Albuns de antigamente, fotos hoje em dia

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Existem os álbuns também, guardiões de memórias. Onde nele podemos guardar todas nossas lembranças capturadas. São álbuns desordenados. Como são as vidas. Essa é, em parte, a diferença entre a vida e a literatura, onde os personagens, por mais irreverentes, têm todas as saídas e as entradas em cena calculadas, fazem todos um sentido na trama. Na vida, não. Rostos somem e outros aparecem, e outros que sumiram reaparecem mais tarde, e outros nunca mais. E poucas vezes esse entra e sai faz algum sentido, porque na vida tudo são caos e descaminho, tudo são encontro e desconcerto.

A existência, toda e qualquer, é uma mera alternância entre a vida e a morte, entre crianças e velhos. Uma sucessão de nascimentos e enterros, os enterros para lembrar a finitude, e os nascimentos para garantir que a natureza se refaz. Onde o tempo obedece não à linha reta da aspiração humana, mas ao circulo de uma sabedoria mais antiga. Um álbum em círculos povoando a linha de uma, de várias vidas entrecruzadas. Casamentos, colheitas, batizados, copos-de-leite, enterros, gaitas, crismas, bicicletas, saudades, veraneios, colares, folhas caindo, um sorriso congelado, devaneios... Detalhes corriqueiros. Tão pouco, tudo.

Hoje em dia as fotos significam mais como concorrência de quem sai melhor, concorrência de caretas, do melhor efeito, sorrisos moldurados a sentença de um feito qualquer. São raros os que fazem diferentes.


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Um Diário De Minhas Crônicas 2Where stories live. Discover now