Capítulo I

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POV Felipe.

Tenho dificuldade em levantar da cama para desligar o despertador, que grita loucamente em cima da estante. Depois de desligar o objeto, fico encarando o nada a minha frente, numa tentativa falha de entender por que raios eu acordei ás 5:47 numa madrugada de domingo. Desisto de procurar uma resposta coerente para essa pergunta e me dirijo ao banheiro, para um banho gelado.
Não sei quanto tempo fiquei embaixo da água, mas foi o suficiente para acalmar meus pensamentos e acordar completamente. Coloco uma roupa qualquer e vou a cozinha, preparar a melhor droga já descoberta pelo homem: O café.
Enquanto tomo uma xícara exageradamente grande da bebida, recebo uma mensagem do Gabriel no celular.

Mensagem ON

Bom dia, seu puto.
Espero que não tenha esquecido do nosso compromisso hoje.
Te espero lá.

Abraços ;)

Mensagem OFF

Eu realmente tinha esquecido que marquei um estudo extra com ele. Encaro o relógio. 6:38. Quase atrasado.
Gabriel é meu amigo desde o 7° ano, quando ensinei a ele como se defender de valentões que tentam roubar seu dinheiro. No dia seguinte nos falamos novamente, e no outro dia também. E está assim até hoje.
Levanto da mesa e coloco a xícara na pia. Pego minha mochila e meu fone no quarto e apago todas as luzes. Abro a porta da frente, recebendo um sopro de vento congelante como "bom dia".
Enquanto ando em direção ao metrô, escutando Legião Urbana, vejo uma senhora procurando concentradamente algo no chão. Eu não deveria fazer isso. Estava atrasado. Mas fiz.

-Precisa de ajuda, senhora?- me coloco á disposição

- Hãm? Ah, olá, meu jovem ! Estou procurando meu colar que caiu por aqui... - Responde, educadamente.

- Posso ajudar, se a senhora permitir.- Ela era simpática e incrivelmente doce, o que me fez lembrar minha mãe.

- Se não for muito incômodo...- Ela diz, olhando nos meus olhos e sorrindo alegremente. Aquele sorriso me fez ganhar o dia.

Sorrio de volta e começo a procurar o tal colar no chão.

"Nosso suor sagrado..."

- É bem mais belo que esse sangue amargo..- Ela canta, me surpreendendo.

- Acho que está meio alto- Digo envergonhado, abaixando o volume do celular.

Ela apenas acena, sorrindo.

-Achei - Falo, balançando o colar pra ela. Tinha o formato de um coração e era prateado, com detalhes de folhas em volta dele.

- Meu Deus ! Achei que nunca mais encontraria - Ela parece aliviada - Obrigado, meu querido. Não sei o que faria se o perdesse.

- Disponha - Respondi, finalmente retribuindo o sorriso da senhora e entregando o colar á ela.

-Qual o seu nome? - Ela já tinha colocado o colar no pescoço e me olhava, com curiosidade.

-Felipe, e o seu?

- Loudes. Prazer em conhece-lo, Felipe. - Ela diz, estendendo a mão.

- O prazer é todo meu.- Aperto sua mão- Precisa de ajuda em mais alguma coisa?

- Não, não , muito obrigado mesmo !

-Não foi nada .. - Fico meio tenso- Desculpe, mas, se não se importa, eu tenho que ir.

-Claro, claro. Muito obrigado.

Sorrio em resposta e continuo meu trajeto ao metrô.
Paro no farol e espero ele ficar verde aos pedestres. Quando isso acontece, começo a atravessar a rua.
Na metade do caminho, sinto olhos me encarando e encaro de volta, sustentando o olhar. Eram os olhos verdes mais lindos, na pessoa mais linda, que tinha o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a vida.
Passo pela desconhecida e a sigo com o olhar.
Ela sorriu.
E eu também.

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