Capitulo III

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POV Felipe

O que acabou de acontecer aqui?

Fecho os olhos, apertando fortemente, tentando organizar os pensamentos que me carregavam para um lugar do cérebro onde eu lutei tanto para manter apenas fórmulas matemáticas e nomes de filósofos, tentando esconder todas as outras merdas da vida : A memória.

Quando finalmente concluo a tarefa, abro os olhos sentindo a pupila dilatar e voltar ao normal, se acostumando com a claridade do local. Assim que consigo enxergar alguma coisa, busco com os olhos a dona do olhar que conseguiu alterar todo o funcionamento do meu sistema nervoso.

Eu estou assustado.

Não, eu estou apenas um pouco curioso. E talvez um pouco nervoso. Curiosamente nervoso, tentando descobrir como, quando, onde e por quê ela não está na mesa á minha frente. Um pouco assustado também.

Oras, quem eu estou tentando enganar? Eu estou aterrorizado ! Como uma desconhecida conseguiu bagunçar todo o meu cérebro cuidadosamente projetado e blindado contra essas ameaças com apenas duas fixações no olhar? De quais ameaças eu estou falando? Estou tratando ela como se fosse uma ameaça, quando nem ao menos deveria estar pensando nela. Tsc tsc. Doente. Por falar nela, pra onde ela foi com aquele rapaz? Por que estou me preocupando com as respostas dessas perguntas? Sinceramente, eu já fui menos alienado. Conseguia me controlar mais. Estou perdendo a sanidade aos poucos...

Sinto algo molhado entrar em contato com minha orelha e recupero o fio de pensamento rapidamente.

- Tire essa merda de dedo da minha orelha - esbravejo sacudindo a cabeça.

- Tu ta todo bobão aí cara, tinha que te trazer a realidade de alguma forma. Olha aí, teu café até esfriou. - Diz, tomando um pouco de seu chá. Eca. Não me pergunte quando ele pegou a bebida, porque não saberei responder.

- Eu tava pensando na vida, cara. Que saco velho. Nem paz pra pensar a gente tem mais. - Eu estava... irritado?

- Que vida, Princesa? Tu só sai daquela toca pra ir pra trabalho, faculdade e ensaio. E olha que está de férias da faculdade. Aposto que não pega ninguém faz bastante tempo. - Fala rindo. Ameaço bater nele e ele se esquiva, ainda rindo.

- Vá se ferrar.- Respondo, tomando o café gelado e fazendo careta. Não se pode desperdiçar nem uma gota dessa beleza.

- Sozinho é ruim. - Faço uma cara estranha - Mas contigo deve ser pior. Quer dizer, não que eu tenha imaginado... Esquece.- Se apressa em consertar a frase.

Eu só consigo olhar confuso pra ele.

- Enfim cara, marquei um ensaio hoje ás ... - olha o horário no celular - 8:45 com a banda em seu nome .

- Eu já falei pra tu não fazer nada em meu nome - Falo encarando ele sério.

- Foi mal, velho. Mas tu anda tão desligado ultimamente que resolvi fazer isso. Espero que não tenha compromisso.- Argumenta e toma um gole de sua bebida - Não acontecerá novamente. - Finaliza com um sorriso.

- Não tenho compromisso nenhum e já são 8:32.- Informo, olhando o velho relógio na parede. Ele confirma, olhando a hora no celular. Qual o problema das pessoas com esse relógio?

- Então vamos, pô. Tu que nos atrasou aí, sonhando acordado. - Rio da ironia. É sempre ele quem se atrasa. Sozinho.

Balanço a cabeça, já me erguendo da mesa e indo pagar a minha bebida.

- Aproveita e paga o meu chá. - Fala, já saindo do local , fazendo o sino tocar.

Ao ouvir o barulho do sino, quase instantaneamente as lembranças vêem à minha mente.

Será se apenas eu vejo o quão lindo são os olhos dela?

Reviro os olhos, na tentativa ( e falha )de afastar ela dos meus pensamentos. Pego mais algumas notas da carteira, entregando à Dona Tina, que me olhava com um sorriso estranho.

- Muito obrigado, meu filho. E ela realmente tem olhos lindos. - Minha boca abre em um " O" mais que perfeito. Tento me recompor mas ja era tarde : Dona Tina já saia saltitando com um grande sorriso em direção a cozinha.

- Não sei do que a senhora está falando. - Falo alto o bastante pra que ela escute - Ou pelo menos não queria saber - digo em voz baixa, mais como uma reflexão.

Saio da loja e escuto o sino tocar.

- Vai ser lá na garagem? - Pergunto a Gabriel, que estava me esperando do lado de fora.

- Yep. - Responde animado, mexendo no celular.

Vou andando rápido, como de costume, com as mãos no bolso.

Enquanto ando, meu pensamento voa em direção à garota de olhos verdes. Como seria a voz dela? De quem será que ela herdou esses olhos? Até porque eles não me são estranhos. Eu posso jurar que já vi esses olhos em algum lugar. Podem até não serem verdes como os dela, mas que eu vi, disso eu tenho certeza.

Quando percebo, estou balançando a cabeça para tira-la de meus pensamentos. Fail.

Tiro as mãos do bolso e faço uma forma de concha e assoprando em seguida. Eu tô perdendo o pouco de sanidade que me resta. E apenas uma coisa pode estancar essa perda.

Ela.

Porra

Eu quis pensar em música, mas meu pensamento foi direto em seus olhos. O que me parece um paradoxo, porque se é ela a razão de minha perda de sanidade, como poderia também ser o que estanca essa perda? Desisto de procurar uma resposta pra isso e resolvo procurar outra coisa.. algo menos complexo.

Procuro meus fones nos bolso da calça e do moletom. Nada.

Quando me dou contra do que fiz, paro bruscamente no meio da calçada, já dando meia volta.

Gabriel me olha confuso.

- Vai indo, encontro vocês lá. - Digo entregando a chave de casa pra ele.

Ele apenas balança a cabeça e segue em frente, enquanto eu vou na direção contrária.

Chego em frente ao local onde deixei a mochila, me xigando de todos os palavrões possíveis. Estava atrasado para o ensaio. Odeio atrasos.

Giro a maçaneta e me jogo dentro do local. Mas antes de adentrar completamente no local, sinto um impacto me jogar para trás, com uma dor de cabeça horrível. Por instinto, tento me equilibrar segurando no corpo que bateu no meu, ainda com os olhos fechados. Sinto minhas mãos tocando uma cintura. Uma cintura feminina.

Oh merda.

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N/A: Perdão pela demora na postagem. Eu realmente devo não levar muito jeito com palavras.

Perdão novamente.

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⏰ Última atualização: Jan 30, 2021 ⏰

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