Melinda
Quando entrei na loja senti o cheiro de incensos florais queimando. Olhei envolta e sorri. Tudo igual! A fachada da loja tinha sido reformada mas o nome continua lá do mesmo jeito. Uma mulher morena com olhos castanhos brilhantes apareceu na minha frente. Por alguns minutos ela apenas ficou me olhando sem dizer nada.
Kristine Adans estava linda como sempre com seu corpo esbelto apesar de pequeno, os longos cabelos pretos foram cortados num corte curto e moderno. O tempo tinha sido generoso com ela pois ainda continuava jovial enquanto sorria. Sempre foi sua amiga principalmente nas horas mais difíceis.
_ Mel? - ela me perguntou ainda indecisa sorrindo.
_ Quem mais viria te visitar. - sorri para ela e nos abraçamos felizes - Saudade de você Kris.
_ Eu também. - ela me afastou e me olhou ainda sorrindo - Você continua a mesma. Não mudou nada. Você esta linda Mel!
_ Obrigada. Você também esta linda! Como anda as coisas? - me sentei numa banqueta que ela me indicou - Sua mãe como esta?
_ Mamãe morreu a dois anos de câncer. - respondeu ela enchendo duas xícaras de chá. Kris era apaixonada por chá.
_ Desculpe eu não sabia. - aceitei a xícara cheirando o chá.
_ Tudo bem. - sorriu se sentando em outra banqueta - Fora isto me casei tive um filho que esta com cinco aos de idade. Me divorciei a três anos e estou tomado conta da loja de mamãe. Nada de mais. - resumiu a vida dela num sorriso triste. Era claro que tinha mais coisas que ela não queria compartilhar. E não era ela que iria preciona-lá a isto - E você como esta? Ouvi as fofocas que tinha voltado, mas não acreditei.
_ Nem eu acredito que estou aqui. - sorri para ela provando o chá - Recebi uma carta de Bel dizendo o que estava acontecendo e vim ajudar. Não cheguei antes porque estava num congresso da empresa que trabalho em Tóquio. - revelei e ela arregalou os olhos surpresa - A louca aqui se tornou uma pessoa responsável!
_ Sempre soube que você iria longe. - ela sorriu feliz agora - Mas se casou? Teve filhos?
_ Sou viuva sem filhos. - contei a ela sobre o acidente.
_ Nunca mais se casou?
_ Não. - balancei os ombros displicente - Tenho muitas responsabilidades. - justifiquei.
_ Entendo. - pegou as xícaras e levou para a cozinha - Mas me diga em que posso ajuda-lá? Você não veio só aqui para compartilhar nossas mazelas ou lembrar de nossa infância e adolescência.
Sempre gostou deste lado pratico de Kris. Ela não perdia tempo com lamúrias e rodeios. Também não era dada a fofocas o que sempre me deixou tranquila para conversar com ela sobre qualquer coisa.
_ Vou reerguer a fazenda. Deixa-lá produtiva de novo. Para isto tenho que reforma-lá e contratar mão de obra. - expliquei.
_ Vai gastar uma fortuna para reforma-lá. - avaliou ela me olhando com interesse.
_ Posso bancar, não se preocupe. Já chamei um pessoal para me ajudar, mas agora preciso de roupa de cama e banho. Também queria saber se você pode me indicar mão de obra para trabalhar lá?
_ Quanto a roupa de cama e banho posso atende-lá sem problema. - fez um gesto para sua loja sorrindo - Quanto a mão de obra não vai ser fácil. Muita gente esta temerosa de trabalhar na fazenda depois que seu pai sumiu.
_ Vou ter que contratar pessoas de fora então? - levantei a sobrancelha intrigada.
_ A maioria sim. - concordou ela - Mas vou ver o que posso fazer. Enquanto isto vamos escolher o que você vai precisar.
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Regresso
ChickLitMelinda Thompson Petrovich olhava a carta de sua irmã e respirava fundo. Seu pai tinha sumido ou morto ninguém sabia. A fazenda que eles moravam estava prestes a ir a leilão. Estavam na mais absoluta miséria! Lembrou com amargura do dia que seu pai...