Capítulo 4 - Matar seus demônios

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ELLA GRIFFEN

Entrei correndo em casa e fui em direção as escadas, mas só consegui subir os primeiros degraus, ouvindo a voz do meu pai, o que me assustou e acabei deixando escapar das minhas mãos o livro, que caiu os degraus e caiu aberto no chão, libertando Justin, mas eu não o vi em lugar algum daquela sala.

— O que está fazendo em casa mocinha, não deveria estar na escola? — Encarei meu pai que saia da cozinha com Dark em seus braços. Foi então que percebi a presença do demônio logo atrás dele, como se estivesse sentindo seu cheiro ou algo do tipo. — Me responda, Ella.

— Ouve dois suicídios na escola, todos foram liberados. — Disse apressada, descendo as escadas e segurando o livro em mãos, vendo manchas de sangue pelas páginas, o que me fez fecha-lo mais uma vez.

— Como isso? Ella, você está bem com tudo isso?

O encarei e respirei fundo sem saber o que responder. Tudo que aconteceu era errado, aquele sangue apesar de tudo era sangue inocente de quem não havia feito nada demais, apesar da arrogância que nada mais é que a característica de alguns humanos.

— É, e-eu acho que sim. — Forcei meu melhor sorriso e andei até ele, beijando sua bochecha. — Só preciso descansar um pouco.

— Deixarei meu celular ligado, se precisar eu voltarei correndo. — Ele sorriu sem mostrar os dentes e acariciou meu rosto, depositando um beijo em minha testa e saiu da casa, me deixando sozinha em casa. Provavelmente ele não voltaria para casa hoje, apenas as 3 horas da madrugada, saindo para o trabalho novamente depois que eu chegasse da aula ou antes.

Tranquei a porta da casa e corri para o meu quarto, trancando a porta também e abrindo o livro, o jogando na cama.

— Está com medo, pequena? — Sua voz soou tão doce e baixa perto do meu ouvido, e eu movi a cabeça, negando quando na verdade o que eu mais tinha era medo de que ele fizesse algo.

— Por que fez aquilo?

— Apenas obedeci suas ordens. — Senti suas mãos passando pela minha nuca, soltando meu cabelo e o arrumando assim que parou em minha frente.

— Eu não queria isso, agora eu serei morta. Me diga que pode desfazer isso.

Ele sorriu e balançou a cabeça se virando e indo em direção a minha cama e se deitou na mesma. Colocou os braços abaixo da cabeça e me encarou.

— Por quê você? — Fiz uma feição confusa sem entender sua pergunta. — Todos que abriram o livro, todos os sete, eles eram audaciosos ao extremo, eles pareciam interessados em tudo que eu podia fazer. Mas você... ah, você se nega a acreditar em mim.

Senti minhas costas baterem contra parede, com meus braços presos para cima, enquanto seu corpo se aproximava mais do meu, juntando-os. Meus lábios se encontravam entreabertos por conta da respiração ofegante depois de Justin ter se levantando da cama e me empurrado contra a parede do quarto.

— Uma alma inocente? Eu nunca entendi isso, nem mesmo quando vivo. Por que os bons são somente aqueles com uma alma inocente, boa ou pura, seja lá qual seja a palavra mais apta para se usar. — Seu rosto se aproximou do meu, ele fechou os olhos, mas logo em seguida os abriu, deixando-me ver de mais perto seus olhos escuros como a noite. — Ninguém nunca me informou ao certo porque estou aqui. Eu não tenho uma história.

— E-eu...

Gaguejei, e antes que pudesse raciocinar direito para elaborar uma resposta convincente, senti os lábios dele contra o meu. Arregalei os olhos, eu queria me afastar, mas não podia. Senti algo perfurar meu lábio inferior, gemi de dor contra os lábios do demônio, sentindo o gosto de sangue tomar conta da minha boca.

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