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"E quando chega a noite e eu não consigo dormir,

Meu coração acelera e eu sozinho aqui,

Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão,

Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão..."

(A noite - Tiê)

Stefan não conseguia dormir. Por mais que ele tentasse fechar os olhos e não pensar em nada, ele simplesmente não era capaz. Os seus pensamentos eram tão teimosos quanto ele próprio, além de serem atraídos constantemente à uma certa garota loira. Ele não conseguiria evitar.

Fazia muito tempo desde que Stefan tinha visto Caroline pessoalmente, e desde que ele a viu frente à frente depois de anos, ele não conseguia esquecer do seu olhar quebrado ao olhar para ele.

O olhar quebrado de uma garota quebrada.

Uma garota com o coração quebrado, assim como o dele.

O coração que ele quebrou.

Stefan carregava agora uma dor imensa em seus ombros. Não era culpa, não era ódio. Era só... dor.

Há três anos, ele fez a sua escolha. Ele escolheu deixa-la ir. Ele escolheu deixa-la ter segurança, o que ele não podia oferecer naquele momento. Ele escolheu deixa-la ser feliz, ao ser mãe de duas garotinhas, algo que ele jamais seria capaz de oferecer à ela, a chance de ter filhos, com ele.

Ele pensou que era a melhor decisão. Deixar Caroline ter a chance de ser mãe, de ser feliz e de estar segura, pois ele não podia oferecer nada daquilo à ela...

Mas no fundo, ele sabia que foi egoísta.

Egoísta por não ter deixado ela mesmo decidir.

Mas ele estava com tanto medo... Medo de deixa-la escolher e...

Ela não o escolher.

Mas anos depois, ele percebe o quão incorrigível foi o seu erro.

Ele tinha perdido tantos coisas nesse caminho, mas nada tão insubstituível quanto ela, quanto a garota que ele amava.

Ele tinha estragado tudo e ele sabia disso, mas no fundo, ele ainda tinha esperanças que quando ele reencontrasse Caroline, eles poderiam concertar isso. Juntos.

Como ele estava errado...

E quando a verdade atingiu-lhe, foi como um tiro na cara, no coração. Quando ela o olhou depois de tanto tempo, ele percebeu o quanto ele a quebrou.

Mas o pior veio em seguida...

...

— Caroline

A garota parou na metade do caminho até a porta, mas não se virou para encarar ele. Ela não sabia se estava preparada para fazer isso, não depois de tanto tempo... tanta dor.

Mas ela ignorou tudo isso e respirou fundo, e virou-se com o seu melhor rosto de indiferença. Ela não deixaria ele ver o quanto ela estava abalada por tê-lo ali. Ela não se deixaria desabar na frente da pessoa que quebrou o seu coração em milhares de pedacinhos.

— Sim?

Stefan engoliu em seco ao encarar o azul gelado dos seus olhos e ao perceber a indiferença em sua voz. Ele sentiu o seu estomago se contorcer.

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