Homophobic

Murphy and Thunderstorm

Meu quarto estava uma completa zona de guerra, havia meias e cuecas por todos os lados, até mesmo em cima do meu notebook, realmente não tenho idéia de como eles foram parar lá, eu não sou desleixado, sou apenas um universitário sem vida própria, sem tempo livre.

Faço uma promessa mentalmente de que quando o fim de semana chegasse eu iria limpar e organizar toda essa bagunça, a casa estava um silêncio, é fenomenal, relaxante, sem dúvidas confortante. O único som que ecoava vinha do meu próprio quarto era um toque do meu celular que eu já deduzia que era o terceiro despertador que eu coloco, merda, aquele toque significaca que eu ja estava trinta minutos atrasado.

Salto da cama e corro em direção ao banheiro para poder fazer minha higiene matinal o mais rápido possível, Estava me sentindo como o super herói Flex, que tinha capacidade de fazer todas aquelas coisas ao mesmo tempo, o que resultou em um cabelo mal arrumado, roupas levemente amassadas e uma cara de zombi, porém aquela cara já era normal.

Não ouço em lugar algum da casa meus pais ou meu irmão, fico me perguntando o que pode ter acontecido com meus pais por ainda não terem chegado da tal 'reunião' de ontem, e que talvez aquilo foi só uma desculpa. Provavelmente Menma está fazendo caminhada, ele adora manter o corpo saudável.

Procuro nos armarios alguma barra de cereal ne salto para a garagem e meu carro. Então tento liga-lo enquanto olho as horas no meu celular e percebo que já se passaram mais vinte e sete minutos, meu carro faz um barulho de tosse de velho sem ar, só pode ser sacanagem comigo, penso enquanto saio do carro e corro em direção ao ponto de ônibus, e lá lembro que deixei meu celular no banco do meu carro, porém não tinha mais tempo para voltar e buscar ele a reunião começaria em quinze minutos e eu iria me atrasar pelo menos o dobro disso.

Finalmente algo bom me acontece o próximo ônibus é o que eu iria precisar, mas como tudo naquele dia algo tinha que dar errado, ele estava superlotado e como sempre tinha que ter alguém soando e se esfregando em outra pessoa, no a outra pessoa era eu.

Queria poder dizer que não demorou muito até o ônibus chegar ao ponto mais próximo da escola, mas não posso, ele quebrou a quase quatro quarteirões de lá, corro, quase choramingando, aquele era como um dos primeiros dias na Menson Hollind.

Finalmente entro no campus e continuo correndo em direção ao prédio onde tinha a sala do nosso grupo. Não demoro muito até chegar nele, então passo pela grande entrada e uma garota não me vê correndo, assim como eu não vejo ela pelo meu estado de nervosismo e ansiedade.

A garota carregava um copo quase cheio de cappuccino que por coincidência caiu todo em cima de mim, ela tentou esconder a risada pedindo desculpa e mais desculpa, graças aos céus a universidade não ficava tão lotada aquele horário. Ela se oferece para lavar minha blusa, mas recuso obviamente por educação, pois a culpa não foi totalmente dela.

Subo as escadas e chego enfim ao andar desejado quase sem ar, estava um silêncio assim como minha casa, penso que talvez eles ja tenham feito a reunião, mesmo sem o lider e então me escoro em uma parede para tentar recuperar o fôlego.

-- olha só, o bastardo está super atrasado e ainda se escora para descansar lá fora. -- Sasuke, deduzo pela voz arrogante que enchiam meus ouvidos. Por incrível que pareça, eu estou surpreso por ele ter vindo e chegado no horário certo, pelo contrário de mim.

-- Naruto, você está bem? -- O ruivo aparece por trás do exibido Uchiha enquanto eu estreito os olhos na direção do moreno. -- Tentei ligar várias vezes para você, estava preocupado.

-- Puta merda, duas bichinhas. -- Sasuke diz enquanto volta para dentro da sala e deve ter se sentado em um lugar qualquer, vou então em direção a Gaara e sorrio enquanto ainda respiro com um pouco de dificuldade.

-- Por favor, não de risada do meu estado, foi uma manhã difícil. -- Faço uma súplica com um choramingo, ele não se aguentou e começou a rir, novamente aquela sensação estranha ao ver seu sorriso. Me recompondo rapidamente ao perceber que estava olhando a muito tempo para seus lábios. -- Por acaso você não teria uma blusa sobrando aí né?

