Uma noite em Olinda

35 4 1
                                    

Noite de sábado, eu e mais três amigos animados para mergulhar em mais uma noite por aí, achando e se encontrando, sabendo dosar a alegria e aventura, misturando-se na onda que é ser jovem e apenas querer viver, desmedidos e desnudos de medo, sem pensar muito no depois, sabendo que nossa vida é composta no "agora".

E assim fomos, depois de esperar a minha amiga, fomos encontrar com os nossos amigos na estação de metrô, 22 horas. Encontramo-nos, e sem saber direito para onde irmos, tínhamos palpites, e então decidimos passar o resto da noite na cidade de Olinda, e o restinho da madrugada em segurança no Recife Antigo, para depois ir pra casa cedinho.

Os prédios e casas são meio tortos, derretem, formando uma arquitetura peculiar, como se a cidade se mexesse. Dadaísta. Uma arquitetura extraordinária, antiga e nostálgica, ficamos por ali na Praça do Carmo. Que cidade linda! Olinda nos recepcionou com muita festa em cada esquina, barzinhos todos abertos, cada um tocando um estilho musical em livre escolha, tinha o pessoal de cada grupo em cada local. E incrivelmente as coisas funcionavam lá, tinha uma viatura a cada esquina, e aquela sensação de estarmos protegidos. Encontramos com mais um amigo de lá, conhecido de meus amigos, "o nosso guia", por estarmos completamente perdidos. Noite libertária e suada.

Nos adentramos pelas ruas, tiramos fotos nos lugares interessantes, fomos numa festa local, num clube apertadinho, e tinha uma balada tocando com musicas diversas e nos permitimos a dançar tudo que viesse, eu totalmente fora do ritmo, todo mundo sorrindo, dançando loucamente como se o mundo fosse acabar depois desse dia, felizes, cada um sendo você mesmo, muito engraçado. Fazíamos amizades fáceis, todos eram simpáticos, todo mundo com o mesmo objetivo, de apenas curtir, sem se importar com as coisas alheias. Depois de um tempo, o lugar começou a fechar e esvaziar, aí fomos para outro lugar. E nesse barzinho estava fazendo uns sons de instrumentos bem suave, sentamos lá, tomamos algumas coisas, e logo a galera local que estava nessa festa começaram a se dissipar. Já era umas três horas da manhã.

E como planejado, fomos indo terminar essa noite no Recife Antigo, todos já chapados, mas a animação no máximo. Fazemos cotinha, pegamos um taxi, Era uma mulher que dirigia, simpática, de poucas palavras e totalmente cansada, um amigo pediu pra colocar um som, e assim ela fez. Forró, maravilha. Chegando lá, fomos ao nosso bar favorito do Marco zero, o Zero Um, lá o lugar é confortável, amigável e favorável. Pedimos mais cerveja. Tocava legião urbana lá, incrível! Fomos pular e se jogar ao som de "Sera", tinha um grupo de amigos descontraídos lá comemorando a vida, cantando alto, e por mais piegas que for, nos jogamos e dançamos loucamente sem nos importar. Depois sentamos, eu e Eluize começamos cantar bem alto Dê um Rolê de Pitty, musica proporcional para aquele momento, aquela noite e aquelas pessoas:

"E eu só estou beijando o rosto de quem dar valor, pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis - Eu sou, eu sou, eu sou amor, da cabeça aos pés".

- Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa. Enquanto eles se batem, dê um rolê...

Ondas vindo, rápidas, e a gente, surfista inexperientes, porém ávidos, tentando dropar todas elas...

E assim, amanheceu e fomos para casa.

Esse encontro com essas pessoas, maravilhosas, em Olinda foi simplesmente incrível. E o principal encontrar-me comigo mesmo, depois de algumas garrafas de cerveja, visitando um lugar de mim no qual eu nunca mais havia estado.

Encontrar amigos, tomar algo para afastar um pouco as amarguras e um resto de timidez que tínhamos, falar sobre coisas importantes, coisas bobas, coisas todas. E deixar aquela noite dizer tudo aquilo que a gente nunca diz, porque nem sabe como. Saímos de lá com a sensação de plenitude que tem sido tão rara ultimamente. Por aí é muito dessas amenidades totalmente incolores. Ali, era só encontro de almas, de jovens, gente de todo tipo, encontros de vida, de arte.

 Ali, era só encontro de almas, de jovens, gente de todo tipo, encontros de vida, de arte

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Um Diário De Minhas Crônicas 2Where stories live. Discover now