"Senti o vento frio e cortante bater no meu corpo fazendo-me arrepiar e abraçar os meus próprios braços. Eu usava uma camisa de noite branca até aos joelhos e de alças, estava descalçada e os meus cabelos soltos voando consoante o vento soprava. Apercebi-me de que estava num local quase deserto à exceção de uma casa que se encontrava um tanto longe, o suficiente para parecer que cabia na minha mão. Comecei a caminhar na direção da casa com o intuito de encontrar alguém para pedir ajuda para voltar para a minha própria casa, mas algo me dizia que isso estava prestes a acontecer.
O chão estava frio e húmido fazendo com que os meus pés ficassem sujos da terra que eu agora pisava. Tudo isto era similar a um cenário pós-apocalíptico, o escuro predominava no vazio que me rodeava e a única coisa visível era mesmo aquela casa. Apressei o passo em direção ao lugar que deveria ser minimamente abrigado e ao pisar o primeiro degrau de madeira do alpendre tive um mau pressentimento. Mesmo assim não parei de andar até passar pela porta e deparar-me com a cena mais chocante que eu havia visto até agora.
O corpo do meu pai, deitado de barriga para baixo no tapete da sala, havia uma enorme poça de sangue à sua volta e três marcas de balas nas suas costas. Senti as minhas pernas tremerem e perderem a força, fiquei de joelhos ao lado do corpo do homem que era o meu herói. Lagrimas pesadas escorriam pela minha face deixando um rasto de tristeza para trás. Levei as minhas mãos aos ombros dele tornando-o para mim, mas por mais que eu o acabasse ele não voltava a respirar e a única coisa presente no seu olhar era o vazio, a falta de vida.
Ouvi um estrondo no andar de cima e todo o meu corpo estremeceu, não sabia o que poderia ser e estava a morrer de medo, mas sou demasiado curiosa para deixar o assunto quieto. Ergui o mesmo a custo, deixando-me ficar em pé no centro do cômodo por uns breves segundos. Quando reuini forças suficientes para o esforço psicológico, caminhei em passos lentos até às escadas que me levariam à origem do barulho. Subi degrau a degrau, quase arrastando os pés para fazer o mínimo de madeiras rangerem.
Ao chegar ao cimo reparei que havia um liquido vermelho a sair por debaixo de uma das portas. Fui até à mesma e girei a maçaneta dando de caras com o corpo frágil da minha mãe que para além de ter uma expressão triste no olhar vazio, possuia agora um buraco exatamente no meio da testa. Uma sensação de pânico tomou conta da minha mente, abri a minha boca ao máximo exercendo uma força fora do normal para gritar, mas o som não saiu. Tentei gritar mais vezes mas nem um grunhido se fez ouvir então eu deixei o meu corpo cair pesadamente no chão e comecei a chorar de forma repetitiva.
Já me doía os pulmões e os soluços eram mais que muitos devido ao choro, até que eu senti uma mão delicada pousar nas minhas costas fazendo caricias. Levantei o rosto e vi a minha mãe sorrindo com ternura para mim. Fiquei confusa, eu tinha a certeza de que ela estava morta, mas não é possível ela começar a respirar como se nada fosse, como se já não tivesse um buraco na testa. A sua boca abriu para que ela falasse mas eu não consegui ouvir as suas palavras pois de repente já não me encontraa vá com ela no chão de um quarto, mas sim num vazio sem fim."Abri os olhos e suspirei de alivio, aquilo não tinha passado de um pesadelo, é incrível como eu ainda me surpreendo com o mesmo pesadelo todas as noites. Sentei-me na cama com a cabeça apoiada nas mãos e a imagem da minha mãe morta não me saía da cabeça, eu queria tanto saber o que ela tinha para me dizer. Olhei para as horas do meu telemóvel e o mesmo marcava 02:09, para além disso tinha uma mensagem da Yeon que decidi ler, talvez isso me acalmasse.
Unnie
Boa noite Sol!
Eu também estou bem e espero que esta noite não tenhas o mesmo pesadelo de sempre. Ainda não te tinha dito nada porque estava a trabalhar e sabes como a minha patroa odeia que eu mexa no telemóvel na hora do expediente.
Qualquer coisa sabes que podes ligar.
Saranghaeyo!
Enviada às 23:12 √√Sorri para o ecrã ainda aceso e sentei-me aliviada ao saber que pelo menos com ela está tudo bem. Saí do quarto sem fazer barulho para que ninguém acordasse e fui beber um copo de água na cozinha apenas com a iluminação da lanterna do meu telemóvel. Assim que o pousei na bancada senti uma mão na minha anca que me fez saltar de susto. Encarei a pessoa e na penumbra da casa identifiquei os olhos e lábios do Shownu.
