★13-Vomit★

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-Sim... Pelo menos até ao final desta semana...- ele suspirou e segurou a minha mão.
-Eu não sou muito boa em contar o que sinto às pessoas...- comentei- Por isso posso simplesmente vomitar tudo?
-Vomita tudo o que precisares... Estarei aqui...- ele disse apertando ainda mais a minha mão.
-Para começar, eu sou órfã como já sabes...- respirei fundo e encostei-me à parede atrás de mim- Tive de aprender a fazer tudo sozinha, o que nem sempre foi fácil porque o orfanato não era dos melhores... Deves perguntar-te porque não fiquei com outros familiares ou algo do gênero, pois bem, os meus avós de ambas as partes já morreram antes que eu os pudesse conhecer. Digamos que os meus pais só pensaram em ter uma filha quando toda a vida estivesse estabilizada.
  -Então isso significa que ficaste mesmo sozinha?- ele perguntou um tanto preocupado.
  -Sim...-forcei um sorriso e ajeitei o cabelo atrás da orelha antes de continuar- Mas esse nunca foi o maior dos problemas...- ele olhou-me confuso e eu respirei fundo- O pesadelo... Isso sim é mau...
  -O pesadelo?- ele perguntou e eu acenti.
  -É Heonie, todas as noites, à mesma hora, tenho o mesmo pesadelo...- senti os meus olhos queimares devido à água que estavam a acumular, mas eu não podia passar a minha vida a chorar- Estou sempre num lugar muito escuro e a única opção que tenho é entrar numa casa abandonada... Quando entro, na sala está o corpo do meu pai com um tiro nas costas... Depois oiço sempre um estrondo no andar de cima e quando subo entro num quarto e está lá a minha mãe com um tiro na testa...- não aguentei e comecei a chorar, falar nisto tudo deixa-me demasiado sensível- É por isso que eu acordo sempre no início da noite ou fico a remexer-me muito na cama...- ele tentava limpar as minhas lágrimas mas cada vez caiam mais.
-É normal que fiques com medo de tudo isso...- ele tentou reconfortar-me apertando a minha mão e fazendo carícias nas costas da mesma com o polegar- Mas eu protejo-te...
-Sim... Até esta semana acabar...- respondi baixando o meu olhar para o chão tentando controlar o choro.
-Porquê dizes sempre isso?
-Porque sei que isto tudo tem os dias contados... Porque no final o que vão restar são apenas as memórias e...
-E as memórias não valerão a pena se tu aproveitares?- ele perguntou interrompendo-me.
-Sim, talvez tenhas razão...-suspirei pesadamente e sussurrei- Agora já vomitei tudo...
  -Estás melhor?- Jooheon perguntou segurando meu queixo e deixando os nossos olhos ao mesmo nível.
  Nesse momento uma pequena e solitária lágrima rolou pela minha bochecha. O mais velho apressou-se a seca-la enquanto expunha um pequeno sorriso nos lábios. O mesmo deixou a sua mão repousada na minha face e com o polegar acariciava a minha bochecha. Tal gesto fazia as minhas bochechas tomarem uma tonalidade rosada e ele ao reparar nisso sorriu docemente.
-Sabes o que é pior que o meu pesadelo?- eu perguntei com serenidade na voz.
-O que Jiji?- sorri pequeno ao ouvi-lo tratar-me daquela maneira mais uma vez.
-É não saber o que realmente aconteceu... O que eu ouvi enquanto crescia era que tínhamos sido assaltados, mas não faz sentido eu ter ficado viva se mataram os meus pais...- ele abraçou-me apertado- Eu gostava de um dia saber quem fez aquilo e o porquê...
-Tu vais conseguir saber tudo, eu acredito que sim...- ele sussurrou ao meu ouvido.
Ali ficámos por uns minutos, apenas em silêncio apreciando a companhia um do outro. No entanto, tudo o que é bom dura pouco... Voltámos para baixo como se nada tivesse acontecido, como se eu estivesse um pouco longe de casa e ele tivesse que me trazer e isso demorasse tempo. O almoço correu muito bem, comi imenso com eles e ri como se o mundo fosse acabar. No final, arrumei tudo com o Kihyun e depois fomos para a sala. Estava uma confusão dos infernos porque ninguém concordava com o lugar que deveríamos ir em seguida.
-JÁ SEI!- o Kyun gritou fazendo os outros se calarem e darem-lhe a atenção total.- Vamos ficar aqui...-todos começaram a resmungar- Mas é para tentar descobrir quem é o bias da Ji!
Todos se viraram para mim num milésimo de segundo, como se os planos todos dependessem de mim. Apenas acenei que sim com a cabeça. Esse pequeno gesto foi o suficiente para haver uma enorme festa na sala. Quando se acalmaram ficaram todos sentados em circulo no chão com canetas e papéis na mão para fazerem os esquemas todos que precisavam.
  -Ji, numa escala de zero a dez em que zero representa "só durmo quando tem de ser" e dez  representa "Sou pior que o Hyungwon", o quanto gostas de dormir?- Minhyuk perguntou.
  -Dez Minhyukie...- respondi e percebi que ia começar todo um interrogatório que possuía mais perguntas que os do FBI.
Respondi a mais cinco ou seis perguntas, cada vez que eu abria a boca eles começavam a apontar quase tudo o que eu dizia. Quando pararam de me questionar começaram a desenhar esquemas e a comunicar por gestos. Não percebia nada do que se passava à minha volta, mas eles estavam animados com aquilo e após uma hora eles finalmente decidiram comunicar comigo.
-Chegámos a um empate!- Kihyun levantou-se para anunciar.
-Então?- perguntei ainda confusa.
-Eu nunca poderia ser porque me tratas por eomma se preciso!- o rapaz continuou a tentar explicar- O Minhyuk hyung também não pode ser porque ele parece teu irmão na personalidade. Não te deixas encantar pelos abdominais do Wonho hyung, por tanto também não. -arregalei os olhos e ele sorriu- Sobre o Hyungwon não há muito a dizer porque apesar de vocês se darem bem ele não me parece fazer o teu estilo. Já o Swhonu hyung é um rapaz que chama à atenção das raparigas mas ainda ontem praticamente recusaste o beijo dele e deste-lhe a alcunha de appa...
  -Isso deixa-nos apenas com o Jooheon e o Kyun...- Minhyuk disse sorridente.
  -Não acham que deveríamos sair hoje para ir dar um passeio?- perguntei tentando desviar o assunto.
  -Isto quer dizer que é um deles!- Hyungwon falou mais alto e todos começaram a festejar.
-Sou eu!- Kyun disse levantando uma mão.
  -Como sabes disso?!- Shownu perguntou com um sorriso orgulhoso nos lábios.
  -Ele não sabe!- Jooheon disse sério.
  -Isso são ciúmes?- Minhyuk perguntou para picar o mais novo.
  -NÃO!- Jooheon gritou ao sair da sala rápidamente.
  -O que se passa com ele?- Wonho perguntou preocupado com o amigo.
  -Não sei...- respondi encolhendo os ombros.
-Então?- Hyungwon chamou a minha atenção- Qual dos dois é o teu bias?
-Eu não posso dizer! Assim perde a piada toda!- exclamei forçando um sorriso para todos- Onde está o Heonie?
-Deve estar no quarto.-Shownu disse indiferente.

