O Pingente (parte 2)

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- Alguém poderia, por favor me explicar o negócio do pingente? - repeti atordoada tudo estava girando e eu sentia minha gengiva coçar cada vez mais.
- Onde você conseguiu esse colar? - disse Guilherme ignorando totalmente minha pregunta. Isso estava começando a me irritar mais do que devia.
- Eu ganhei de minha bisavó assim que nasci. Por que? - falei e me assistir com a rispidez em minha voz que fez os dois se encolherem.
- Acalme-se Helly, você...
- Me acalmar? ME ACALMAR? Fazem dezessete anos que todos mentem pra mim, como se eu fosse uma criança que não saberia o que fazer sem a mãe! Descobri recentemente uma "COISA" que até então achei que não existisse e que daria risada se me falassem que sim! QUE EU NÃO SOU MAIS UMA CRIANÇA! EU SEI ME DEFENDER MUITO BEM SEM AJUDA! EU SEI O QUE É BOM E O QUE NÃO É PRA MIM! SEI EM QUEM DEVO CONFIAR, e, sinceramente, não sei se posso confiar em vocês. - joguei toda a minha raiva em cima dos dois. E percebi uma lágrima rolar pelo rosto angelical de Sophie, instantaneamente uma lágrima caiu de meus olhos. Era a primeira vez que tinha feito a minha melhor amiga chorar. Comecei a me sentir mal com isso. Como se uma adaga estivesse atravessando meu peito e indo em direção ao meu coração.
Foi então que aconteceu. Eu ouvi os ossos da minha coluna se partirem no meio e uma dor lancinante me atravessou. Caí de quatro no chão e olhei para minhas mãos, que estavam se transformando em patas. A dor, era horrível. A pior de toda a minha vida. Era como se eu estivesse sendo quebrada no meio por uma máquina de tortura senti meu vestido rasgar e apertei os olhos. Não me importava se tinha um menino ali, vendo tudo. Só queria que a dor passasse. Quando abri os olhos de novo, olhei para minhas mãos, que agora eram patas. Pera aí! Patas!? Minhas mãos tinham virado patas!? Mas que porra é essa!? Olhei para os dois seres humanos que me encaravam pasmos. E ouvi a voz doce e suave de antes

Finalmente me libertou! Não aguentava mais ficar presa. Não se preocupe. É a primeira vez que dói. As outras acontecerão normalmente. - ela estava animada. Mas, espera aí!

Quem é você?

Você é meio lerda , baby.

Sou sim. Agora, me responda, quem é você?

Sua loba! E aquele lobinho , é meu companheiro.

O QUE?

Sim, o Guilherme é seu, quer dizer, nosso, companheiro. Ah! ia me esquecendo. Meu nome é Catastrophe.

Hummm.

Para de vegetar menina! Eu quero me aquecer!

Minha nossa senhora da Nutella! Eu to falando com a minha loba! Socorro Brasil!
Olhei para os dois na minha frente e corri. Mas antes de passar sobre a cachoeira parei e olhei meu reflexo na água cristalina. Agora entendi o porquê Sophie e Guilherme me olhavam daquele jeito. Eu era uma loba muito linda. Não que eu esteja me gabando, ou coisa do tipo, é só a verdade. Minha pelagem era branca, um de meus olhos era prata quase branco e outro outro lilás quase branco. Eu era enorme.
Ouvi um barulho que me tirou de meus devaneios. Olhei para trás e vi um enorme, e quando digo enorme é enorme mesmo, lobo negro de olhos amarelos.

O Despertar Da RaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora