L'avenir

Réunion

Nesse momento, ela parou o que estava fazendo e me olhou com as sobrancelhas franzidas.

- Foi isso que ela te disse?

- Não foi isso que aconteceu?

Parecia haver mais história por trás disso e ninguém estava me contando, tive certeza quando a Julia estalou a língua no céu da boca segurou meu braço e me levou para fora do banheiro, arrastando-me pelo corredor.

- Eu não devia estar fazendo isso, mas salvarei sua pele hoje. Até porque, também preciso salvar a minha, passei muito tempo no banheiro para a professora acreditar em mim, você não parece ter menos de 17 então está no terceiro ano, certo? – assenti e ela continuou falando – ok, ótimo, acho que seus amigos novos não darão as caras na aula, já que você obviamente estava com eles e está super atrasada.

Ela continuou me puxando pelo corredor e percebi que aquele deveria ser meu destino em meu primeiro dia de aula, todos me empurrariam por todo lado.

Quando chegamos na frente da sala fechada, ela colocou a mão nos meus ombros e bagunçou meu cabelo, as mãos dela eram leves e macia, seu cenho franzido marcando a pele branca com sardas a deixava parecendo uma criança, percebi que se fosse compará-la a algo seria a uma nuvem de verão no céu. Como que percebendo os meus pensamentos suas mãos saíram do meu cabelo e tocaram as minhas bochechas, provocando um arrepio estranho, sorri e ela pareceu sair do transe voltando a segurar meu braço e abriu a porta da sala fazendo todos olharem para nós.

A professora era uma senhora de óculos e cachos volumosos que não demorou a nos encarar com as mãos na cintura, na certa esperando uma explicação. Tranquilamente como quem já havia feito aquilo milhares de vezes a Julia se aproximou da professora.

- Perdão, me atrasei porque encontrei a novata no banheiro e ela estava passando super mal.

A mulher assentiu e fui me sentar, ela parecia realmente ter acreditado mas os olhares dos alunos ao meu redor pareciam indicar outra coisa. Nem 5 minutos depois um bilhetinho chegou na minha carteira vinda do rapaz nerd que sentava atrás de mim, franzi as sobrancelhas e ele deu de ombros.

No papel havia uma letra caprichada, que apenas séculos de cadernos de caligrafia construiriam, e estava escrito "Com a Julia? Já? Sério?", corri os olhos pela sala e ninguém parecia responsável por aquilo mas na última cadeira da minha fila dois olhos verdes e uma boca cheia em um meio sorriso me encaravam. Lizz. Ela era a única do grupo que estava na sala e respondi apenas movendo os lábios "Você está doida?" ela não pareceu entender, mas fez um movimento sugestivo para cima e para baixo com a língua que chamou a atenção da professora.

- Lizandra, faça isso novamente e você sai da sala.

O resto da semana passaria tranquilamente e pouco eu veria a Julia, o que eu não fazia ideia era que com a chegada do fim do semana as coisas realmente mudariam...