Twenty Seven, The Kiss

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- Onde está sua mãe? - questiono sentada a sua cama com as pernas cruzadas como índios.

Harry se encontrava escorado de forma descontraída no batente da porta de seu quarto, o único do galpão aliás.

Nós conversamos por um tempo sobre assuntos aleatórios, nenhum fazendo algum comentário sobre os acontecimentos das últimas horas.

Mas minha curiosidade é maior, muito maior.

Não posso evitar, preciso saber algo, qualquer coisa que seja.

Respirar parece uma tarefa difícil para Harry agora, sua posição está rígida, e seu corpo transmite insegurança e confiança ao mesmo tempo.

Ele controla sua respiração antes de dizer com uma calma assustadora:

- Não sei. Deve estar morta ou algo assim.

- Como assim morta? Como diz algo assim tão calmamente?

- Eu deveria estar chorando por alguém que nem se importa?! - ele diz gritando.

Abraço meu corpo em um ato de reflexo, e o vejo ofegar antes de esmurrar a parede ao seu lado com brutalidade.

- Não deixa de ter te posto ao mundo. - digo baixo.

- Cale-se! Você não sabe de nada, aliás nem sei o motivo de ter trazido-a para cá. - diz antes de virar sobre seus calcanhares e sair porta afora.

Estou perplexa, não sei se vou embora neste exato instante, ou se vou atrás dele.

Lembro-me que não tenho a mínima ideia de onde suposto estou, e tampouco sei para onde Harry foi. Portanto decido o esperar.

Uma hora já se passou desde a partida inesperada de Harry, estou encolhida em sua cama me sentindo mais prepotente que nunca, meus olhos ardem pelas lágrimas quentes incessantes.

Estou a ponto de adormecer quando ouço a porta de entrada ser aberta, e imediatamente sento-me a cama e rapidamente começo a tentar secar meus olhos.

Paro no exato instante em que o vejo...

Parecia que estava a ponto de quebrar-se, os olhos avermelhados, até que caminha com passos desajeitados em minha direção e noto que de seu corpo exalava um odor de álcool... Andou a beber.

Ele senta-se a minha frente e tira o edredom do meu colo com lentidão e delicadeza. Seus olhos suplicam por algo que eu não consigo compreender.

Seus dedos chegam a minha cintura e puxam o tecido fino da minha camiseta para si com brutalidade.

E então o entendimento me golpeia quando sinto seu perfume de canela.

Está me abraçando.

Não sei oque fazer a respeito, apenas sou capaz de retribuir o gesto, até que me solta pouco a pouco e encara meus olhos por alguns segundos antes de dizer:

- Durma Natalie. Durma. - diz com voz rouca e arrastada.

Engulo em seco, e sem poder confiar em minha voz para dizer algo, limito-me apenas a negar com um gesto de cabeça.

- Está tarde, tem que dormir. - diz colocando uma mecha solta de meu cabelo atrás de minha orelha direita.

- N-não posso. - digo finalmente sem olhar em seus olhos em um gesto covarde.

- E por que não? - diz docemente, mesmo com o hálito a álcool golpeando minha face.

- E-eu... - digo desviando o olhar do seu mais uma vez. - N-não posso... Não agora...

- Não a compreendo... - ele diz franzindo as sombrancelhas em um gesto confuso.

Tomo uma respiração profunda antes de começar a dizer:

- Eu sempre procurei me ocupar ao máximo, fazer muitas coisas até que ficasse esgotada, deixar tudo para última hora, como trabalhos da Universidade. Assim eu passo metade da noite em claro. E o pouco que durmo ainda tenho os... Os...

- Os? - ele questiona me incentivando.

- Sei que irá parecer infantil mas... São... Pesadelos... - solto em um sussurro baixo.

Amanhã não se recordará de nada, afinal, está bêbado.

- Isso é tipo sério? - ele diz é noto um tom brincalhão em sua voz.

- Quando minha mãe morreu, dentro do meu ser virou um tremendo caus, estava tudo de ponta cabeça, eu... Estava sem chão. E o tempo foi passando, e comecei a ter pesadelos, neles a minha mãe estava tão feliz e então eu a matava. Eu não a empunhava uma faca no coração ou algo assim, era como se eu fosse a causa de sua morte, como se eu fosse a culpada por tal coisa. Eu sempre sinto o cheiro de grama molhada, e isso me assusta tanto. Se eu tivesse ido direto para casa Harry... Se eu tivesse... - digo e noto as lágrimas umedecendo minha face outra vez. - Foi tudo culpa minha...

E então não sou capaz de processar, sentir, muito menos me mover.

Quando me dou conta do que ocorre, o entendimento me arrebate como um balde de água fria.

Harry Styles está me beijando, bem nos lábios.

Seus lábios quebram o contato com os meus, somente para que Harry se deite sobre a cama e puxe meu pequeno corpo para si, nos cobrindo com seu edredom.

Nossos corpos parecem como se tivessem sido emoldurados um para o outro, se encaixam como peças de um quebra-cabeça, como notas musicais em uma partitura.

- Nunca mais irá ter pesadelos Baby Girl. Nunca mais. Eu lhe prometo. - me assegura.

Seu cheiro de canela é a última coisa que sinto antes que a névoa do sono me engula para o mundo da inconsciência.

"Eu disse que o garoto das rosas me salvaria."

Baby Girl H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora