Capítulo 3 - É Você

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ELLA GRIFFEN

Sentada no fundo da sala, sozinha enquanto os poucos alunos que estavam presentes na sala, se sentaram próximos a mesa do professor para conversar, o restante dos alunos havia faltado por conta de uma "festinha de amigos" na casa de um deles na noite anterior. Os murmurinhos nos corredores era que alguns desses alunos não resistiram a noite toda e caíram pelos cantos da casa, completamente bêbados e dormiram, provavelmente ressaca era a justificativa para suas faltas.

O professor estava passando matéria na lousa, sem se importar com a conversa daquele pequeno grupo em frente sua mesa, mas eu estava pensativa demais para prestar atenção na conversa deles e muito menos para copiar o conteúdo que estava sendo colocado naquele maldito quadro.

Meu lápis batia na ponta da mesa causando um som irritante, mas eu não tinha a intenção de parar, se quer estava prestando atenção naquele gesto, estava concentrada demais em meus pensamentos.

— Algum problema com seus materiais, senhorita Griffen? — Despertei dos meus devaneios com a pergunta do professor e olhares dos outros alunos, que riam de mim.

— N-não. Nenhum.

— Então pegue suas coisas e comece a copiar. — Ele era autoritário comigo. Apenas comigo.

Concordei com a cabeça e abri minha mochila, encarando todos os meus cadernos e aquele livro. Por que eu estava o carregando comigo quando eu o queria longe?

Peguei apenas o livro e o coloquei em minha frente, me ajeitei na cadeira e o abri, encarando a classe em minha frente, que estava vazia, até que em um piscar de olhos Justin apareceu ali. O garoto estava de costas para mim, possibilitando a minha visão para algumas cicatrizes que ele tinha em seu pescoço.

Ele se virou de frente para mim e virou mais algumas páginas do livro, tocando-o e fazendo letras se formarem no centro do caderno.

"Escreva, apenas eu posso te ver!

Não há de querer ser a louca entre eles."

O encarei e mordi a ponta do lápis sem saber como escrever. Tenho insegurança quando o assunto são palavras, textos em geral e em sentimentos.

Ele tocou o livro mais uma vez e as palavras começavam a surgir logo a baixo. Letras bem traçadas, tinha inveja da sua caligrafia.

"Como uma história, apenas use as palavras, Ella."

"— Se apenas eu posso te ver, por que você não fala?"

Ele riu ao ler o que estava escrito e me olhou de relance, antes de dar-me uma resposta.

"Creio que se eu falar, você não vai conseguir manter seus belos lábios juntos e vai acabar falando. Então também escreverei."

" Belos lábios? Ah, um demônio pervertido."

"Você não sabe o que significa pervertido ou não está sendo flertada corretamente pelos garotos, aparentemente metidos a ricos, que você tem em sua sala."

"— Me conte sobre você."

Mudei o assunto, acho que saber o que está acontecendo é mais importante do que falar sobre o que meus colegas acham de mim, não é nada interessante e eu agradeço por eles não sentirem nada demais por mim já que eu sinto repulsa apenas de saber que tenho que conviver por algumas horas com esses animais.

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