23. Olá solidão, adeus Nova York

49 4 1
                                    


Ainda eram 7:30 da manhã. Como eu havia previsto, não consegui dormi. Passei a noite fazendo a mesma coisa: chorando. Se eu dormi, foi por 1 hora no máximo. Eu me perguntava a todo momento qual seria a minha reação ao ver ele naquele dia. Provavelmente eu teria que voltar ao lado dele no avião e eu realmente não queria dar chance pra nenhum tipo de reaproximação. Estava decidido! Eu ia embora mais cedo. Assim não teria que vê-lo e nem teria que voltar com ele no avião.

Parei de chorar. Eu agora estava pensando se eu tinha o dinheiro suficiente pra comprar a passagem. Me lembrei que já tínhamos as passagens de volta reservadas, mas era só pro voo da noite. Eu teria que comprar uma outra passagem. Eu ia embora antes que todos acordassem. Eu sabia que ninguém me deixaria ir embora sozinha, ninguém me entenderia. Me sentei na cama, olhei para a cama de Bia. Ela estava dormindo. Me levantei, devagar. Peguei alguns sapatos que estavam espalhados pelo quarto e coloquei em minha mala. Arrastei a mala com dificuldade pra fora do quarto e a deixei no corredor. Peguei minha escova de dente, escova de cabelo e a roupa que eu vestiria. Entrei no banheiro, escovei os dentes, penteei o cabelo e me troquei. Eu estava fazendo o mínimo de barulho possível.


Desci as escadas, enquanto arrastava a minha mala escada abaixo. Cheguei no andar de baixo e voltei a sentir meu coração doer. Foi bem ali que eu e Jos brigamos. Foi bem ali que o Jos me disse aquelas coisas horríveis. Foi bem ali que acabou.


Peguei a agenda telefônica e liguei pra primeira companhia de táxi que achei. O táxi chegaria em 15 minutos. Aproveitei esse tempo para fazer um tour pela casa. Eu não voltaria a vê-la tão cedo. Passei pela cozinha e cheguei no quintal. Ri sozinha ao me lembrar da briga de galo que fizemos na piscina, dias atrás. Olhei pro topo do gramado, senti um aperto no coração. Me lembrei de quando eu e Jos vimos o nascer do sol juntos. Lembrei de quando Jos disse as coisas que ele adorava em mim e disse que gostava de mim. Também me lembrei do forte abraço que ele havia me dado naquele mesmo lugar. Sorri sozinha, porém as lágrimas voltaram a alcançar os meus olhos. Passei as mãos pelos meus olhos antes que elas pudessem escorrer pelo meu rosto.


Voltei a entrar na casa. Eu não precisava ficar lembrando dessas coisas. Fui pra sala, peguei um papel qualquer e uma caneta. Eu precisava avisá-los que eu estava indo embora. Comecei a escrever, quando ouvi alguém buzinar do lado de fora da casa. Terminei de escrever o bilhete rapidamente. O táxi tinha chego! Peguei a minha mala, abri a porta. Os seguranças me ajudaram a levar a mala até o táxi.


Antes de entrar no táxi, olhei novamente pra casa. Me lembrei de que quando cheguei naquela casa, tinha a intenção de passar os melhores dias da minha vida nela. Acabei passando o pior deles. Entrei no táxi, avisei o motorista que queria ir pro aeroporto.


Já dentro do táxi olhei a casa, enquanto me afastava aos poucos. Cheguei no aeroporto, eram 8:30. Paguei o táxi e corri para comprar a passagem de volta pra casa. O avião sairia ás 9:30. Esperaria que pelo horário do voo, enquanto olhava as revistas na banca de jornal.


Alonso foi o primeiro a acordar na casa. Levantou e foi até a cama de Jos para ver se ele estava vivo e viu que ele ainda estava dormindo. Abriu a porta e antes de descer passou pelo banheiro para fazer sua higiene matinal. Desceu as escadas, passou pela sala de estar e foi pra cozinha, pegou uma maçã e foi em direção a sala. Iria assistir um pouco de TV.


- O que é isso? - Alonso falou sozinho, vendo um papel sobre a mesa. Ficou um tempo olhando pro papel, lendo. - Que droga.. - Alonso suspirou, chocado. Passou a mão pelo cabelo, sem saber o que fazer. Subiu as escadas correndo e foi em direção ao seu quarto. Entrou como um foguete.


- Jos! - Alonso gritou próximo ao ouvido de Jos. - Vamos, acorda! - Alonso gritou, impaciente.

- Vai se fuder... - Jos murmurou, ainda dormindo. Odiava ser acordado.

Until You ArrivedOnde histórias criam vida. Descubra agora