-Desculpa se te assustei mas vi uma luz passar pela porta do quarto e pensei que pudesse ser um assaltante.- ele falou ao retirar a mão da minha anca e afastar um pouco o seu corpo do meu.
-Não há problema.- disse forçando um sorriso.
-Estás a ter dificuldade em adormecer?
-Não, na verdade tive um pesadelo mas já passou...- fui sincera com o mais velho pois sabia que o mesmo só me queria ajudar.
-Queres falar sobre isso?- ele perguntou com um tom de preocupação na voz.
-Só preciso de descansar...
Quando disse isso ele aproximar-se e envolveu o meu pequeno corpo nos seus braços fortes e masculinos. Eu já estava a fazer um esforço tremendo para não chorar mas aquele abraço acabou com tudo. O meu choro era silencioso mas ainda assim o mais velho apercebeu-se do mesmo e intensificou ainda mais o gesto como se com aquilo ele fosse conseguir colar todos os meus pedacinhos partidos. Ao separar os nossos corpos o rapaz limpou as minhas lagrimas com a sua camisola e levou-me novamente para a cama, deixando bem claro que estaria ali ao lado caso eu precisasse. Acabei por adormecer um tempo depois, eu sabia que por esta noite pelo menos eu estaria livre do pesadelo. Só esperava era acordar amanhã sem que ninguém soubesse do sucedido.Lee Jooheon
Abri os olhos para a escuridão do quarto, não sei porque tinha acordado, eu estava bem e a morrer de sono. Até que ouvi alguém, mais precisamente a Sol Ji mexer-se bruscamente na cama como se se estivesse a debater contra algo. Eu bem que queria saber o que se passava com a rapariga, cheguei a levantar-me para espreitar, mas ela estava de olhos fechados. Provavelmente tratava-se apenas de um pesadelo que iria passar.
Voltei a deitar-me para dormir e passado um pouco ela saiu do quarto sem fazer barulho. Tive vontade de me levantar para saber o que se passava com ela e se estava bem mas quando toquei na maçaneta, ouvi a porta do quarto ao lado ser aberta. Para evitar maus entendidos decidi voltar a deitar-me e esperar que ela voltasse para o quarto porque só assim iria conseguir falar com ela.
Não tardou muito a que ela chegasse ao quarto, mas não veio sozinha, o Shownu hyung veio com ela. Ele pediu-lhe para não chorar outra vez e para o chamar caso precisasse de alguma coisa. Ouvi-a fungar e ajeitar-se na cama, em seguida o hyung saiu do quarto calmamente para não acordar mais ninguém. Estive uns cinco minutos a ganhar coragem para ir ter com a rapariga e quando o fiz ela já havia adormecido.
Senti como se uma faca tivesse sido cravada no meu coração, eu tive todas as oportunidades para a ajudar e consolar mas não tive coragem para isso. Sou um idiota. Ela não me parece rapariga de chorar por qualquer coisa, então, o que quer que tenha sido, foi grave.
Desbloqueei o meu telemóvel apenas para ver as horas e o relógio marcava 02:33 da manhã, mas como eu não estava a conseguir dormir levantei-me para ir à cozinha beber um copo de sumo. Chegando lá dei de caras com o Shownu que escondia o rosto entre as mãos. Aproximei-me do mais velho, levando a minha mão às suas costas. Ele encarou-me com um olhar cansado e preocupado, acho que a última vez que o vi assim foi durante o "No Mercy".
-O que se passa hyung?
-Nada Jooheon, vai dormir porque amanhã temos um dia atarefado.-ele respondeu tentando esconder a preocupação que sentia.
-Mas hyung...-tentei insistir no assunto- Eu ouvi-te a pedir à Sol Ji para não chorar mais e eu acordei com ela a mexer-se muito na cama...
-Ela apenas teve um pesadelo...- ele quase sussurrou- Mas quando eu a abracei ela pareceu mais surpreendida com o meu gesto do que com o pesadelo em si...
-Queres que eu fale com ela para tentar perceber o que se passa?
-Fazes isso Jooheon?- ele encarou-me esperançoso.
Apenas acenei que sim com a cabeça e ambos voltámos para os respetivos quartos. Eu estava mesmo preocupado com ela, mas não acho que seja a pessoa certa para fazer as perguntas e tentar obter informação da rapariga. Ela parece ser muito reservada acerca da sua vida pessoal e talvez isto seja mais pessoal do que parece. Ao fechar os olhos, finalmente caindo no sono, a única coisa em que pensava era em como ela se sentiria, estando numa casa estranha quando tem pesadelos.
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Roommates
FanfictionEla ganhou um concurso e teve a possibilidade de passar uma semana com os seus ídolos sem puder sair de perto deles. Sem saberem quem é o seu bias todos se aproximam e fazem planos para descobrirem, alegrando assim toda a semana. Entre o medo do pas...