Será que o destino pode colocar em sua vida pessoas que vão lhe ajudar a descobrir quem você realmente é? Será que uma relação resiste a segredos do passado? E quando a proximidade de alguém que você ama pode ser um perigo para você? Vale a pena lut...
Saber que salvei a vida de alguém, e principalmente, que esse alguém é Miguel, me traz uma sensação de que sou capaz de fazer mais do que eu imaginava, e quero fazer isso! Quero apagar da memória dele toda culpa e angústia que ele sentiu por todos esses anos, quero trazer cada vez mais a vida do antigo Miguel de volta, a qual Ryan tanto fala. Tenho uma necessidade incontrolável de fazê-lo feliz, assim como ele tem me feito. Agora mais do que nunca.
Miguel surge na praça de popa e acena para mim e Ryan, que continuamos sentados na prancha a sua espera.
— Vamos almoçar? — ele grita.
— Vamos? — Ryan me olha e seu olhar sereno depois de tudo o que me contou lembra o de Miguel. — Porque eu to A-ZUL de fome bebê! — retiro o que eu disse.
Ryan levanta-se da prancha com habilidade enquanto luto para que cada movimento não me leve a água.
— Precisa de ajuda Alice? — Miguel grita preocupado.
— Tá tudo sob controle. — Ryan responde por mim segurando um dos meus braços me erguendo na prancha enquanto Miguel, que já aparenta estar seco, nos aguarda na escada com uma camisa em mãos.
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Remo até o barco e subo as escadas com sua ajuda. Ele pega a minha prancha e a coloca no chão, Ryan sobe atrás de mim.
Enquanto caminho enrolada em uma toalha em direção a cozinha – que por sinal, o cheiro que vem de lá é espetacular – uma figura feminina surge.
— O almoço está servido senhores, se desejarem, levaremos para os senhores até o fly.
De onde saiu essa mulher?
— Ela devia estar no camarote quando chegamos. — Miguel explica rindo identificando minha expressão desentendida. — Elas cozinham pra nós.
Elas?
Subimos até o fly e o vento assanha violentamente os meus cabelos longos que voam em direção ao rosto de Ryan que está atrás de mim.
— Miga sua louca... — ele tenta tirar desesperadamente os cabelos do seu rosto. — Dá pra prender essa juba?
Rio, viro-me, e dou língua pra ele. Sentamos em um sofá creme em C com uma mesa elegante na nossa frente. Miguel e Ryan sentam-se, um de cada lado de mim enquanto dou um nó em meus cabelos esperando pelo nosso almoço.
— Vai levar alguém pro jantar de comemoração do sábado? — Miguel pergunta a Ryan e de repente lembro do convite que ele me fez. Esqueci completamente!
— Bem que eu queria, mas por enquanto nada a vista. — ele diz enquanto duas moças usando coque e um uniforme branco servem nosso almoço. — Se bem que daqui pra sábado muita coisa pode acontecer não é? — Ryan pisca pra mim e eu rio.
— Você não esqueceu não é? — Miguel de repente se dirige a mim.
— Não, claro que não! — minto e bebo um gole do suco de laranja pra disfarçar. Não sou muito boa em mentir.
