1 -Sou semideusa

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Sim, eu sou uma semideusa. Alana Montechio é o meu nome, e antes que me pergunte, eu não tenho nenhum vínculo com a família Montechio descrita no drama de Willian Shakespeare. Mesmo sendo italiana, posso te garantir que aquele Romeu apaixonado (ou idiota em minha opinião) não faz parte da minha linhagem sanguínea. Pelo menos era isso que minha mãe me dizia.

Tendo isso esclarecido, talvez eu possa continuar com minha história. Como já lhe disse antes, eu sou uma semideusa. Descobri isso quando tinha seis anos de idade, e um homem de pele cinza e grandes olhos vermelhos tentou destruir minha casa. Eu não sei nomear que tipo de ser era aquele, mas o fato é que eu estou viva. Eu sobrevivi, embora o preço para isso tenha sido a vida de Aline Montechio, minha mãe.

Se você está pensando que eu irei ficar aqui me lamentando pelo ocorrido, pode ficar tranquilo ou tranquila (afinal eu não sei quem é você). Eu não irei encher essas páginas com choros e lagrimas desnecessárias. Contudo, o fato de minha mãe ter morrido para me salvar, fez com que eu me encontrasse desamparada já que não tínhamos parentes em Verona, na Itália. Desde que eu nasci, minha única família era minha mãe. Vivíamos juntas, sempre sorrindo e brincando como se fossemos as pessoas mais despreocupadas e ricas do mundo (Sim, eu era uma criança idiota, e também éramos pobres). Em todo esse tempo que eu convivi com ela, nunca me senti desamparada ou triste. Aline Montechio sabia tirar um sorriso bobo de meu rosto, e quando o assunto era sobre a minha paternidade, ela me encarava com aqueles grandes olhos verdes e dizia:

'' - Um dia você o conhecerá pequena Alana. Ele está próximo da gente, embora você não possa senti-lo. Pelo menos não ainda.''

Hoje eu sei que a maioria dos mortais que se relacionam com deuses, tendem a dizer isso para seus filhos. Eu fico me perguntando o quê eles tem na cabeça para achar que os deuses são sempre bonzinhos. Meu pai não era um deus bonzinho. E eu sempre adorei isso nele.

*****

Continuando com o relato: Minha mãe morreu para que eu tivesse a oportunidade de viver. Enquanto o estranho ser invadia a minha casa, ela me colocou dentro de um túnel secreto abaixo do piso da sala (não me pergunte o porquê de temos um túnel em casa) e pediu que eu o percorresse por inteiro sem olhar para trás. Eu fiz o que ela me pediu, e assim que cheguei ao final do túnel, a esperei torcendo para que ela estivesse viva (Ah, como eu era uma criança imbecil e esperançosa demais).

Aline Montechio morreu naquele dia, e de certa forma me levou junto já que daquele dia em diante eu mudei. Fui resgatada por estranhos guerreiros feitos de roxas de vários tons escuros que me levaram por uma passagemsubterrânea até a ilha de Sicília. Sim, parece loucura até porque se você levar em conta a grande distância que existe entre Verona e Sicília, isso seria quase impossível não é? Pois bem, no mundo dos semideuses nada é impossível, e comigo não foi diferente.

Após chegar aSicília, fui levada até uma montanha onde uma mulher totalmente feita de rochas (semelhantes as dos guerreiros que me resgataram) me aguardava. Ela tinha cerca de 6 metros de altura, e usava uma túnica dourada maior que tudo que eu já tinha visto na vida. Seus olhos eram feitos de pedras preciosas azuis, e uma espécie de grama verde percorria toda a sua larga cabeça rochosa, formando um estranho cabelo que estava amarrado por uma tira de couro de animal. Quando a mulher me viu, abriu um largo sorriso feito de pedras preciosas de inúmeras cores, e isso me apavorou ainda mais.

- Olá Alana Montechio - Disse a mulher para mim. - Eu me chamo Aitna, e sou uma deusa Ourae e irmã de seu pai. É um prazer conhecer minha sobrinha.

Sim, você não leu errado. Aquela mulher de aspecto bizarro e apavorante era minha tia. O que eu deveria esperar da forma como meu pai se parecia?

Explico no próximo capítulo.

A Traição de AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora