[04]

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| J a c k |


Liguei para meu pai ontem para dizer-lhe que Milla Parker elouqueceu e estava a exigir que eu fizesse algo durante o restante do ano com a Emma James. Logo a Emma James.

Eu nunca vira alguém tão mau-humorada, irritante e abusada quanto ela. Só de olha-la, sinto meus olhos se revirarem automaticamente. É um ato incontrolável. Emma é tão hata, que só consegue me fazer sentir pena dela por não ter ninguém além da Anna.
Eu realmente não consigo compreender como Anna James, sua irmã gêmea, consegue ser tão diferente quando são semelhantes em demasia. Anna é facilmente melhor que Emma em todos os aspector existentes. Todos os garotos que passaram por essa inferno já tiveram uma quedinha por Anna James. Até mesmo eu, no sexto ano. Nós ficamos em uma festa no primeiro ano, antes dela começar a namorar o Dan, capitão do time de futebol. Ela é bem legal, diferente da irmã infeliz. E as pessoas não gostam de Emma James não só por conta da sua aparência - O que as pessoas falam mal, mas é uma coisa realmente idiota. -, mas principalmente pela sua personalidade impossível de lidar.

A diretora Alice md chamou para esperar meu responsável na area da secretária, pois o mesmo queria falar comigo.
Vejo uma mulher alta e com um corpo escultural. Ela deve ser a mãe das gêmeas mesmo que nenhuma das duas se pareçam com a mulher. Ela é magra, alta, usa saltos pretos e um vestido de um rosa, com um decote que quase faz seus grandes seios pularem para fora. Todo o seu corpo é proporcional e tudo é grande. Ela abre um sorriso estranhamente malicioso para mim e adentra à sala sem bater na porta.

- Ei, Jack... - Ouço uma voz me chamando.

Viro-me para a entrada e vejo Bruce, o melhor amigo do meu pai e seu secretário, vindo até mim com um sorriso branco e gentil.
Ele é um cara bem legal e inteligente. Tem a pele negra, o cabero ralo e é mais alto que eu. O cara é o secretário, mas acaba por fazer mais que o meu pai, que é o próprio presidente. Ele realmente faz tudo que meu pai não faz pelo país; nem sei como ele sequer foi eleito. O povo gosta de quem não os vai favorecer.

-Oi, Bruce. - Levanto-me e aperto sua mão. - O que faz aqui? - Pergunto, procurando meu pai por cima de seus ombros.

- Amigão, eu sinto muito... - Ele põe uma das maos em meu ombro e me olha com pena. - Ele não pôde vir por conta de uma reunião em pról da educação e me deixou responsável por vir resolver sua merda. - Bruce suspira. - Sinto muito mesmo, cara. - Ele me abraça, mas não prolongo muito isso.

- Ele mandou algum recado, ao menos? - Questiono com certa esperança que não deveria existir.

Bruce hesita por alguns instantes e responde:

- Ele disse que te ama e que... que sente sua falta. - Ele gagueja.

É mentira.

- Ambos sabemos que ele não disse isso. - Digo com um pequeno sorriso.

- Bem, eu te amo e senti sua falta. - Ele abre um seu melhor sorriso enquanto balança a cabeça.

- Eu também senti sua falta. - Permaneço com meu pequeno sorriso e volto a me sentar em meu lugar. - Eu volto já.

Bruce se afasta e caminha até a porta da sala, batendo em seguida.
Bruce, em toda a minha vida, sempre foi mais meu pai que Tom Hayes. Bruce nunca se casou ou teve filhos e a sua única paixão é a minha madrasta, Julie. Eu soube depois de muito tempo de investigação, que eles eram apaixonados na infância, mas que não se encontraram. A Julie gosta do meu pai e é certamente fiel a ele, mas nada supera a forma como ela olha para o Bruce. Ainda acho que está com meu pai por pena ou pelas circunstâncias, mas não por querer. Ela nem gosta de ser a Primeira Dama.