-- Sabe, to pensando em começar a cobrar esses favores, pegue minha blusa de frio. -- Ele retirou ela e a jogou para mim, a blusa era grande e larga, de cor azul escura e com vários miniprints espalhados por todo lugar.

-- O que seria de mim sem você? -- Dou risada e ele também, fico feliz por ele não ter tocado no assunto da outra noite, talvez seja melhor assim. Retiro a camiseta que estava suja de cappuccino e coloco a blusa do Ruivo.

O moletom me faz cócegas, mas é muito confortável, principalmente pelo cheiro que exalava dela, sempre adorei o cheiro do Gaara, como definir seu cheiro? Bem me lembrava bala fini e livros novos, duas coisas que eu amo em um cheiro só. Dou risada com esses pensamentos e entro na sala.

As pessoas ja me aguardavam e estavam todos relaxados quando eu entrei, conversavam sobre coisas diversas, quase sempre nossas reuniões eram daquele jeito, conversas paralelas, entretanto como hoje tinhamos uma pessoa diferente, eu queria mostrar como nós trabalhavamos ali.

Fiz várias propostas para o dia do seminário e então várias pessoas começaram a interagir e participar comigo, Gaara sempre calado como sempre só observava o que eu dizia e concordava com tudo. Disse que seria legal procurar na universidade mesmo pessoas de grupos étnicos diferentes e gravar seus depoimentos de como se sentiam sobre isso.

Eles concordaram e como era fácil conseguir uma câmera, aquela ideia foi uma das mais aceitas pela secretaria que respondeu ao e-mail mandado por nós quase que no mesmo instante, sorrimos e comemoramos.

-- Não fiquem tão feliz, esse projeto de vocês não irá dar certo. -- Simpatia veio pelo ar, Sasuke tinha que estar lá para estragar o momento, mas não me importei e continuei explicando como iria funcionar para outros dois alunos. -- Assim que vocês subirem no palco para apresentar esse show de horrores, todos vocês vão ser perseguidos aqui.

-- Do que você está falando Sasuke? -- Reparei que alguns alunos começando a ficar assustado. -- Isso parece uma ameaça.

-- Não, não uma ameaça. Um aviso. -- Ele sorrio e o sinal para o fim da reunião e o começo das aulas soou e ele saiu deixando para trás uma sala apreensiva e amedrontada.

Não posso deixar de dizer que tambem assustado com aquilo, mas eu não poderia demonstrar isso para os outros, eles deviam ver em mim a confiança que eles precisavam para continuar com aquele projeto.

Todos sairam da sala e eu fiquei para arrumar a mesma, não fiquei só, tinha meu 'anjo da guarda' para me ajudar. Gaara estava colocando as cadeiras no lugar enquanto eu apagava o quadro branco e organizava os papéis que usamos dentro de um armário, o tranco e guardo a chave no colar em meu pescoço.

-- Você também ficou assustado, não foi? -- Perguntou o ruivo sentando ao meu lado na maior mesa que tinha lá. -- Aquilo foi uma ameaça, mesmo que ele diga que não.

-- Eu fiquei, mas não posso desistir agora, chegamos tão longe com isso que eu estou esperançoso. -- Ele sorri e eu também. Novamente o sorriso, porra, eu estava indo bem durante todo esse tempo. -- Precisamos ir para a aula.

-- Não, ainda não. -- 'Merda, merda, merda..' repetia incessantemente na mente. -- Na outra noite, você foi embora antes de terminarmos uma coisa.

Só para me ajudar minha respiração acelera e claramente ele nota meu nervosismo, então coloca uma de suas mãos em minha coxa, talvez pra tentar me acalmar, talvez não.
-- Gaara..

-- Shii. -- Ele tapa minha boca com sua mão. -- Você já fugiu demais. -- Ele faz pouco caso e o espaço que tinha nos separando desaparece em segundos, seu lábio fino toca o meu e meus olhos se fecham no mesmo instante, meus lábios se separam permitindo a ele que me beije.

Eu sinto um pequeno arrepio quando ele aperta a mão que estava em minha coxa, mas relaxo rapidamente e coloco a minha mão direita em sua nuca fazendo carinho nos cabelos dali. O beijo continua docemente, até que ele ou eu, precisou de ar, mas assim que recuperamos, nossos labios se encontraram novamente, só que desta vez com mais desejo. Seu cheiro continuava em mim, porém seu gosto era melhor.