A manhã do sétimo dia despertou calmamente na escuridão já rotineira, como também perdidamente mergulhada no próprio caos que atormentava cada indivíduo daquele universo. Ao menos, o fogaréu nos bosques apagara-se, deixando para trás apenas cinzas escuras e destruição. Quanto aos mares e lagos, esses ainda permaneciam congelados, principalmente porque um frio intenso estava assombrando o ambiente.
Tina, entretanto, relutava em levantar-se da cama tão confortável. Seus olhos mal haviam se fechados durante toda a interminável noite, pois ficara constantemente remoendo o que Amon dissera no Palácio de Anga, oscilando em recordar tudo o que vivenciara até aquele dia. A jovem pensava nas objetivas palavras do Guardião, mas era uma tarefa muito árdua assimilar e aceitar a proposta dele sem enlouquecer. Contudo, confiar em Ósman tornou-se, de um instante para outro, quase impossível.
A mulher, castigando a procrastinação que dominava seu corpo, foi arrumar-se. Decidida a usar um longo vestido bege com detalhes amarronzados e de mangas cumpridas, feito de lã no seu estado natural, permitiu que os cachos ruivos caíssem desajeitados sobre o rosto, sem se preocupar se os olhos azuis celestiais encontravam-se um pouco escondidos. Por fim, sobre os pequenos e delicados lábios, optou em colori-los com um pouco de uma calda que poderia ser confundida com mel, deixando a boca em um tom próximo do marrom.
Ela estava terminando de contornar a perna esquerda com os laços da sandália, quando o som de alguém batendo em sua porta a fez se apressar.
– Estou indo! – Tina falou altamente, esperando que, independente de quem fosse, pudesse ter ouvido.
A mersana atravessou apressadamente o corredor da sua moradia e chegou até a entrada, abrindo prontamente a porta.
Em sua frente, para a sua surpresa, não havia absolutamente ninguém. Ela olhou para além da abertura, buscando encontrar alguém que estivesse perto, mas de nada adiantou, pois estava completamente sozinha. Tina, estranhando a situação, moveu a porta para fechá-la, porém, ao fazer isso, um pequeno papel enrolado mostrou-se na dobradiça. A moça, com os dedos caminhando devagar, tocou e puxou com leveza o bilhete, desenrolando-o e evidenciando uma caligrafia forte e escura.
"No instante em que a quarta badalada soar, encontre-me rapidamente ao lado de fora do Palácio. Estarei aguardando.
Não me decepcione e, lembre-se, isso não é um pedido."
Embora não houvesse uma assinatura exata, ela reconhecia perfeitamente aquelas letras quadradas e rígidas. Assim, um calafrio percorreu seu corpo, esclarecendo que aquela mensagem em suas mãos era extremamente ameaçadora.
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Cadent
FantasiaComo descobrir qual é a verdade? Como ter certeza do que é correto? Essa não é a história de apenas uma pessoa, tampouco de um mero planeta, e sim de muitos universos e de segredos e dúvidas que despertaram desde os primórdios da vida, quando havia...