Lost and Consequences

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Todos estão me olhando a sensação é magnífica e assustadora, mais assustadora pra ser exato. O Sr. Orochimaru me olha de canto, enquanto vê os papeis que eu entreguei para ele no inicio da aula.

Gaara está com um sorriso de canto e seus olhos verdes estão sob mim, assim como os olhos de todos os outros, já se fazem duas semanas que o projeto começou e desde então venho representando minha sala, pois depois disso irei, junto com alguns outros alunos, apresentar este trabalho para toda a escola.

-- Alienado! – Digo enquanto busco algo entre os papeis em minhas mãos. – Bom, se não tivermos nossas independências de pensamentos e ação, ou seja, se não conseguirmos refletir sobre aquilo que vemos ou ouvimos ou se concordamos com tudo o que acontece, com tudo que nos é transmitido então podemos estar vivendo de forma alienada e conformista.

-- Licença. – Um garoto de bochechas rosadas levantou sua mão e eu assenti com a cabeça para que ele falasse. – O que alienação tem haver com preconceito, discriminação e tals?

-- Boa pergunta. – Gostei de alguém se interessar pelo assunto. – Segundo uma filosofa brasileira, na qual não me recordo o nome. – Dou uma pequena risada e alguns alunos fazem o mesmo. – A alienação acontece quando o homem não se vê como sujeito criador da historia e nela capaz de produzir obras.

-- Desculpe-me, mas continuo sem compreender. – Dei um sorriso de lado e novamente mexi nos papeis em minhas mãos, dessa vez apenas para descontrair.

-- Segundo essa mesma visão da filosofa, o homem alienado vê as historias e obras como fatos estranhos e externo a ele. – Alguns alunos já fazem um "Ah", significando que entenderam, porem eu continuo. – Ou seja, eles não podem controlar ficando numa posição dominada e se tornam, em minha opinião, pessoas preconceituosas e assim em diante.

-- E como conseguirmos fazer alguém parar de ser alienado? – Pergunta simples novamente.

-- Bom, a psicologia é um ótimo caminho. – Ando de um lado para o outro da sala, parece que está tudo indo bem. – Com uma boa conversa as pessoas começam a se perguntar o porque, e com o conhecimento elas começam a questionar e se questionam as coisas começam a ter um outro ponto de visão e assim deixam de ser alienados sobre alguns assuntos.

-- As vezes não é ser alienado, é ter conceitos próprios e algumas pessoas não entendem. –Reconheci o garoto quase que imediatamente, era o mesmo que esbarrou comigo no corredor no outro dia.

Seus cabelos estavam escondidos por dentro dum gorro, mas dava para ver que eram pretos e lisos e estava bagunçado, sua pele é realmente branca acho que o sol nunca deve ter tocado nela, e seus olhos parecem tão obscuros e mesmo com seu óculos na ponta do nariz continua assustador. E aquela expressão, realmente embaraçosa, pois parece impossível de decifrar o que ele está pensando.

-- Sim, claro opinião todos tem. – Já sabia que tentar conversar com esse garoto não seria uma tarefa fácil, ainda bem que não temos muitas aulas juntos. – Mas as vezes se pesquisarmos ou tentarmos entender o outro pont...

-- Garoto, veja bem, não é porque você é um viadinho enrustido e gosta de sair por ai dando pra todos que tem que convencer os outros de que isso é algo normal. – Meus olhos arregalaram-se e minha boca abria e fechava tentando procurar palavras para retruca-lo, porém nada saia. – Sabe fazer um ótimo discurso, mas quando alguém te ofende fica com essa cara de mongo.

-- Chega! – Eu estava tão perdido que nem reparei quando o professor se levantou e veio para perto de mim. – O senhor Uchiha está convidado para entrar para o Projeto A-D. – O garoto abre a boca pra dar uma resposta para o Sr. Orochimaru. – Ou se preferir pode reprovar em minha matéria agora mesmo.

Todos na sala ficam acompanhando a discussão, eu estou abalado ainda e realmente não sei o que o professor quer colocando aquele garoto no Projeto, ele é apenas mais um 'bad-boy', filhinho de papai, não deve entender nada sobre o assunto, e pior ainda eu vou ter que aturar alguém como ele quase todos os dias.

Isso realmente me deixa frustrado, não basta apenas sofrer desrespeito nos corredores da universidade e até mesmo nas salas de aula, agora vou ter que aguentar isso no lugar onde me sentia mais seguro para ser quem sou. Meus olhos percorrem a sala até encontrarem os olhos do garoto, meu corpo treme e sinto que irei perder o equilíbrio, me escoro na primeira coisa que encontro e torço para que ninguém perceba isso. Seu olhar é tão sombrio e amedrontador.

Enquanto estou vagando em meus pensamentos o sinal toca, todos na sala ainda surpresos pela breve discussão levantam-se com seus pertences inclusive o garoto sombrio e vão para fora da sala apressadamente. Agradeço em voz baixa por apenas Gaara ainda estar na sala, ele diz que sente obrigação de me esperar, bem esperado de alguém tão meigo como ele.

Descemos os degraus da sala e ao chegarmos a porta o garoto de cabelos negros está lá, sua feição parece mais assustadora que o comum, ele se aproxima.

-- Quero deixar uma coisa bem clara. – Ele se aproximou demais, dava pra sentir o cheiro de menta em seu halito. -- Você.. você vai me pagar muito caro por isso.

-- Mas... – Filho da puta me deu as costas e desapareceu entre as pessoas.

Gaara esta ao meu lado apenas olhando para meu rosto, acabo corando. Estou sinceramente achando que isso é um complô da vida contra mim.

-- Oras, pare de olhar para meu rosto. – Olho para meu tênis, ele da uma risada abafada. – Sabe que isso me deixa envergonhado.

-- Você fica lindo corado, sabia? – Ele passa seu dedo indicador em minha bochecha deixando-a ainda mais vermelha. – Vamos?

-- Pode me ajudar a levar essas coisas até o carro? – Não preciso de ajuda, mas quero a companhia dele. – Sabe, não sou tão forte. – Brinco mostrando meu pequeno muque e vejo um sorriso se formar em seu rosto e eu dou risada.

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