Segundo capítulo

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Susan:

    Acordei com o celular tocando, ainda sonolenta o atendi era Rodrigo ele me contou que provavelmente havia uma vítima que tinha escapado do assassino que estamos procurando. Disse que iria interroga-la e manda-la  embora, o impedi anunciando que eu chegaria lá em alguns instantes, e que faria questão de fazer o interrogatório. Então ele disse que iria segura-lá até que eu chegasse. Hoje era meu dia de trabalhar só depois das 13:00, cada um de nós temos esse dia na semana. Mais fiquei tão empolgada com a  notícia que acabara de receber e não pensei duas vezes em ir direto para delegacia. E como sempre meu trabalho, minha prioridade.
    Fiz minhas higienes, vesti uma calça jeans, uma regata branca e calçei um sapato fechado na cor preta com salto grosso, pois sempre uso calçados com saltos altos, sou baixa então gosto. "Para subir um pouquinho na vida." (Risos) como disse uma atriz que não me recordo agora em uma entrevista que vi uma vez no programa estrelas. Peguei minha bolsa, esperei  por um táxi de novo. Porque meu carro ainda está  no concerto, e hoje terei que buscá-lo.
    Quando entrei  já  avistei  a moça  sentada ao lado de minha equipe, parecia amedrontada. Desejei um bom dia a todos e fui em sua direção já  informando:

— Eu quem farei as perguntas para  você — Puxei  a cadeira da minha  mesa e me sentei.

Vi o nome, endereço e profissão dela em sua ficha. estavam todos presentes quando comecei a interrogar.

— Então senhorita conte-me como ocorreu.

— Bom como você  já deve ter lido ai eu trabalho a noite como garçonete, e à alguns dias eu tive uma sensação  de que estava sendo seguida por alguém, toda vez em que eu passava por um pedaço do beco em direção a minha casa. O lugar tem pouca iluminação e a rua é de asfalto bem danificado, as paredes são pixadas com desenhos sinistros. E como estava chovendo por esses dias o local cheirava ruim, um cheiro de mofo, era totalmente solitário naquele horário —  ela deu uma pausa e continuou —  ou seja, as 23:00 horas só eu passava por ali. Então era audível barulhos de sapos e grilos e as vezes até encontrava algum gato correndo por lá, fuçando as lixeiras, atrás de comida. E como este cenário me deixava assustada eu não levei em consideração a minha sensação de estar sendo observada, pensei que fosse algo projetado pelo meu medo. Eu moro com uma amiga a gente divide o aluguel, e como ela trabalha pela manhã não pode vir me encontrar, pois dorme cedo, então eu tenho que voltar sozinha. Por alguns dias o irmão dela veio visita-la, e Desirée pediu que nesse dia (ontem) ele me esperasse no começo do beco. Eu não sabia que ele viria, pois não tenho tanta intimidade com ele para pedir favores e então, sai do trabalho alguns minuto mais cedo e segui, como faço todos os dias. Chovia bastante abri meu guarda chuva e ponhei meu casaco. De repente vi um carro parar atrás de mim, isso  antes de chegar no beco. O homem abriu o vidro e me ofereceu uma carona, eu recusei. Ele parecia bonito não vi direito mas aparentava ter uns 29 anos, pois estava escuro e ainda chovia, então não mostrava muita coisa. O carro era preto, eu acho que era um Vectra, eu continuei andando quando alguém  segurou minha bolsa e disse:

— Espera moça.

— Já falei que não quero carona —  respondi dando passos mais rápidos.

— Então deixa-me acompanha-la  —   ele pediu.

— Não pre...

Scarlet começou a chorar

— Acalme-se senhorita — peguei em sua não que estava fria como gelo — agora você está segura. — ela secou as lágrimas. E continuou.
  
— Antes que eu terminasse de falar ele me empurrou contra parede batendo minha cabeça com força e tampando minha boca. Eu me debatia tentando me livrar. Ele foi me arrastando próximo ao carro, quando estávamos bem perto ouvi Bruno gritar:

— Solta ela, solta ela, Scarlet é você? — ele perguntou surpreso vindo correndo em nossa direção.

— Então o homem me jogou no chão. Me ralando toda, e entrou no carro dando partida, Bruno tentou correr atrás mas foi em vão, ele saiu disparado correndo em alta velocidade. Em seguida Bruno veio me socorrer e fomos pra casa. — Se não fosse ele eu estaria morta agora — ela respirou fundo — Ai eu vi  o noticiário falando sobre os assassinatos de mulheres de 20 aos 30 anos. E como me encaixo nessa faixa resolvi vir tentar ajudar  em algo. — terminou ela parecendo bem nervosa. 

— Fez muito bem Scarlet, anotou tudo ai John?

Ele fez que sim e então comuniquei:

— Você terá de fazer um retrato dele com todos detalhes que se lembrar, acha que consegue? — olhei em seus olhos ela aparentava estar exausta e tinha ferimentos na cabeça.

— Não vi muita coisa, mas tentarei.

Mandei Scarlet para a sala do desenhista, para fazer o retrato falado.

— Ela poderia ter morrido se esse rapaz não estivesse ido busca-lá. — comentei com os meninos

— Verdade — responderam em coro — Vão para o local agora mesmo, e veja se encontram algo que possa nos dar alguma pista, logo apareço por lá, vou esperar o retrato falado primeiro. E mandem fazer rondas no beco pela noite.

    Cheguei no local depois de uma hora e eles me disseram que não encontraram nada lá que pudesse ajudar a desvendar o caso. Mas para mim alguma coisa tinha que ter pois com certeza ele e a observava a dias. Comecei a vagar de um lado para o outro. Quando avistei uma rachadura na parede que cabia uma pessoa, tinha umas marcas de pé e papéis de balas mais muitos mesmo. Como se alguém estivesse por muito tempo ali esperando por algo. Então mandei extrair o tamanho das pegadas, e as cascas de balas também com todo cuidado pois poderia ter alguma digital ali. Mandei-as para análise, elas estariam prontas só amanhã. Resolvi ir para casa e descansar um pouco pois o dia foi exaustivo. Tomei meu banho, comi e deitei pegando um álbum de família para ver, pois estava com muitas saudades de minha mãe e irmã, elas são tudo para mim, moram no interior do Paraná, parte da família é de lá onde nasci e cresci também. Mas me mudei para São Paulo pra seguir minha carreira de investigadora, me dei muito bem e em pleno 25 anos de idade virei uma das melhores do Brasil ou a melhor é o que dizem. Já resolvi muitos casos mais esse está sendo um dos piores  ou o pior. O bizarro é um assassino viciado em balas de menta, isso mostra que "você pode se tornar tudo na vida, mas nunca deixa seus costumes de lado." E é assim que pretendo pega-lo.
   Chegando quase no fim do álbum vi uma foto que me fez chorar. Eu aos 16 anos com meu falecido pai, como sinto saudades dele. Ele estaria muito orgulhoso se me visse como estou hoje em relação a minha profissão. E foi chorando que peguei no sono. 

O AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora