CAPÍTULO 4 - SEM SORRISOS, OLIVER

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Quarta, 20 de julho de 2016

Quando acordou às 6h30 da manhã, Nina encontrou Mary na cozinha.

— Bom diaaaa...

— Nina! Quanto tempo, querida! Bom dia!

Não havia me dado conta que sentia saudades daquele abraço.

— Oi, Mary! Senti saudades suas.

— Você é uma desnaturada por ter passado tanto tempo fora. Você está com fome? Seu pai me ligou ontem e fiz questão de vir aqui cedo preparar seu café da manhã.

— Muito obrigada, Mary. Meu estômago agradece a gentileza.

. . .

A entrada do casarão continuava a mesma: muros altos e cerca elétrica, não revelava nada que estivesse dentro. Nunca soube a finalidade de uma casa tão grande para alguém tão sozinho.

Sabia que estava sendo vigiada, apesar de não enxergar nenhuma câmera. Tocou o interfone.

— Preciso da sua ajuda.

— Quanto tempo, Nina. O que deseja?

A voz de Oliver Smith estava mais grossa, algo se aqueceu dentro dela. Ele agora tinha 27 anos e ela 25 anos. Tanto tempo passou e ela ainda se sentia mexida.

— Uma identidade falsa.

— Não vai querer matar as saudades também?

— Oliver...

— Continua linda.

— Abra.

O portão foi aberto por um segurança. A morena se surpreendeu com o jardim, não se lembrava de que era tão bonito. Mal teve tempo de observar o resto, sua visão focou nos ombros largos de seu antigo "amigo". O caminhar dele era silenciosamente lento. De matador.

— Tive saudades, Nina. Venha, entre.

Quem olhava para o sorriso tão sincero e angelical, não imaginava que ele estava longe de ser um anjo. Pelo contrário, era um dos melhores alunos de seu pai.

Sentir as mãos quentes de Oliver contra as suas constantemente frias deixou Nina inerte até chegar à sala do rapaz. Deus, ela conseguia se lembrar de tudo o que viveram. Sentiu tudo inundando seu coração mais uma vez.

— Eu sei de tudo.

E lá vinha outra bomba. Ele disse tranquilo, mas o olhar que dava enquanto se sentava na cadeira não transmitia tranquilidade.

— Tudo o que? — Desdenhou sem vergonha alguma.

— Tudo. Sente-se.

O homem observou cada movimento de Nina e continuou:

— Você acha que eu não ficaria de olho em você, Nina? Inclusive, seu pai me ligou ontem. Não se preocupe, não contei para ele nada do que eu descobri durante esse tempo todo.

— Por que você fez isso, Oliver?

Estava começando a ficar nervosa, ela havia pedido tanto para ele não vigiar a sua vida.

— Porque por mais que você quisesse se libertar, ainda era perigoso, Nina. Para de pensar no próprio umbigo. — Ela odiava a cara bruta dele.

— Oliver, era a minha vontade. Você tinha que me respeitar.

— Você está fugindo. Vamos focar no motivo de você estar aqui? Logo depois da sua matéria sobre a morte do Senhor Albuquerque? Ainda mais pesquisando na internet sobre a Afterlife?

AntoninaOnde histórias criam vida. Descubra agora