Capítulo 4

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Já alguma vez te apaixonaste por alguém? Não me refiro às simples trocas de olhares, ou vontade de conhecer a pessoa porque é gira, estou a falar de algo mais sério. Já alguma vez conheceste uma pessoa e quiseste guardá-la num pote e esconde-la na tua mala para ter a certeza de que ela não iria a lado nenhum? É ridículo, mas temos essa tendência. Quando conhecemos alguém e gostamos da pessoa, quando gostamos muito da pessoa e de como ela nos faz sentir a primeira coisa que nos ocorre é de como a queremos manter na nossa vida a todo o custo, e escondê-la no bolso não deixa de ser uma boa opção. Assim íamos ter a certeza que a pessoa estava lá em todos os momentos necessários! Mas não é assim que as coisas funcionam, não podemos simplesmente amarrar alguém a nós e obrigá-lo a ficar colado a nós para sempre, nunca ficaríamos com o melhor dessa pessoa. O melhor das pessoas vem ao de cima, quando estão felizes e isso só acontece quando estamos com quem queremos estar e mais importante, onde queremos estar. Por muito que gostasse de meter-te num pote e levar-te comigo para todo o lado, não posso, pois tu não estarias onde queres estar, e depois não serias a mesma pessoa, e isso ia magoar-me. Magoar-me-ia mais ter-te aqui fisicamente e não te ter, do que deixar-te ir e saber que ficavas comigo. Mas é sempre difícil de aceitar isso, podemos até perceber que este é o melhor caminho, racionalmente, mas há uma parte de nós que nunca aceitará. Há uma parte de mim, que mesmo sabendo tudo isto, te quer aqui, e confesso que é uma grande parte de mim. Consigo pintar a imagem na minha cabeça, mil e um braços a sair de mim e a agarrarem-te. Não devia, mas dá-me imensa vontade de rir, pensar nisso.

É um bocadinho um paradoxo: se te mantivesse agarrado a mim, tu ias mudar e isso ia magoar-me, mas tendo-te longe a falar comigo por mensagens, emails e Skype é doloroso. Mas o que dói mais não é a distância, sabes? Porque eu até conseguia conviver com a distância, consigo conviver com a distância muito bem no meu dia a dia e em muitas das minhas relações, a distância não é o meu problema. O meu problema é a indiferença, sabes?

Todos os dias eu faço o mesmo, acordo, vou à escola e volto, e todos os dias, num dos meus momentos miseráveis de estudante eu me lembro de ti, de alguma palavra que me disseste da última vez que estivemos juntos ou ao telefone.

O meu problema não é a distância! O meu problema é saber que eu não te faço tanta falta como tu me fazes a mim, o meu problema é saber que faça eu o que fizer eu nunca serei para ti tão importante como tu és para mim. Mas, sabes, falei com várias pessoas sobre isto, claro não mencionei nomes, mas falei com elas, e acho que todos sentimos o mesmo! É como se estivéssemos em círculo: eu gosto de ti, tu até me achas piada, mas estás mais interessado noutra pessoa, que por sua vez também anda atrás de outra... Enfim, acho que percebeste a ideia.

Acho que até se pode dizer que seja normal, natural. Tu foste uma lufada de ar fresco para mim, és diferente de qualquer pessoa que eu conheça até agora, mas eu não, eu sou bastante normal e vulgar, como todas as outras pessoas que conheces. E, quase de certeza, que tu tens uma lufada de ar fresco na tua vida, alguém único e diferente e por isso é normal que invistas o teu tempo mais nessa pessoa, tal como eu invisto o meu tempo em ti.

O problema é que as coisas não funcionam assim. Não podes simplesmente entrar na vida de alguém e sair quando quiseres. Tu podes entrar e conhecer a pessoa até um determinado nível (superficial) e a partir daí, se decidires continuar na vida dela, não podes simplesmente desaparecer! Não podias simplesmente ter desaparecido...

Nunca pensei cair nestes clichés, dizer que 'fazias falta na minha vida' ou 'tudo está diferente, agora', mas a verdade é que está! E, acredita, que eu preferia que não, mas sei lá, tu entraste na minha vida com aquele teu charme e um brilho que cativaria até o coração mais gelado do mundo (o meu). Quando dei por mim já era tarde demais, já estavas em todo o lado: no meu facebook, no meu telemóvel, email, mais tarde no meu pensamento e no meu coração, foste-te espalhando como veneno, e num par de dias fizeste-te uma prioridade, espero que não tenha sido de propósito, porque se foi, foi muito maldoso da tua parte.

Ainda assim, não te consigo desejar mal, não tenho desejo de vingança, embora tu merecesses que alguém te magoasse bastante. Acho que agora só me sobra aquele sentimento de 'Eu sei que se fosse eu...', sabes? Ver-te passar com outra pessoa que não eu, ver-te enganar outra pessoa que não eu, ver-te ser enganado, traído, maltratado e saber que eu nunca faria isso, mas para ti isso não interessa. O coração quer o que quer, não é? É pena que os nossos não queiram o mesmo.

Jéssica Costa, 16
18/04/2016

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