Capítulo 02

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- O que quer que seja, não fui eu. - comecei a me defender. - Talvez tenha sido o Bruno, a gente anda junto mesmo, mas eu não fiz nada.

- Senhor Martin, do que está falando? - perguntou a militona (é assim que a gente chama a diretora).

- É que... bem, eu nunca fui chamado aqui e...

- Pelo menos na primeira vez foi pra uma coisa boa, né, filho? - disse meu pai.

A militona tirou um papel de dentro de uma pasta e me entregou.

- O que é isso? - perguntei.

- É um certificado de melhor aluno do ano. Senhor Martin, o seu boletim é o melhor de todo o ensino médio.

Sentiram a nerdice da pessoa, né?

- Parabéns, filho. Ai, cuti cuti da mamãe! - minha mãe começou a me beijar e apertar minhas bochechas.

- Mãe, olha o mico!

Nem bem terminei de falar e senti uma mão batendo nas minhas costas. Doeu!

- Parabéns, filhão! - era o meu pai e seu jeito nada amigável de cumprimentar as pessoas.

- Se você quer continuar feliz, tente poupar a vida do seu filho.

*

Meus pais bem que podiam levar a gente de carro pra casa, no ar condicionado, cheirinho bom do aromatizante de menta... MAS NÃO! Eles logo foram embora e eu e minha irmã fomos obrigados a voltar na van do dimonho.

Quando entrei, tinha uma passageira velha, gorda e pelancuda esticada nos bancos dormindo feito uma pedra. Aliás, como uma porca, porque roncava que era uma beleza.

O problema é que aquela senhora tava usando uma saia com uma parte transparente... e sem calcinha. Agora usem a imaginação aí em casa pra saber no que resultou isso.

Resolvi nem mexer com aquela entidade e fui pro último banco. Peguei o celular, pus o fone de ouvido e coloquei qualquer música pra não ouvir o som das roncadas da véia. Pelo menos amanhã é o último dia de aula e não vou ter que aguentar esse tipo de coisa por um mês.

*

Quando cheguei na minha cidade, disse para minha irmã ir a pé pra casa enquanto eu ia dar uma volta. Bem, eu sempre faço isso em semana de prova, porque eu chego mais cedo e posso dar uma olhada em tudo o que acontece antes do meio dia.

Andando por aí, parei em frente a uma loja de produtos eletrônicos, e foi aí que vi... o monumento... o sonho de qualquer um... o desejo insaciável...

Leitores ingênuos: A Zoe tava lá?

Não, amigos. Dessa vez, o que me chamou a atenção foi um videogame super fantástico, com quatro controles, sensor de movimento, dez games inclusos e tudo mais. E eu nem fiquei impressionado por ele ter tantas funções, mas sim por estar na minha cidade. Sério, as coisas daqui são tão antigas que até o arco-íris é em preto e branco.

A mulher da loja me viu babando na vitrine e veio até mim.

- Oi, posso ajudar? Quer comprar esse videogame aí? Custa só cinco mil reais!

cinco mil reais. Se eu tivesse cinco mil reais, nem estaria ali sendo trouxa babando por videogame.

- Não, não. Eu só tô dando uma olhada mesmo - respondi.

É sempre a mesma desculpa do pobre de estar dando uma olhada, né?

Resolvi ir logo pra casa antes de assaltar um banco pra comprar o videogame. Chegando lá, fui direto pro meu quarto, liguei o computador e entrei no Facebook. Tudo era o mesmo de sempre.

Vídeo chato, foto feia, foto com filtro de cachorro, vídeo de autoajuda, eu numa foto, link pra vídeo de uma mulher peidan... peraí!

Rolei a página um pouco mais pra cima.

O QUE A MINHA FOTO ESTÁ FAZENDO NESSE POST???

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⏰ Última atualização: Aug 16, 2016 ⏰

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