bem definido. Um de seus dedos percorreu toda a extensão do meu pau, por cima da calça mesmo. Depois foi a palma da mão que começou a pressionar enquanto os dedos da outra mão procuravam minhas bolas. Não foi difícil de achar. Nada em mim estava difícil naquela altura. O tesão explodia pelos meus poros. Eu estava acontecendo ou aquilo acontecia de verdade?

Não me fiz de rogado e a enlacei nos braços agarrando sua bunda por trás. Mas eu não podia me mexer muito sob pena de apertar cada vez mais o nó da gravata. Então, mesmo estando com as mãos livres, eu estava sob o domínio dela.

A ruiva Gabrielle cansou da boca e fez a língua percorrer meu pescoço até a orelha. Mordeu e chupou meu lóbulo, depois enfiou a língua na concha acústica e ficou tamborilando por lá. No mesmo instante seus dedos começaram a apertar minhas bolas e a outra mão subiu pressionando todo meu corpo até chegar no colarinho de minha camisa. Foi aí que a coisa começou a ferver.

Desabotoou os dois primeiros botões enquanto apertava minhas bolas dentro dos panos como se quisesse transforma-las em suco. Então, quando eu menos esperava, soltou minhas partes íntimas e, com as duas mãos, arrancou minha camisa num gesto bruto. O som do pano rasgando causou agonia na parte mais sensível de meu corpo: o bolso! O grito de pânico saiu entalado pelo nó da maldita gravata. Ignorando tudo isso a ruivaça mordeu um dos meus mamilos sem dó nem piedade, e o novo grito tinha outra motivação.

A essa altura a gravata apertava de um jeito que parecia que eu ia engolir meu próprio pomo de adão. Fui obrigado a levar minhas mãos até a faixa de pano e tentar, de maneira bastante inepta, desatar o nó para respirar.

Gabrielle tava nem aí com minha agonia. Ao contrário, aproveitava a situação. Usou meu peito como playground enquanto as mãos arrancavam o cinto de minha calça. Mesmo atrapalhado com a gravata, senti meu amigo Linguiça (apelido de infância, qual o problema?) feliz porque ia sair da casinha. Só que não. Ao invés de arrancar minha calça a safada dobrou o cinto e bateu com toda força contra minha barriga. Ardeu. Marcou. E eu ali tentando abrir uma brecha pra respirar melhor. Só que a ruiva tinha outros planos. Sem dificuldade alguma puxou meus braços para trás e, com meu próprio cinto, amarrou-os em minhas costas. Sufocando com o nó, não ofereci qualquer resistência. A essa altura já me perguntava se eu sairia dali vivo. Quem era essa louca? Meu deus, isso é caso de polícia! Assédio. Sim, assédio total! Merda. Como é que eu ia provar isso? Ia precisar de exame de corpo delito. E Martha me mataria por manchar a reputação da melhor cliente do banco. Ou, ao contrário, ficaria preocupada comigo? Há males que vem pra bem. Será que assim ela vai me olhar com outros olhos?

Tenso... a coisa tava ficando brava. Tentava gritar e a voz não saia. Tentava respirar e o ar não vinha. Foi bem nessa hora que ela puxou minha calça com tudo pra baixo. Assim o Linguiça – pelo menos ele! – conseguiu respirar.

O GerenteOnde histórias criam vida. Descubra agora