EU SOU O QUE??

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Acordei com um lampejo de luz em meus olhos. Ao abrí-los, não enxergava nada além de borrões verdes, eu estava com uma dor de cabeça ENORME, minha gengiva coçava, eu não conseguia me mecher. O pânico me atravessava. Tentei falar algo mas a única coisa que saiu foi um choramingo, como se eu fosse uma criançinha que acabou de acordar.
Respire. Você não conseguirá fazer nada sem manter a calma. - falou uma voz que eu não conhecia até então. Ela era doce, carinhosa. Como uma mãe consolando um filho enquanto o mesmo chora desesperadamente.
Quem é você? - perguntei assustada
A sua consciência. - disse tão doce quanto antes.
Mas...
Teremos tempo para explicações mais tarde. Agora, respire fundo e se acalme! - cortou-me a voz.
Fiz o que ela pediu. Respirei o mais fundo que consegui. E comecei a ouvir barulhos fracos e sentir cheiros muito agradáveis e... Familiares!
Ouvi o barulho de cigarras cantando, o doce canto dos pássaros, o barulho de uma cachoeira e o crepitar de uma fogueira. Abri levemente os olhos e vi que era de noite. Vi árvores e a lua que estava cheia e emanava sua luz prateada. Senti o calor agradável da fogueira e ouvi vozes. Fechei rapidamente os olhos afim de escutar a conversa. (Sim, sou bem curiosa).
- E se ela não reagir bem à essa notícia? E se ela se transformar a fugir? Você já pensou nas consequências de contar tudo assim de uma vez? - disse uma voz ansiosa e levemente irritada masculina.
- Aí! Eu conheço ela dês de que me entendo por gente, dês de que éramos duas crianças! Eu sei muito bem acalmá-lá! E sei também que ela gosta de ir direto ao ponto, sem rodeios! - respondeu uma voz que eu conhecia muito bem.
- Ela é a minha companheira de alma! - falou a voz que agora estava totalmente irritada.
- É sua companheira de alma mas você não sabe nada sobre ela. - falou Sophie aparentemente irritada com a situação.
Percebi que eles pararam de discutir. E senti como se estivessem me observando. Até que Sophie disse:
- A Bela Adormecida acordou! Guilherme, poderia soltá-la? - só aí percebi que estava com mãos e pés imobilizados por cordas grossas.
  Abri os olhos e vida a aflição em seus olhos escuros. Ele se dirigiu devagar até mim. Como se eu fosse um animal acuado.
- Eu não mordo! Agora, por favor, dá pra tirar essas cordas de mim? Tá apertando. - falei bufando e revirando os olhos. 
- Tá, calma. - respondeu na defensiva.
Depois de desamarrada, me juntei a eles ao redor da fogueira. Estava realmente muito agradável ali. Mas vamos ao que interessa.
- Eu quero que me contem tudo. - falei olhando intercaladamente de um para outro. Eles se olharam e Guilherme disse receoso
- É melhor não contarmos tudo assim de uma vez e...
Ergui a palma da mão fazendo-o se calar e joguei tudo o que estava sentindo pra cima dos dois.
- Não, eu estou cansada! Eu estou cansada de todo mundo tomar as decisões por mim! Eu já não queria te conhecer hoje, acordei com mãos e pés amarrados, e sem saber onde estava, aliás, eu ainda não sei onde eu estou e ouvindo uma voz que eu nem sei de onde veio. Eu já tenho 16 anos! Sei me cuidar muito bem! E eu QUERO que me contem TUDO! Agora! - falei e senti meus olhos embaçarem e a coceira em minha gengiva que já estava incomodando ficou insuportável.
- Aimeudeus se acalma por favor, Hellena. - disse Sophie com os olhos marejados e notei que ela olhava de meus olhos para minha boca e de minha boca para minhas mãos. Comecei a me assustar. Droga, tudo bem que eu recém acordei, mas não devia estar tão feia assim. E eu tinha feito as unhas na mesma semana. Ah, e não podia esquecer da manutenção do aparelho. Estava com os dentes certinhos até e não estava com bafo. Eu acho. Ergui as  mãos e vi o porquê de ela estar me olhando daquele jeito. Tinham unhas, não, não, melhor, tinham garras enormes se projetando do que antes eram unhas pretas e bem feitas. Passei a língua nos dentes e senti pontas nos caninos superiores e inferiores.
QUE CARALHA É ESSA? - pensei assustada.
É a sua verdadeira face, minha querida. - disse calmamente a voz de antes.
- Sophie. Me explique. Por favor.- falei com as lágrimas escorrendo por meu rosto.
Ela hesitou por um momento olhando para Guilherme que me observava com atenção.
Voltou a me encarar séria e disse:
- Bem, vamos começar do início.

########### NOTA DA AUTORA ##########
E ae? De boa? Bem, eu comecei essa história a pouco tempo. (Ava). Mas eu queria saber a opinião de vocês sobre ela. Se quiserem que eu mude alguma coisa, pode avisar, já que no começo é mais fácil pra fazer mudanças. Acho que era isso. Obrigada e até, Unicórnios. ❤

O Despertar Da RaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora