Eleven, Holliday!

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Hoje saí mais cedo da biblioteca, pois gostaria de tomar um banho e comer algo antes de ir à faculdade.

Entro em casa e logo sou recebida por um cachorro todo contente que pulava feito louco.

Dou gargalhadas altas quando ele tenta lamber meu rosto.

- Holliday! - digo o fazendo carinho. - Que menino mais feliz! - digo fazendo aquelas vozinhas que usamos com bebês e cachorros.

Um aroma muito agradável invade minhas narinas e antes que pudesse perceber já me encontrava na cozinha.

Me deparei com Lauren vestida com uma avental sobre o vestido amarelo florido, usando o fogão para cozinha o que pareciam ser...

Oh-meu-Deus! Panquecas!

Holliday late chamando a atenção dela, lanço-o um olhar reprovador.

- Ei! - digo baixinho só para que ele ouça.

- Natalie! Chegou cedo hoje, está tudo bem?

- Mm, sim. Eu apenas queria poder tomar um banho antes de ir a faculdade. - respondo normalmente, mesmo estando impressionada por ela ter dito meu nome certo depois de tantos anos.

- Se conseguir tomar uma ducha rápida, talvez consiga comer uma panqueca.

Apenas sou capaz de consentir.

- Não saia de estômago vazio por favor. - ela pede calmamente.

Com a menção de sua frase fecho os olhos, não sendo capaz de conter as lembranças que rapidamente invadem minha mente.

Sempre quando ia ao colégio saia com uma maçã ou barra de cereal, apenas porque mamãe gritava: não vá de estômago vazio!

- Natalie? - ela chama me fazendo abrir os olhos.

Sua face está embaçada agora e então percebo que meus olhos estão marejados.

- Está tudo bem? Parece que viu um fantasma. - ela diz seria.

Nego com a cabeça não sendo capaz de confiar em minha voz.

E então uma lágrima sorrateira cai de meu olho esquerdo e sua feição muda rapidamente.

Ela desliga o fogo e caminha em minha direção.

Assim que chega a minha frente, desajeitadamente me põe entre seus longos braços.

Não sei como corresponder, à tempos que não recebo atenção física (muito menos moral) e não sei como retribuir o gesto.

- Eu queria que todo esse furacão se aquietasse dentro de mim. - digo sincera e minha voz vacila.

Ela então suspira pesadamente.

- Sei que parece que o buraco nunca vai fechar, mas Natalie se você continuar se afundando vai chegar em um momento do qual você mesma não irá aguentar, vai explodir e atingirá quem quer que esteja à sua volta. Sei que acha que não nos preocupamos com você, mas não é verdade! Nunca foi! No dia em que ficou inconsciente, eu tive algumas crises e nelas expeli sangue nasal e bocal, nós ficamos assustados, e de qualquer forma eu não gostaria que nada acontecesse com seu irmão/irmã...

- Espera, o que?

- Oh, meu Deus! - ela diz cobrindo a boca.

- Tem certeza que está grávida Lauren?

- S-sim...

- Então, por que está gaguejando agora mesmo? - a questiono fazendo junção das sombrancelhas.

- Porque eu tinha medo da sua reação. Não queria te magoar mais, a última coisa que eu queria era te aborrecer, nós não queríamos um filho de maneira alguma, sabíamos que isso não seria bom para você, mas não fomos suficientemente cautelosos. E-eu sinto muito. Me perdoe. E-eu...

- Está ficando louca? Vocês falam como se eu fosse um ser humano terrível! Oh-meu-Deus - digo pausadamente. - Vou ter um irmão/irmã. - digo imitando o que ela havia dito momentos antes. - Me desculpem por esse tempo todo eu ser tão grossa e egoísta com vocês, mas cá entre nós, não te conheci em uma situação lá muito agradável. Talvez você seja realmente uma boa pessoa e se realmente faz bem ao Robert... Tudo está bem para mim.

Ela sorri gentilmente e eu retribuo o gesto.

Deveriam ter me avisado antes de a bruxa má virar boa!
#Chateada. Ninguém me avisou!

***

Pude notar que uma grande parte da classe faltou hoje.

Talvez porque seja sexta-feira.

Assim que me sento em minha cadeira, noto um papel verde colado sobre a mesa.

E nele havia uma caligrafia descuidada, que não deixava de ser bonita.

"Olá garota do cachecol, se lembra daquele beco que entrei à uns dias atrás?

(respondo mentalmente: aquele dia em que se livrou de pagar um mico nacional se entrasse comigo na faculdade? Claro, me recordo bem...)

Acho que deve saber, se puder me encontrar lá no fim das aulas...

Lembrando que se mostrar este papel para alguém desta turma, negarei até a morte.

Com carinho,
Garoto dos cachos."

Uma raiva sobe e aposto que estou vermelha feito um pimentão.

Pego o papel, me levanto e começo a rasgá-lo em pequenos pedaços, até que olho nos olhos de Harry, o olho tão profundamente que penso ter visto um vislumbre de sua alma.

E então, lanço-lhe um olhar raivoso e jogo o maldito bilhete no lixo.

Baby Girl H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora