Sala 66

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Se passaram alguns dias e eu já estava começando a ficar louca lá dentro com aquelas pessoas, ninguém ia me ver e eu só conseguia pensar "Eu sou muito nova para estar aqui, vou morrer e envelhecer aqui, não tem motivos para mim ficar eu sei que sou uma pessoa normal." o meu maior medo era de ficar lá para sempre, ai sim eu iria acabar enlouquecendo igual aquelas outras pessoas, eu ficava só andando e olhando aquelas pessoas totalmente loucas por estarem lá. Depois de alguns dias lá que eu fui ver aonde eu estava, eu estava no mesmo sanatório onde minha vó estava antes de morrer, isso começou a me perturbar, eu não dormia direito eu tinha medo, muito medo, e fiquei com medo de acabar igual ela, teve um dia em que eu estava andando pelo sanatório, uma mulher me empurrou contra a parede e começou a falar comigo do nada:

-Você.. você não deveria estar aqui, eu sei, sei quem é você.
-Quem é você? Me solta eu quero sair daqui.- tentava a empurrar ela, mas ela não me soltava-.
-Você tem que ir embora, ela vai te achar, ela vai te achar e vai fazer a mesma coisa que fez com a sua avó. -disse ela tremendo.
-O que você sabe sobre minha avó?
-Venha comigo. -me soltou e foi para um outro corredor-.

Eu a segui, ela parou ao meio do corredor e começou a falar comigo:

-A sua avó era uma boa senhora, mas ela não conseguiu escapar.
-Do que esta falando?
-Ela não era louca, depois que um dos enfermeiros levaram ela pro quarto 66 ela voltou estranha e começou a ficar louca.
-Quarto 66?
-Isso, isso. Quarto 66 é aonde levam os pacientes quando não são loucos, eu não sou louca, eu me finjo de louca, quem é muito esperto eles levam para o quarto 66 e nem sempre todos voltam.
-Onde fica este quarto 66?
-No andar de baixo, não adianta querer entrar lá, não tem como. A gente nunca viu oque tem lá, por favor, não tente entrar ou dar uma de esperta, vai acabar igual a sua avó.
-Qual é seu nome?
-Tina.
-Ta bom, já entendi. Obrigada Tina. -voltei para a recepção-.

Fiquei me fingindo de louca naquele dia, havia uma enfermeira na recepção e eu vi umas chaves que havia no balcão, eu falei com a Tina e pedi para ela fingir algum ataque de loucura para a enfermeira ir vê-la e eu pegar a chave. Ela atuou bem naquele dia, fingiu que estava tendo uma convulsão e deu tempo para mim pegar as chaves e esconder em meu corpo, eu ficava com medo de ser descoberta, mas eu precisava saber oque acontecia na sala 66 daquele sanatório, doparam a Tina e a levaram para seu quarto, oque me deu tempo para pegar as chaves e esconder em minhas roupas.

Chegando a noite, levaram os pacientes um para cada sua sala, eu entrei e deitei na cama me fingindo estar louca falando com as paredes, fecharam meu quarto, saíram e apagou-se todas as luzes. Isso me deixou com muito medo naquele dia, passado-se algumas horas eu me levantei, peguei o chaveiro com várias chaves e fui tentando uma por uma tentando abrir a porta no escuro, até que, uma deu certo, em seguida eu sai devagar me abaixando pelos corredores e fui aonde Tina disse que ficava a sala 66. Desci algumas escadas e achei uma lamparina e peguei-a para ir iluminando o corredor, passavam-se várias salas, 52, 57, 58, 54 e o mais estranho é que não era em ordem numérica correramente o número das salas e aí no final, bem no final do corredor a sala 66.. deixei a lamparina no chão e fui tentando várias chaves, até que escuto passos atrás de mim e começo a apressar e cada vez mais perto, e mais perto.. até que a chave abriu a porta entrei com a lamparina e fechei novamente a porta.


