Sorry

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     Estou de baixo da sombra de uma arvore, daqui consigo ter uma vista de quase todo o sitio de meus avos, lá em baixo a um pequeno riacho, a água é rasa poderia nadar lá quando eu quisesse, um pouco a cima tem uma enorme plantação, a colheita seria boa. A arvore que estou é de umbu, uma fruta que você nunca sabe se vai ser doce ou azeda e é essa a emoção de comê-las.

Chegamos ontem a noite e aqui parecia ser assustador, mas vendo agora durante o dia é um lugar maravilhoso, tem animais por todos os lados e os cachorros são tão amáveis, porém ainda sinto falta do movimento que existe na cidade.

Amanhã seria o décimo segundo aniversario dos gêmeos da família e todos estavam vindo para comemorar, tinha gente que eu nunca tinha visto nem mesmo em fotos, tipo a senhora que era gigante para os lados e o senhor de aparência rude, mas que quando falavam com o mesmo ele não parava de dar gargalhadas.

Vovó estava preparando a comida com a ajuda de algumas mulheres, todas conversavam alegremente e Menma estava lá se divertindo com todos. Eu continuei aqui em baixo da grande arvore olhando toda a paisagem que o sitio me oferecia até que um senhor de cabelos grisalhos chegou até mim sorrindo feliz.

-- O que está fazendo aqui fora pequeno? – Sua voz era rouca, entretanto era doce. – Vamos lá para dentro para que os outros te vejam.

-- Vovô! – Eu realmente sou uma criança muito mimada pelo meu avô e fazia muito tempo que não o via e estava com muita saudade de seus contos. – Estou apreciando a paisagem.

-- Posso me sentar aqui com você? – Disse ele já se sentando na grama ao meu lado.

-- Claro que pode. – O dia estava só começando e estava radiante. – Sinto falta de pescar com o senhor.

-- Quem sabe depois de amanhã não iremos pescar? – Seu rosto parece cansado e eu sei que não iremos, mas concordo com a cabeça. – Só eu você e o Menma.

-- Sim, sim. – Continuo movendo a cabeça para cima e para baixo. – Agora vamos lá para dentro?

-- Só se me ajudar a levantar.

Mamãe estava junto com a irmã de meu pai, estavam fofocando creio eu. Papai estava vendo jogo na televisão junto com a maioria dos homens presentes e as crianças estavam espalhadas pelo local. Menma chegou até mim e me puxou até nossos primos, Nagato e Karin, a garota de cabelos vermelhos era apenas um ano mais velha do que eu e o garoto deveria ter uns quatro anos a mais.

-- Eeeh, vocês são realmente parecidos. – A ruivinha de óculos disse abrindo a boca.

-- Não é a toa que eles são gêmeos. – O mais velho fala e eu reviro os olhos e sorrio.

Passamos alguns minutos em total silencio até que paro e fico olhando para Nagato está é a segunda vez que nos encontramos e ele não mudou muito, continua com o corpo magro, mas está bem mais alto do que a ultima vez que nos vimos, seu lábios são bem finos e seu cabelo é grande e cobre um de seus olhos, ele tem uma pele muito pálida.

Ele parece ser muito inteligente e antissocial é assustador como ele me olha. Novamente Menma pega minha mão e me arrasta para outro canto da casa, mas sinto que estou sendo observado.

-- Eu preciso te contar uma coisa. – Menma estava com um sorriso malicioso e cochichando.

-- Conte logo. – Estou impaciente. – Calma, vai me dizer que me confundiram com você? Nossa!

-- Não seu idiota, fique quieto e me deixe falar. – Começo a rir e ele também. – Eu acho que sou gay.

-- O QUE? – Acabo gritando com a noticia. – VOC... – Ele tapa minha boca com sua mão e fica vermelho como o cabelo de nossa mãe.

-- Fale baixo seu babaca! – Ele continua vermelho e eu realmente não sei o que dizer agora. – Eu sei que é confuso, mas você é a única pessoa que eu confio e precisava contar para alguém.

-- Tá bem, respira Naruto, respira. – Eu estou confuso. – Você vai fazer doze anos, como pode dizer que é gay?

-- Porque estou me sentindo atraído pelo Nagato. – Ein? – Por favor, não faça essa cara de nojo.

-- Vamos falar com a mamãe, ela vai saber o que fazer. – Seguro na sua mão, mas ele se fixou no chão.

-- Você está maluco? – Ele está assustado. – A mamãe iria me matar e depois me ressuscitaria pra me matar de novo, prometa que não contará nada para ela, prometa Naruto!

-- Está bem, está bem. – Ele tem razão, mamãe não iria gostar nada disso. – Isso ficará só entre nós então, mas me conte ele sabe disso? Ele é gay?

-- Não sei bem, a gente só fica trocando olhares, mas você pode me ajudar nisso. – Ele levanta uma sobrancelha e já sei que vem merda por ai. – Pergunte para ele por mim.

-- Menma, sabe que não conseguiria fazer isso e é você que quer, então vá atrás. – Ele bufa, mas eu estou certo e ele sabe disso.

Dou as costas para ele e vou para o outro local da casa. A casa está lotada de pessoas e ficam me cumprimentando, procuro meu avô para poder ficar um pouco com ele, mas acabo me esbarrando novamente com meu primo.

Olho para ele e reparo que ele acabou derramando alguma bebida em sua camiseta e me sinto culpado por isso, seu olhar agora é mais assustador do que o de antes. Pego o copo que esta em sua mão e coloco em uma mesa próxima e o levo para o quarto.

-- Me perdoe, eu não havia te visto. – Ele não fala nada e olha para a camiseta molhada e começa a retira-la. – O que esta fazendo?

-- Não irei ficar com ela molhada, não é? – E finalmente a joga em cima de um cesto que estava ao lado do guarda-roupa. – E eu te perdoo..

-- Obrigado, você tem outra camiseta né? – Ele se aproxima e eu me afasto.

-- Você não me deixou terminar baka. – E ele revira os olhos e os fixa em mim. – Tem uma condição para que eu te perdoe.

-- Condição? – Estou confuso e novamente ele se aproxima e eu fico parado. – Que condição?

-- Terá que me dar um beijo. – Meus batimentos começam a acelerar, eu estou nervoso.

-- Sem chances! – Dou alguns passos para trás e sinto a parede em minhas costas.

-- Bom agora você não tem mais escolha, eu vou beijar você, querendo ou não. – Meu rosto fica vermelho, agora pelo menos tenho a resposta para dar ao Menma sobre o Nagato.

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