Henry Northanger( Junho de 1872)
Tinha que estar aqui. Fui obrigado a estar no que todos os meus amigos de Lisboa chamavam de "Quinto dos Infernos", agora entendia o porquê, o calor era realmente insuportável, mas a vista era incrível, tinha que admitir, mesmo assim não queria estar aqui. Não daquela maneira, obrigado. Ninguém sabia o verdadeiro motivo do nobre Duque de Piemont ter ido passar uma temporada no que todos chamavam de Brasil.
Havia fugido de Londres, meu pai havia me enviado com a desculpa de estreitar relações com exportadores e procurar meios de investir no café, o que consideravam o tesouro do Brasil.
Mas a verdade é que queriam abafar o grande escândalo, em que eu estava envolvido, era um vulcão adormecido e que estava prestes a entrar em erupção.
Ninguém sabia o que havia acontecido, só meu pai, mamãe e alguns criados, que eram tão bem tratados que possuiam uma verdadeira devoção pela nossa família, ou seja, jamais comentariam nada a respeito.
O segredo tinha sido abafado, e eu fingia não ligar, mas estava preocupado não comigo, com minhas irmãs, não queria que minhas atitudes deploráveis prejudicassem a reputação delas, Elize, Hannah, Charlotte e Violet não mereciam isso.
Tinha que ser forte, precisava esconder o que sentia de todos.
Precisava continuar fazendo meu melhor papel.
Confesso que passei dos limites, engraçado, há uma semana acreditava que não haviam limites.
Mas o fato é que me tornei alguém que não conheço, um libertino, saio todas as noites, me embreago, já estava se tornando difícil esconder a ovelha negra que eu havia me tornado. Já se ouviam boatos em toda Londres, os jornais só falavam disso, manchetes gigantes perguntando:
"DE DUQUE À SAPO?"
Queria mandar tudo para o espaço, mas precisava resistir à aquela situação.
Tudo mudou tão de repente. E agora estava ali naquele barco que estava prestes a ancorar no Porto das Nações Amigas.
Onde passaria todas as minhas férias na maior tortura da minha vida.
O meu humor estava incrivelmente péssimo.
Principalmente para as piadinhas de Otávio que vinha em minha direção, extremamente sorridente, a felicidade dele estava me incomodando, mesmo ele sendo meu melhor amigo, acho que principalmente por ele ser.
Nos conhecíamos desde a infância, quando o pai dele se tornou o concelheiro do meu pai, praticamente crescemos juntos, e quando o pai dele morreu, ele se tornou parte da minha família, depois se tornou meu colega na faculdade eu fazendo medicina e ele de direito, se tornando o braço direito do Sr. Northanger na fábrica têxtil.
Ele era tudo que meu pai desejava em um filho. Mas não o culpo, eu que nunca fui o que todos esperavam.
Nesse momento ele tirou-me dos meus devaneios me ofereçendo uma dose de whisky. Pelo menos aquilo poderia me fazer esquecer de tudo, nem que por alguns minutos.
Meu maior castigo não era ter que estar ali, era lembrar.
Teria que ficar perto daquela gente, que achava que poderiam ser uma sociedade.
A única coisa que valeria a pena naquele lugar eram as mulheres, é claro que não podia se esperar nenhuma beldade ou prodígio.
Mas poderia muito bem me divertir com todas elas.
Por isso precisava aguentar tudo e todos, se não quizesse que a viagem se tornasse mais insuportável do que já estava e não havia nem desembarcado.O que acharam do Henry?
Minha mente imagina ele assim:O que vcs acham?
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Liberta-me
Ficção Histórica"Corações partidos quando se encontram parecem que reconhecer um ao outro." Aurora Closset sempre foi uma garota difícil de se lidar em todos os sentidos, principalmente quando o assunto era matrimônio, herdeira do império do café, ninguém...