le livre

21 2 0
                                    


A descoberta de que a escola era próxima de minha casa era tão emocionante quanto saber que seria novata no terceiro ano do ensino médio: Iria a pé enfrentar uma turma que já se conhecia há no mínimo dois anos e já haviam estabelecido laços uns com os outros. O único laço bem estabelecido que tinha era o que fazia em meus sapatos, pensei, olhando para meus pés que não se perderiam nem por vontade própria, enquanto a instituição de ensino erguia-se graciosamente em frente aos meus olhos.

A quietude do lugar ainda me perturbava, sentia-me pronta a gritar, por isso acreditei que fosse loucura o barulho de sinos de bicicleta que se aproximavam, mas ao ficar cada vez mais alto virei-me abruptamente e aparentemente assustei a ciclista, que freiou deixando cair os óculos escuros.

- Droga - disse, inclinando-se para pegar.

- Eu pego para você – precipitei-me, mas ao ver seu olhar de repreensão meu rosto queimou e fiquei parada.

Era a mesma garota do dia anterior, senti um pequeno soco no estômago e coloquei a mão nele instantaneamente, os olhos extremamente azuis voltaram-se para mim, dessa vez com um sorriso e senti como se meu corpo estivesse dormente.

- Desculpa, sou a Julia – estendeu a mão como os adultos costumam fazer ao fechar um negócio, mas rapidamente desistiu e a passou pelo cabelo loiro curto.

Cada movimento era docemente fotografado por mim que apresentei-me dizendo o nome e sentindo-me estupida cada vez que os nossos olhares se cruzavam. Trocamos endereços rapidamente e Assim descobri que a nova conhecida morava bem próximo a praia e abominava as garotas da minha rua, por, em suas palavras, serem umas riquinhas idiotas.

Morar na rua abaixo a boulervard, tão perto do mar como a Julia, não era sinal de status, pelo contrário, desse modo,não consegui evitar sentir-me pessoalmente atingida pelas palavras da moça.

- Não me enquadro nessa categoria – falei baixinho, sendo quase ignorada. Consegui notar um olhar de canto de olho e isso me fez querer sorrir. Rimos juntas e o som não fazia sentido, mas combinava como uma sinfonia.

 Já havíamos chegado à escola e os alunos passavam por nós de modo automático, menos uma. Com um passo firme e uma presença de quem possuía súditos ela aproximou-se, os cachos caiam pelos ombros e encontravam uma pele linda, da mesma cor, mas claramente mais sedosa que a da Belle.

- Não me apresentará sua nova namoradinha, Julinha?

Havia tensão no ar, e Julia teve uma reação semelhante a de um grosso livro sendo fechado abruptamente.

- Eu não a namoro, sou nova por aqui, me chamo Belle – falei, com medo que essa sensação permanecesse.

A menina riu, mostrando seus dentes impecavelmente brancos, embora fossem pequenos demais para o rosto.

- Eu imaginei, bobinha. A Julia só teve bom gosto uma vez na vida mesmo, e você é uma graça. Te mostrarei a escola.

Não tive muito tempo para reagir e fui, segurada pela mão da responsável pelo fechamento do livro mais interessante que eu já havia querido ler. O que havia ali?

Fonte da imagem: http://www.perola-negra.com/blog/o-que-fazer-para-deixar-os-seus-cachos-ainda-mais-lindos/

Espero que tenham gostado desse capítulo, logo mais apareço com um novo. Abracinhos.

L'avenirOnde histórias criam vida. Descubra agora