Lee Jooheon

-Sou eu!- Kyun disse levantando uma mão como se soubesse tudo e com um sorriso vitorioso nos lábios.
  -Como sabes disso?!- Shownu perguntou contente pela descoberta.
  -Ele não sabe!- exclamei já ficando farto daquela conversa.
  -Isso são ciúmes?- Minhyuk perguntou apenas para me deixar mais enervado.
  -NÃO!- gritei antes de sair da sala.
Fui para o meu quarto, apenas queria deitar-me na cama para puder assimilar tudo aquilo. O que eu ouvi hoje da parte da Ji deixou-me um tanto chocado. Como ela conseguia estar tão bem para os outros por fora, quando por dentro tem uma grande confusão? Sempre desconfiei que ela fosse uma pessoa forte mas nunca imaginei que ela fosse assim tão forte. Deitei-me um pouco na minha cama, ainda podia ouvir os cochichos vindos da sala.
Se me incomoda o facto do Kyun ser tão próximo dela? Claro! Queria puder guardar aquela rapariga num potinho para a ter só e unicamente para mim. Se é estranho? Sim. Mas acho que ela é o tipo de pessoa que apenas vamos conhecer uma vez, por isso temos de a aproveitar e guardar pelo máximo de tempo possível.
Sentia-me inquieto, o meu coração bombeava o sangue a um ritmo alucinante, isso fazia com que a minha respiração ficasse cada vez mais acelerada e eu sentisse que estava capaz de deitar para fora todas as minhas entranhas. Em passos lentos dirigi-me à casa de banho, que por sorte estava vazia, e ajoelhei-me na frente da sanita.
  Tudo o que eu havia ingerido hoje estava a querer sair e numa questão de segundos eu despejava tudo aquilo para a sanita. Quanto mais eu o fazia, mais enojado me sentia e mais vontade me dava de o fazer. Fiquei ali até já não ter mais o que vomitar, limpei a boca com um pedaço de papel higiênico e puxei o autoclismo, voltando a me por de joelhos em seguida.
  Oiço três leves batidas na porta às quais respondi apenas com um "-Hum?". A pessoa do outro lado empurrou lentamente a porta e espreitou pela fresta que se havia formado. Vi os cabelos longos e negros da rapariga caírem pela sua face cobrindo quase metade da mesma. Os seus olhos expressavam a preocupação que sentia mas os seus lábios carnudos curvavam-se num pequeno sorriso.
  -Estás bem?- ela perguntou docemente.
  -Sim Jiji...- tentei sorrir- Estava só com uma indisposição.
  -Às vezes é bom vomitares sabes?- ela disse ao entar na casa de banho e fechar a porta atrás de si.
  -Não devias estar com os rapazes?- perguntei fingindo indiferença.
  -Eles já acertaram em quem é o meu bias...- a mais nova quase sussurrou as palavras.
  -Hum...- senti uma pequena pontada no meu coração, por mais que não quisesse admitir, ela estava a dar a volta à minha cabeça de uma maneira que eu nunca achei possível.
  -Queres que eu te diga quem é?- Ji perguntou de uma maneira tão inocente que chegou a parecer uma criança.
  Apenas acenei que sim com a cabeça e a rapariga sentou-se à minha frente com os joelhos ao peito. Um sorriso iluminava o seu rosto enquanto eu mantinha um semblante abatido. A mais nova respirou fundo e abriu a boca para finalmente acabar com o meu sofrimento.

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Oiii
Obrigada às leitoras que deixam o seu voto e comentário!! Obrigada pelos mais de 80 votos e mais de 300 vizualizações que apesar de para muitos ser um pequeno número para mim já é uma grande conquista!
Espero que gostem deste capítulo e que continuem a acompanhar a história que ainda está por vir.
Beijos
Da vossa Vi ♥︎

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