Meu despertar [[Degustação]]

Capítulo 2 - Despedida

Manuela

Nunca disseram para mim que seria fácil suportar a dor que sinto. Ninguém me preparou para suportar tal momento, mas me ensinaram a ser forte o suficiente para aceitar o que o destino me propor...

Perdi não só o Edson, mas também aquele ou aquela que seria a nossa segunda razão para tentarmos. E agora? Eu poderia seguir em frente sem me sentir culpada? Por que raios eu fui aquela empresa, naquele dia? Por que inventei de esconder sobre nosso bebê?! São tantas questões, tantas cobranças que no momento eu não consigo pensar em mim mesma.

— Mamãe?!

Como se fosse um sopro de vida, uma página sendo virada, vejo Lara abrindo a porta do quarto. Já se passaram mais de duas horas em que acordei e tive aquele episódio com a minha mãe. Logo após a sua saída uma enfermeira veio me medicar e resumindo: eu apaguei. Ainda atordoada com os meus pensamentos a observo vindo até a cama em que estou deitada, com seus olhinhos molhados por lágrimas.

— Oh, princesa... Chega mais perto da mamãe. Senti tanto sua falta!

— Vovó? — Lara pergunta a minha mãe, que estava entrando no quarto. Como se pedisse autorização para ir em frente.

— Sim, querida... Não queria abraçá-la?

— Quero! — Ela corre pra perto de mim e coloca sua mãozinha em meu rosto, me sinto protegida. — Mamãe? Tá dodói?

Me arrumo na maca como posso, sem dizer uma palavra e a pego pelos bracinhos, colocando ela sentada de frente para mim.

— Estou bem, meu anjo. Por que está com essa carinha de choro? A mamãe te ama e jamais iria a lugar algum sem você.

— Promete? Jura, ju.. ju... juradinho? — Lara pergunta, e vejo que ela junta as mãos como se estivesse implorando.

— Prometo, meu amor... Juro, juradinho que estarei aqui. Por você!

***

Enfim, recebi alta e poderia voltar para casa...

Depois de três dias dentro de um hospital, posso ver o quanto o céu é imenso e nos dá a sensação de liberdade.

Sabia que depois que saísse do hospital a realidade bateria a porta, e agora olhando através da janela do carro, vejo que a realidade vem chegando. Ao meu lado já não é ele quem está, eu precisaria ser forte e seguir em frente...

Mamãe ficou com a Lara durante todos esses dias, e em todos os horários de visita ela a trazia, para me ver. Minha bebê pulava no meu colo e não queria me largar de jeito nenhum, e na hora de ir embora era momento do choro tanto para mim quanto para ela. Uma facada no meu coração, me afastar dela nesse momento.

Lembranças modo ON:

— Mamãe? — estávamos deitadas na cama, assistindo uma novela infantil mexicana que a Lara insistiu para que eu deixasse, enquanto eu passava a mão sobre sua cabeça de olhos fechados e ela passava sua mão no meu braço.

Tínhamos essa necessidade de nos sentirmos mais próximas, depois do que nos aconteceu, se a união e o amor já era nossa base, hoje ela é como o ar que respiramos. Não podemos ficar uma sem a outra. Passávamos as tardes acompanhadas por novelas mexicanas e filmes, hoje minha pequena resolveu faltar a escola e vir ficar comigo desde a hora que acordou, dizendo ela que a saudade era muita.

— Sim, Lara...

— O papai está descansando com os anjos?

— Hum... quem te disse isso?