O diário

O contato

Aquelas luzes eram reais e meus sentidos não paravam, minha mente lúcida não descansava, mas minhas mãos pareciam estar dormentes e minha cabeça a qual estava reclinada em direção a luminosidade que emanava dali contemplava um céu que não poderia ser ilusão. Em meio aqueles próximos segundos entendi que fui lesado nas alegrias, porém tinha consciência de que agora seria o que nunca havia sido e antes de saber o que seria tinha que ser o que sou. Basta entender que minha alma se encontra em um lugar frio e sem expectativas de fuga, mas posso lhe afirmar com veemência que é melhor do que onde sempre esteve, talvez esse conforto de sentir que não se está sozinho no universo preencha alguma necessidade ou lacuna psicológica, sempre atentando - se ao fato de que a correlação entre a loucura e a sanidade são separada por milímetros de neurônios interligados dentro do funcionamento de um sistema neurológico. Após aceitar a solidão de uma vida precoce e breve envolta de uma imensa quantidade de desejos realizados, em uma madrugada enquanto refletia em um sonho interminavél, acordei ofegante e sem ar, entendo que aquela era uma oportunidade de ida para uma compreenção além da média, além do convencional, apesar de encarar o óbvio, " Após perceber que você nunca mais será o que foi, são adquiridos hábitos diferentes daqueles antes praticados" há quem passe a amar e outros a odiar, existe quem nunca mais olha para trás e os que nunca deixam de amar e os que nunca mais seguem em frente, sai pela porta da frente onde a lua brilhava com um forte clarão, o aroma de mato molhado do sereno noturno indicava um tranquilo caminhar para os meus pés, passei pela relva cheguei na beira da estrada observando a energia da lua, a luz da lua se intensificava e eu mantinha meu olhar fixo em sua direção, as luz se transformaram em luzes e ficaram fortes demais para manter os olhos abertos, então fechei - os e preferi apenas manter minha fé e sentir.
Dali por diante as dores se intensificaram e senti minha matéria sumir.
O que aqui é uma fração de segundos, onde eu estava é atemporal um minuto é um milênio e vice - versa, eu estava lá observando todo nosso progresso, que demorará milênios, e regressei para viver isso nos minutos que a vida na terra significa perante o universo infinito. Acordei sentado na beira da estrada, nú, mais magro, mais jovem e sem dores naquele corpo que levava minha mente e suas lembraças, percebi que agora o sol brilhava e ao longe já podia vizualisar a entrada, a cerca, o caminho ia se formando, encontrei minhas roupas pelo chão ainda com a visão um pouco debilitada, vesti -me, segui em frente sentindo que meu corpo estava muito mais forte, a falta de ar e as dores foram substituidas por uma imensa vontade de viver com aquele entendimento de saber sobre o que não consegue se ver, mas sabe - se que está lá, corri minhas pernas eram fortes meus pulmões também, a cerca se aproximava e o caminho de volta foi mais longo do que o esperado, a volta foi tão rápida que eu seria, sem saber o que seria, apenas segui e entrei na choupana que agora reluzia na luz e o calor do sol.