Eu não vejo meu pai há mais de seis meses. Eu possuía um fio de esperança de que ele viesse hoje para resolver toda essa merda, desse-me um abraço e dissesse que sentia minha falta depois de todo esse tempo longe enquanto comandava o país. Faz noção de quanto é difícil tirar notas boas nessa merda de colégio difícil? E eu venho me esforçado para tirar as melhores notas e não incendiar este hospício de esnobes bastardos. Mas sabe qual é a única coisa que eu quero? A única coisa que eu nunca ouvia? Eu só queria que ele me dissesse que sente a droga de orgulho de mim por tentar, ou ao menos um pouco de reconhecimento pelo meu esforço em demasia. Mas é aí eu percebo que não sou total motivo de orgulho. Nem estou perto de ser... para ninguém. Quando vejo Tom, ou ele está no telefone, ou está no computador ou está conversando com alguma pessoa importante.

Eu queria muito ir para casa no natal. Ver a Julie, minha "irmã", Angie, Bruce, a governanta que me criou, a Diane, e ver... meu pai. Mas ele disse que não estaria em casa e disse que seria melhor que eu não fosse; estar na escola era mais vantajoso. E então, permitiu minha saída, mesmo que eu tenha saída livre, para comer em qualquer lugar. É tão cansativo sempre tentar buscar a atenção de alguém que você ama, e a pessoa simplesmente estar pouco se fodedo para você.

Eu nunca recebi isso de afeto. Amor, carinho. Meu Deus, pareço um idiota carente falando, mas essa porra me afeta. Eu só... não faço ideia do que sejam essas coisas e nem o que elas fazem com alguém depois de dezessete anos sem nada disso. Talvez elas simplesmente me façam ser isso... ser eu. E eu, definitivamente, odeio ser quem eu sou.

Quando minha mãe morreu, eu não fazia ideia de absolutamente nada, mas bem, enquanto eu fui crescendo e vendo suas fotos pela casa, isso fazia chorar como uma criança porque ela tinha ido. Ela tinha olhos verdes como os meus e o seu cabelo ondulado e preto até um pouco depois dos ombros. Sempre carregava um sorriso aberto e era gentil com todos, assim como Julie é. As características físicas de ambas são diferentes, mas pelo o que me disseram e pelo pouco que eu consigo lembrar, a personalidade é parecida.

Já faz quase trinta minutos que estou esperando que aquela merda de reunião chegasse ao seu fim. Havia um tanto de esperança em mim de que Bruce teria um pingo de bom senso em seu corpo que o fizesse proibir essa idiotice tamanha vinda de Mila. Ela está totalmente fora da porra da sua mente com essa ideia insana.

Quando vejo ele a mulher saindo da sala, um conversando com o outro, tento não ficar ansioso com o que ocorreu. A mulher aperta sua mão e sai rebolando pelo corredor. Sigo-a com o olhar. Que pelo corpo.

- E então? - Pergunto ao Bruce, esfregando ambas as mãos, ansioso, assim que me levanto.

- Suas 'aulas' começam na quinta. - Ele abre um sorriso sarcastico e sai andando pelo corredor, deixando-me parado com cara de idiota.

- O quê? Não! Não vou passar uma hora, ou sei lá quanto tempo perto daquela garota. - Grito enquanto balanço minhas mãos no ar ao correr para estar à sua altura no corredor.

- Sim, você vai. - Ele diz seriamente, parando. - Você infernizou a vida daquela menina por anos sem que ela tenha feito nada para você. Agora, Jack, arque com as consequências dos seus ridículos e vergonhosos atos. - Ele volta a caminhar, bufando.

- Ah, cara, por favor. Tenha um pouco de bom senso. - Dou um tapinha em seu ombro e solto uma risada.

- É o que eu mais estou tendo, já você... - Ele suspira, claramente decepcionado.

Isso não me surpreende.

- Volto aqui em breve para ver seu progresso. Nunca imaginei que pudesse fazer isso com alguém que nunca te fez nada, Jackson. - Bruce murmura chateado. - Não me decepcione mais, Jack. Por favor. - Ele implora com o olhar sobre mim.

Não fode, Bruce.

The Hate Lessons | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora