A primeira coisa que eu fiz foi exatamente nada, a segunda foi tentar assimilar o que o médico tinha acabado de me falar e se eu estava ouvindo aquilo mesmo, a terceira..bom..a terceira foi pensar que eu teria que viver o mais intensamente possível a minha vida, já não era mais nenhum garoto e tinha que aproveitar o máximo, viajar, correr, pular, beber, transar, passar o tempo com as pessoas que eu amasse, sair, me divertir como se não houvesse amanhã...antes que isso acabasse comigo.
* * *
Hoje, completa 1 mês de um ano que o médico me deu de vida. Acho que está meio óbvio que eu tenho câncer, osteossarcoma, afeta os ossos, no meu caso já esta num estado um pouco avançado, então não tenho, muito tempo de vida. Se pararmos para pensar um ano não é nada, há dias em que você se encontra sem fazer absolutamente coisa alguma e se dá conta de que a umas meses atrás era o primeiro dia do ano e agora já está na metade. Um ano...não é nada, por isso quero fazer esse tempo valer a pena, valer muito a pena.
"Bom dia", logo que entro na cozinha, pego uma caneca e café, não vivo sem café, acho que morreria sem café..o que não é muito difícil, já que literalmente, vou bater as botas.
"Bom dia amor", seca as mãos em um pano de prato e pega pão para preparar torradas.
"Talvez mais tarde vou sair com o Grant, não me espere senhora", faço uma voz estranha e ela me olha, Grant é meu amigo, digamos que melhor amigo. Nos conhecemos desde bebês, literalmente bebês...fico me perguntando, como eu aguentei/aguento aquele mala todos esses anos, é...34 anos...
"Tudo bem, só tenha cuidado Sam!", sabia que ela ia falar isso, ela sempre fala isso! Essa é minha mãe, Lisa e sua preocupação de mãe.
"Sim senhora", faço sinal de soldado pra ela que dá uma leve risada. "Eu vou dar uma volta por ai, volto até o almoço", deixo a caneca vazia em cima da pia e dou um beijo em sua bochecha.
Hoje, o dia estava realmente bom, ensolarado mas com uma leve brisa no ar. Às vezes eu penso em como foi tudo até agora, quando minha mãe soube do câncer ela surtou! Por pior que seja saber que vou morrer, é uma mãe saber que seu filho vai morrer. Agora está tudo em seus conformes...claro, eu não a julgo por ela ter ficado como ficou, o médico disse "você tem câncer Sam" o que ela entendeu "seu filho vai morrer".
Estava andando distraído quando eu esbarro com tudo em alguém e esse alguém supostamente caiu no chão."Olha pra onde anda!", ela diz, toda nervosa ainda no chão, como se eu tivesse culpa de ter trombado nela, ela também não devia estar prestando atenção.
"Eu? Se você tivesse prestando atenção, iria desviar.",falo, ajudando-a se levantar. "De qualquer forma, desculpe, por ter trombado na senhorita" falo com ironia.
"Tanto faz, meu dia já tá ótimo e ainda mais essa...", diz, passando a mão na roupa pra limpar, o que não dá muito certo...e foi então que reparei como ela era: cabelos castanhos com uma leve tonalidade dourada em alguns fios, um pouco abaixo dos seios, era baixa (pelo menos em comparação a mim) e estava usando camisa de banda, calça jeans e tênis.
"Por que você tá me olhando tanto?", fala, me olhando confusa, nem tinha percebido que não tinha parado que olhar pra ela...droga.
"É só que...te achei bonita. É...Me desculpe...eu preciso ir.." ,falo, desconcertado com toda aquela cena e saio de lá o mais rápido possível.
- g a b y -
VOCÊ ESTÁ LENDO
'Sam&Sam' [hiatus]
RomanceEle tem mais 365 dias de vida. Ela tem a vida toda pela frente, mas não sabia o que fazer. Ele queria fazer o máximo de coisas possíveis, viver intensamente e acima de tudo, ser feliz. Ela teve toda a sua felicidade arrancada de si, quando seus pais...