Quando entrei na sala, estava totalmente escuro e barulhos de gotas d'água caindo ao chão, comeceo a andar e não achava nada, era como se a sala estivesse vazia, até que uma grande luz se acendeu iluminando a sala toda, e quando eu olho ao redor, havia pessoas mortas, penduradas em cordas, como se houvessem cometido suicídio, e havia uma mulher toda de preto comendo parte dos corpos no chão, eu me segurei para não gritar pois aquela mulher ela não enxergava era como se os olhos dela fossem retirados para fora, ela tinha asas, asas pretas, fiquei com medo, quando a luz se acendeu ela começou a correr pela sala cheirando todas as partes da sala, como se estivesse procurando por alguém pois ela sabia que havia alguem ali. Corri pela sala abro a porta e saí correndo para meu quarto, quando chego em meu corredor escuto um enfermeiro a chamar "Ei! O que está fazendo fora de sua sala?!" corri até meu quarto, tranquei a porta e deitei novamente, fingi que estava dormindo, o enfermeiro passou pelo corredor reto e quando eu olho pela grade da porta.. eu vi, aquela mulher estava com os olhos abertos, só que o problema é que ela não tinha olhos! Ela abriu a boca com um sorriso todo ensanguentado e as asas abertas, e ficou me olhando assim. Eu me deitei fechei os olhos forçadamente e quando olhei pra porta ela estava do lado de dentro de meu quarto, comecei a chorar e quando olhei ela havia sumido.

Quando amanheceu eu corri falar com Tina sobre oque eu havia visto, ela disse que eu não deveria ter olhado pra ela por muito tempo, Tina havia me dito que algumas pessoas morreram falando dessa mulher, Tina achava que era mentira, até eu falar. Ai eu me lembrei de que minha avó disse sobre esta mulher, eu fiquei pensando que ela ia me caçar por todos os dias, até eu enlouquecer, eu não parava de pensar naquilo e aquilo me deixava louca e eu tentava mudar os pensamentos pois sabia que estava com muito medo e aquilo ia deixar eu louca igual aos outros.

Pela tarde, uma enfermeira disse que eu tinha visita, fiquei em meu quarto, pois quando alguém recebe visita tem que ser no quarto, pensei que fosse meus pais, mas quando eu olho para a porta vejo Louise entrar sorrindo, abracei ela tão forte, fazia muito tempo que não conversava com alguém 'normal' eu conversei muito com Louise naquele dia.. sentamos em minha cama e fiz muitas perguntas pra ela.

-Louise, quem me colocou aqui?
-Seus pais.. eles não estão loucos, eles estavam mentindo por algum motivo e.. eles te internaram aqui.
-Mas aonde eles estão?
-Eles se mudaram. Eu sou a única pessoa que você tem. -disse ela com uma lágrima em seu rosto-.
-Eu estou sozinha? -chorei-.
-Sim.. mas mantenha a calma, vou falar com meus pais para ver se conseguem um advogado ou alguma coisa pra te tirarem daqui, pois você não é louca, eu sei. -Louise pegou em minhas mãos-.
-Eu te amo Louise. -abracei-. há quando tempo não abraço alguma pessoa cheirosa. -sorri-.
-Eu também te amo. -Louise riu-.
-Eu to com medo de ficar louca.
-Por que?
-Eu não sei se estou vendo coisas ou se realmente é real oque vejo.
-É tudo da sua cabeça, não se preocupe.. irei fazer algumas visitas pra você quando puder ta? Tenho que ir agora Mary, fique bem ai.
-Ok.. tchau Ise.. -sorri-.

Saí do quarto alguns minutos depois que Louise foi embora e quando estava indo para a recepção eu escuto um barulho ao fundo do corredor, até que olho pra trás e vejo a mulher novamente, ela estava com o mesmo sorriso ensanguentado, e quando me viu, as asas dela se abriu, corri até a recepção e esbarrei em um enfermeiro e acabei caindo no chão, me lembro que ele me disse "cuidado por onde anda mocinha não quer ir para a sala 66 não é mesmo?" foi como se ele soubesse que eu estivesse ido lá.

O Sanatório de Waverly HillsOnde histórias criam vida. Descubra agora