Perguntas

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Capítulo 4

- Perguntas

- Arabella Lockhart


- Bom dia, parforcenses - a diretora, Margarett, subiu no pequeno palco que haviam montado na praça central e cumprimentou toda a pequena população da cidade por meio de um microfone -, e bem vindos a premiação dos alunos vencedores das olimpíadas de matemática nacional - ela disse sorrindo e abrindo um pouco os braços com sua empolgação.

Todos aplaudimos, e as pessoas que estavam sendo impedidas de nos pisotear por guardas gritaram mais alto do que antes.

- Eles estão bem animadinhos - Demetria sussurrou ao meu lado e não me candidatei a responde-la, ela sabia que eles só estavam ali para chamar a minha atenção como se eu realmente fosse qualquer celebridade e eles precisassem de um pedaço de mim para comprovar que eu sou real.

- Nunca vou entender tudo isso - comentei antes de as palmas cessarem.

- Hoje com todos esses alunos presentes aqui temos também a presença de nossa princesa, Arabella Lockhart - Margarett anunciou dando o sinal para eu subir ao palco.

Caminhei até ela, lá havia um pequeno e simples pedestal onde poderia deixar apoiada minha agenda, eu a abri e deixe a última folha, a que quase estava totalmente inutilizável, a mostra. Meu discurso eu saberia até o próximo ano se quisesse, não precisava lê-lo durante minha fala. Ele era simples, mas em minha opinião passava tudo de necessário, afinal, eu não queria me comunicar com a mídia e sim com as crianças.

- Bom dia a todos - foi a primeira coisa que pronunciei ao microfone -, eu estou muito feliz por tantas pessoas estarem aqui para verem a vitória dessas crianças talentosas - eu disse com um sorriso leve nos lábios e todos bateram palmas.

Minha língua quase queimava de tão burra que eu estava me fazendo passar, mas uma das coisas que eu aprendi é que às vezes o que o povo vai escutar não é realmente minha opinião e sim o que eles necessitam escutar. Quando algo não dá certo no país e eu ainda acredito que possa funcionar não é isso que eu deveria passar para o povo, eu deveria ser honesta. Nossas leis eram constituídas de verdade e honra e eu deveria ser assim, falar pelo o que estávamos passando, mas dizer com esperança e sinceridade aquilo que eles precisavam ouvir para acreditar no futuro. Naquele instante elas necessitavam saber que eu via cada um deles e sabia da presença deles, eles queriam ser vistos e eu estava bem ali para isso, para agradecer a confiança deles e não apenas tinha como precisava agradecer.

- É uma honra estar na presença de cada um de vocês - falei olhando para a multidão e houve mais uma rápida gritaria -, principalmente dessas crianças que estão aqui presentes. Mas - comecei a acrescentar com um sorriso um pouco maior -, não é porque só vocês estão aqui que os outros não são vencedores, todos que se esforçaram e se auto conduziram para conquistar uma medalha no concurso educacional, um concurso tão maravilhoso para estimular nosso futuro, que são essas crianças, para algo melhor, já são ganhadores, são verdadeiros vencedores e merecedores de palmas, então, por favor, uma salva de palmas para todas as crianças de Parforce - eu mesma comecei a bater palmas e todos me acompanharam, até mesmo a multidão que até agora só sabia gritar.

- E vocês - falei olhando de rosto em rosto cada criança ali presente -, parabéns! - dei um sorriso aberto e a última criança na fileira deu um pulinho, ainda sentada, com um enorme sorriso - Continuem progredindo para fazer nosso país crescer, vocês, e apenas vocês, podem fazer as conquistas que nós ainda não conseguimos! Só vocês - voltei a mirar as câmeras, os adultos e meus acompanhantes - podem lutar por um futuro mais rico para o nosso país, não rico em termos de dinheiro, mas de felicidade, harmonia entre qualquer etnia, sem discriminações ou guerras - falei balançando a cabeça levemente para reforçar o quanto aquilo qualquer guerra era repulsivo para nós, seres humanos - e eu acredito em vocês e sei que conseguiram com esforço e força de vontade - todos ficaram em silêncio.

ArabellaOnde histórias criam vida. Descubra agora