MelindaMinhas pernas estavam trêmulas, minha garganta seca como se tivesse engolido areia e meus olhos pinicavam e ardiam pelas lágrimas que me obriguei a segurar.
Robert.
Parecia um sonho, um pesadelo, qualquer coisa do gênero, então, para me obrigar a acordar, cravei minhas unhas nas palmas de minhas mãos para que a dor me fizesse despertar, mas nada aconteceu. Will, Javi e Chris ainda estavam lá. Assim como Robert. Perfeitamente imóvel e tão, mas tão bonito que chegava até mesmo a ser desesperador.
- Conversar? - testei, depois do que me pareceu uma eternidade. Eu precisava sair dali. Tirar Robert dali, na verdade, porque era enlouquecedor que ele estivesse justamente no lugar que escolhi para fugir dele. E como se não fosse o bastasse, eu também não gostava nada de tê-lo sob o mesmo teto que Will. - Claro - concordei prontamente -, vem comigo.
Não precisava olhar para saber que pelo menos três pares de olhos me encaravam, perplexos, então não me dei o trabalho de checar. Robert estava ao meu encalço, as lágrimas deixavam minha visão turva e o elevador parecia nunca querer chegar. Num rompante, eu me aventurei nas escadas de emergência, sem saber ao certo o que estava fazendo.
Parei de caminhar três lances de escadas depois, ofegante, trêmula e sem o controle de minhas pernas. Apoiei a testa na parede e fiz a única coisa que ainda conseguia fazer: chorar. Meu peito doía, minha cabeça também e eu estava um verdadeiro caos por dentro.
Dois meses, três semanas e cinco dias. Era esse o tempo que fazia desde que pusera os olhos em Robert pela última vez, desde que ouvi a voz dele me dizendo o que quer que fosse, desde que senti o cheiro dele invadir meu sistema como se queimasse minhas narinas no processo. Era estúpido saber a data com tanta precisão, no entanto, cada dia em que eu me levantava da cama inteira e disposta a seguir com a vida era uma pequena vitória.
Eu tinha amigos, tinha Will e a esperança de que tudo iria se acertar definitivamente. Até Robert se materializar no meu apartamento como se os últimos meses fossem apenas horas e as coisas não tivessem terminado de modo tão desastroso entre nós dois.
- Linda - ele chamou às minhas costas -, por que está chorando?
A mão dele tocou minhas costas nuas e me afastei do contato como se tivesse sido eletrocutada. Enxuguei as lágrimas rudemente, porque estava frustrada comigo mesma e também porque não queria que ele me visse chorar nunca mais.
- O que diabos está fazendo aqui? - eu disse em vez de responder à pergunta dele. - Como me encontrou? O que quer?
- Já disse que quero conversar. Agora me diga por que está chorando.
- Eu não sei! - admiti, exasperada. - Porque você está aqui, acho, e eu não queria te ver - eu me permiti dizer. - Vá embora.
Ele não pareceu gostar muito do que ouviu. O maxilar travou numa linha dura antes de ele finalmente voltar a falar.
- Não. - Robert meneou a cabeça. - Quero conversar com você.
- Não temos nada pra conversar, Robert. - Pronunciar o nome dele foi mais doloroso do que poderia prever e me trouxe um gosto amargo à boca. - Já te disse tudo o que queria dizer e não quero ouvir nada vindo de você. Vá embora - tornei a pedir.
Tentei fazer o caminho de volta, me esquivando dele no processo, contudo, o que ganhei foi um aperto firme no pulso e instantes depois, um desconforto na coluna por estar sendo prensada contra a parede e me encolhendo para tentar estabelecer algum espaço entre mim e Robert. Os braços dele mais pareciam duas barras de ferro que me mantinham presa no lugar e suspendi a respiração, como se o simples movimento fosse brusco demais.
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Doce Amargo - Livro II
Любовные романы*LIVRO RETIRADO EM 27/02/18* Disponível na Amazon Para Melinda Calle, descobrir que seu casamento era apenas uma farsa foi a coisa mais dolorosa que poderia ter lhe acontecido. Robert Blackwell não a amava e, para ele, Linda não passava de um meio p...