O Lobo Selvagem [Concluída]

VII

"A vida é suavemente delicada e fugaz
Para remover suas lágrimas
A morte conhecida por todos
Traz com ela
Medo e pranto?"

Calendula Requiem
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Depois de quatro dias vivendo em meio a floresta com um lobo, que apesar de tudo não sei muita coisa, apenas que seu nome é Alex e ele está sobre algum encanto por conta de seus pecados.

Estes quatro dias que se passaram até que foi interessante, não conversamos muito mas o pouco que conversamos foi de ótima serventia.

É de manhã e a neve se esvaiu de um dia para o outro, agora o terreno está todo molhado e já posso ver alguns brotinhos de grama... Ficar aqui até que foi interessante, pois jamais saberia que a magia existe.

Depois de algumas horas vejo Alex me olhando da caverna, ele parece sério hoje. Vamos ao Chalé e tomamos café em silêncio, bom só ele, pois eu converso com Stela e Alexandre que são bem legais e por vezes me tiram do tédio.

Voltamos para a caverna e Alex se deita na entrada, ele parece muito triste, vejo um longo tronco de madeira e me sento, fico olhando a bela paisagem que está aos poucos se formando depois de longos meses e dias de neve e frio. Penso um pouco sobre mim mesmo, minha família, meus amigos... é incrível como até agora ninguém apareceu para me buscar... O meu fim é um segredo

- Sobre o que pensa? - Tomo um susto ao ouvir sua voz que parece triste mas ao mesmo tempo calma

- Sobre minha vida,minha família e ami...

- Eu acho melhor esquecer sobre isto... por enquanto - ele me corta

- Por que?

- Por que é quase impossível alguém achá-la por aqui.

- Eu achei este lugar

- Sim... Porque estava no lugar errado na hora certa

- Talvez - Digo cabisbaixa

- Como era sua vida, com sua família?

Levanto minha cabeça e o olho por alguns segundos: - Era muito boa, essa hora estaríamos no parque, fazendo piquenique depois do inverno!

- Piquenique, faz tempo que não sei o que é um ...- Ele diz triste - Sabe Natasha, eu tinha uma família muito legal, mas um a um foi levado e com eles uma parte de mim, alguém os odiava, os invejava... e queria se livrar deles... Eu ainda me lembro das horas que passamos juntos... tempos felizes

- Eu entendo, você sente falta deles... - Digo pois entendo bem este sentimento que Alex está passando

- Sim eu sei, eu não deveria me abrir assim sabe, mas é que esta sensação desconhecida que trago dentro me mim me arde o peito, o que me faz desabafar... - Ele diz, e posso ver uma ponta confusão em seus olhos

- Claro, pode sempre contar comigo... mas o que de fato aconteceu com sua família?

- Ainda não ficou claro? - Balanço a cabeça em negativa - pois bem, eles morreram um por um, quando os vi, mortos, seus rostos sem vida, com uma expressão de horror... - ele faz uma pausa - eu acho que este foi o meu pecado, virar um monstro depois que os vi assim

- Como assim?

- "A vida é suavemente delicada e fugaz para remover suas lágrimas, a morte conhecida por todos traz com ela medo e pranto..."

Fiquei sem palavras, Alex estava cantando um trecho de uma canção, desconhecida por mim, mas eu jamais vi tanto sentimento em um só trecho, não entendi o que ele quis dizer com virar monstro, mas foi algo que disse com tanta tristeza que não quis perguntar

- Alex? - digo depois de um tempo em silêncio

- Hum? - ele responde

- Ainda é dia sabe, o que acha de darmos um passeio por aí?

- Como assim? - Ele faz uma expressão de confusão

- Quero dizer, poderia por favor me levar para conhecer um pouco desta floresta?

- Por que?

- Bateu curiosidade

- Hum ta bom, mas não vamos demorar

- Ok