Mente aberta

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Durante a viagem que foi um pouco longa, noto que paramos num restaurante.

- Primeiro, vamos almoçar. - ele sorri e sai do carro, obrigando-me a fazer o mesmo.

Entramos no restaurante e a empregada que está a fazer olhinhos ao meu namorado, sauda-nos.

- Bem vindos! São apenas dois? - ela pergunta.

- Oh, mas é claro, um almoço romântico é sempre o melhor! O meu namorado é realmente único! - respondo à loira e consigo perceber que Cameron tem uma vontade enorme de se partir a rir, literalmente.

Ela indica-nos uma mesa e sentamonos, aguardando que ela volte para fazer os pedidos.

- Então, já decidiram o que vão comer?

- Já. Eu quero o prato do dia, o vegetariano. E tu, amor da minha vida? - pergunto a Cameron e posso ouvir a loira bufar. - Algum problema, querida?

- Não, minha senhora. Apenas está um calor enorme aqui. - ela responde-me.

- Oh, é impressão sua.

- Quero o mesmo que tu, princesa. - Cam interrompe e por pouco não me derreto.

A loira anota os pedidos, murmura um "volto já" e deixa-nos sozinhos.

- Tu és demais! - Cam diz enquanto ri.

- Sou, não sou, amorzinho? - digo e Cam ri ainda mais. Junto-me a ele.

- E eu é que sou ciumento! - ele resmunga.

- Lol! Até parece que eu sou ciumenta! Tu realmente, Cameron. Nunca vais entender uma mulher. - respondo.

- Não vou mesmo! - ele diz, rindo-se mais ainda.

A loira chega com os pedidos.

- E para beber? - ela pergunta.

- Um sumo de vitaminas para ambos. - Cam diz.

- Sem veneno. - digo entre tosse que fingi e depois clareei a garganta.

A loira revirou os olhos.

- Mas que falta de classe! - digo, ainda permitindo que ela ouvisse.

- Vá, deixa a rapariga em paz. - Cam diz, enquanto tenta acalmar o riso.

- Ela que não se meta com o que não é dela.

- Eu sou teu?

- Isso é pergunta que se faça, ou vais crer ser castrado? - respondi e ele fez um ar de pânico, que me provocou risos.

- Sem isto não tens filhos. - ele diz apontando pras calças.

- Posso arranjar alguém que me o faça e tu depois dás o nome. Ou posso adotar. - digo e rio ao ver a reação de Cam.

- Sabes, um dos meus melhores amigos é adotado. - ele comenta.

- Eu sou a favor da adoção, até de casais homossexuais. - disse.

- Eu sinceramente só não sou a favor da adoção por casais homossexuais. - ele responde.

- Então porquê? - pergunto, curiosa.

- Oh, olha lá, então a criança está na escola e os miúdos perguntam quem são os pais, ele vai dizer que são duas mulheres ou dois homens? Vai ser gozado... E vai ter mais tendências homossexuais.

- Não estás a pensar de forma certa, Cam... Tenho amigos homossexuais. E eles têm uma criança, adotada. O filho deles sempre teve tendências para mulheres, agora tem 13 anos e não olha para homens da mesma forma que os pais. No entanto, sempre recebeu amor e carinho, nunca lhe faltou nada, os pais nunca lhe faltaram ao respeito nem nunca o puseram numa situação desconfortável. Ele é uma criança feliz, isso é que importa. Pensa nos inúmeros casos de heterossexuais que adotam crianças e depois as maltratam... - sorri, principalmente quando terminei o meu discurso.

- Desse ponto de vista tens razão... Faz-me um pouco de impressão à mesma, mas é claro que os respeito. São seres humanos, têm o direito de ser felizes.

Sorri com o seu comentário. Ver que Cam teve a capacidade de aceitar e perceber a minha explicação, deixou-me orgulhosa. Acho que as maiores guerras no mundo, começam com preconceito, e eu queria evitá-lo a todo o custo.

Podemos não ser homossexuais, mas não temos de julgar quem o é. Podemos ser brancos, pretos, azuis ou amarelos, não temos de julgar a cor ou a raça do outro. Não temos de julgar a maneira como se veste ou o seu cabelo. Temos de nos sentir apenas bem connosco, temos de usar o que queremos, está na hora de sairmos à rua sem medo de sermos criticados pela sociedade.

- Vamos ao concerto? - Cameron chama-me.

Olá! Gostaram deste capítulo?

Digam-me o que estão a achar da história até aqui.

Obrigada,
Mariana.

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