CAPÍTULO 5 - PASSARINHO VOLTANDO PARA O NINHO, ENFIM

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Quinta, 21 de julho de 2016

O dia começou ensolarado. Em seu escritório, Oliver consultava suas anotações e sua cabeça trabalhava em torno de todas as possibilidades de o plano de Nina dar errado. Não que ele fosse pessimista, mas um plano de sucesso deveria ser construído em torno da correção das chances de dar errado. É necessário analisar e pensar nas piores coisas que poderiam acontecer enquanto a mulher estivesse trabalhando na Afterlife, só assim ele trabalharia em formas desses erros não acontecerem.

O que o estressava, por um lado, era o otimismo - quase burro - de Nina. Ela nunca pensava no que poderia dar errado, pegava o impulso e ia sem se preocupar com nada. Porém, ele não poderia deixar que isso acontecesse, o caso era mais complicado. A morena havia se arriscado ao sair tão rápido do Brasil tão logo soube da morte da Andressa. Se tivesse sido mais esperto e menos frouxo, Oliver deveria ter entrado em contato com ela. Ele sabia que ela viria atrás e não tomou as devidas precauções.

A situação era arriscada e ele estava com medo. Se o chefe da Afterlife fosse quem ele pensava, poderia ser ainda mais perigoso Nina estar dentro daquilo. De um jeito ou de outro, ela teria que voltar a ser a Antonina para entrar na Afterlife e Oliver temia que ela não conseguisse sair tão facilmente. Ele e o pai dela sabiam o quão o outro lado da mulher a dominava.

Depois de quase seis anos sem ter treinamento e vivendo uma vida normal, será que Nina conseguiria sobreviver? Seria capaz de ligar o modo Antonina e depois se livrar? Ela precisaria voltar a ser o que ela foi treinada para ser. A Nina jornalista ajudaria a mantê-la de olhos abertos, mas era preciso ser meticulosamente frio nesse meio e somente o modo Antonina seria capaz de protegê-la.

Para o homem, já estava claro, pela atitude de não pensar duas vezes antes de ir para San Diego e tentar se infiltrar na Afterlife, que ela precisava tomar consciência no que ela estava se metendo.

— Bom dia.

E lá estava ela entrando no escritório com a roupa do dia anterior. Caminhava descalça; aproveitava qualquer situação para livrar-se dos saltos e Oliver sorriu ao perceber que ela não tinha mudado tanto assim.

— Acordou cedo.

— Obrigada por ter colocado minha roupa no banheiro.

Sentada de frente a ele e curiosa como sempre, mexia nas canetas enquanto tentava ver o que eram todos aqueles papéis na mesa.

— Por nada. — E a observava.

— Será que eu posso receber um bom dia? As outras pessoas com quem andei me davam bom dia e ofereciam um café da manhã, me surpreende logo você não me dar nenhum dos dois. — Tinha um sorriso de lado.

— Já te dei coisa melhor ontem. — Oliver era um perigo levantando-se calmamente e dando a volta na mesa — O Davi era um dos que te davam bom dia?

O corpo daquele homem apoiado na mesa não fez bem para a imaginação de Nina, os momentos que compartilharam na noite passada estavam frescos demais em sua memória.

— Que implicância é essa?

Mas ela sabia provocar também. Levantou e, devagarzinho, foi se aproximando do corpo dele. Sentiu as mãos grandes enlaçarem sua cintura ao mesmo tempo em que ele abria as pernas para acolhê-la mais perto de si. Era bom o carinho que ele fazia em suas costas e Nina depositou um beijo em seu pescoço enquanto deixava sua cabeça ali.

— Bom dia, Nina. Vamos comer?

Ela não resistiu e explodiu em gargalhadas. Oliver a apertou mais contra si e bufou, mostrando que não ficou satisfeito com a reação dela.

AntoninaOnde histórias criam vida. Descubra agora