The Hate Lessons | Livro I

[08]

— Acho que já te mostrei tudo. — Dou os ombros. — Agora, vá com Deus para o seu quarto que eu estou morta de fome novamente.
 
— Saímos do refeitório há menos que trinta minutos. — Cameron solta uma risada.
 
— Exatamente. São trinta minutos sem mais comida em meu estômago. — Explico, articulando com as mãos.
 
— Poderia meio que me levar ao meu quarto? Eu geralmente vou com meu parceiro, mas eu só o vi duas vezes hoje, e outros garotos me indicaram. —  Ele diz com um sorriso torto e envergonhado.
  
— Sério? — Resmungo.
 
— Seríssimo. — Cameron semicerra os olhos.
 
— Ok... — Suspiro em rendição.
 
O quarto dele é o último do corredor, onde quase não há ninguém. Ele parece saber onde está assim que entramos em um dos corredores compridos dentre os outros vários dentro deste inferno.

Odeio isso aqui. Quero dizer, a parte dos garotos. Sempre há um cheiro ruim, de suor com roupa suja e chulé. Garotos andam sem camisa ou apenas de toalha para todo o lado, e há sempre gritaria e brincadeiras no corredor, como bolas de futebol americano voando pelo ar ou de tênis aleatórios. E sempre há um burburinho quando garotas vem aqui, como se eles jamais tivessem visto uma em suas vidas. Talvez, por agora, os garotos estarem treinando seja lá o que for, já que não estão fazendo sua habitual bagunça.
 
— Muito obrigado, srta. James. — Ele imita a voz de um de nossos professores, o de biologia.
 
— De nada. — Dou um pequeno sorriso e assinto. — Bem, até mais e tente não se perder. — Digo assim que ele abre a porta para entrar em seu quarto.

Olho para trás, vendo Cameron entrar, e sinto meu corpo ser jogado para trás por alguém que esbarra em mim.
 
— Desculpa, cara... — Hayes diz. — Poderia olhar por onde anda? Me deve desculpas. — Ele diz, olhando de relance para o telefone.
 
— Você quem estava distraído e esbarrou em mim. Você quem me deve desculpas. — Resmungo, bufando.
 
Ele está apenas com a toalha amarrada um pouco abaixo da cintura e seu físico exposto. Babaca, idiote, forte... e gostoso. É, a Sofia não estava errado. Mas isso não cobre o fato dele ser babaca. O seu exterior de merda não vale o interior de mais merda ainda.
 
— O que ela fazia aqui? — Hayes diz assim que passa por mim e empurra a porta do seu quarto.
 
— Ela estava me guiando pelo colégio, mostrando-me tudo novamente, para que eu grave tudo. — Cameron parece dizer simplesmente e Hayes fecha a porta atrás de si.
 
— Não quero a James aqui. Não sou fã dela. — Ele usa um tom autoritário.
 
É mútuo.
 
— Não se preocupe, ela também não é sua fã. — Cameron diz sinceramente.
 
— O que ela disse de mim? — Jack pergunta abusando de um tom repleto de curiosidade estranha.
 
— Nada de que você não saiba. Ou, pergunte a ela. Sei que não são melhores amigos.
 
— Ninguém aqui é amigo dela. — Aposto que Hayes está revirando os olhos.
 
— Eu sou.— Ele diz, e parece sincero.
 
Sorrio.
 
— Porque não a conhece.
 
— Por que não gosta dela? — Cameron interrompe.

Esse é o questionamento capaz de desmontar a pose de Jackson Hayes. Ele basicamente não me suporta porque não vai com a minha cara. Basta para ele.
 
— Ei, calma aí. Você diz isso como se eu fosse o maior monstro do mundo. Ninguém aqui gosta dela, a não ser a Anna, sua irmã. Mas ela é tão ingênua e doce. E, por isso, todos gostam dela. Mas a Emma só é arrogante, grossa e sarcástica. Ela não tem nada de interessante, diferente ou especial. Vai perceber isso com o tempo. — Ele termina e depois sua voz se torna abafada, então eu saio dali.
 
Meus rosto não deveria estar molhado. Não enquanto repetia para mim mesma que a opinião de um bastardo de bosta, para mim, não importava. Eu sei que as pessoas realmente dizem coisas assim de mim, mas eu nunca as escutei; não por completo. Ouvir a real opinião de Jack me doeu, mesmo que ele já tenha dito tudo isso bem na minha cara. Eu sei que estou um pouco errada por ter ouvido atrás da porta. Eu deveria ter ido embora assim que ele esbarrou em mim. Eu deveria ter cuspido nele ou ter posto em prática as aulas de artes marciais e dar-lhe um soco na cara. Ou poderia ter sido mais direta e ter dado-lhe um chute entre as pernas. Não doeria tanto quanto ouvir as palavras cruéis e frias vindas desse babaca. É cansativo.