Capítulo Dois - Mensagens Diretas

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[Marcos narrando.]

Eu tirei o celular do bolso, entrei nas mensagens e mostrei um contato de uma pessoa que salvei pelo nome de "Lu :)". A foto de perfil era uma fogueira numa praia, não tinha muito o que mostrar, o seu status era um trecho do Nando Reis.

- Quem é a Lu?

- Lu não é seu nome... é um nome fictício para que pessoas bisbilhoteiras não descubram. - Eu respondo esboçando um sorriso.

- Uaaaaau, então você estava com altos papos para o lado dessa pessoa?

- Foi assim, enquanto aquele Thiago se apresentava, eu sai um pouco daquele tumulto, Lu chegou até mim e conversamos e trocamos os números.

- HA! Então quer dizer que você arranjou um romance primeiro que eu. - Ela ri alto demais, tenta fazer cócegas em mim, eu a evito - Vai com calma aí, Lolona.

Ela faz cara de nojo e ri com esse apelido, que ela odeia que eu a chame.

Ouvi ela dizer algo sobre amanhã não ter aula mas estava tão fissurado na sua fofo do perfil.

- A lívia ficou louquinha pelo Thiago.

- Uhum. - Respondo, sem prestar muita atenção.

- E teve uma parte que eu e a Helen fomos para a pista de dança e começamos a dançar loucamente aquela música bem eletrônica que você gosta e eu... - Parei de dar ouvidos para ela e fiquei pensando sobre o que aconteceu.

Eu me levantei, me despedi de Lola e fui até o meu quarto, deitei na cama, peguei o meu notebook, fiz o login e continuei a assistir o capítulo 6 de Sense8, mas minha cabeça estava em outro lugar. Eu me lembrava dos momentos da festa enquanto a série rodava, eu não dava a mínima atenção.

Eu ia para um lugar mais afastado de todos naquela festa, lembrava, dava uma olhadas no celular e eu senti a presença de alguém.

- Está também entediado? - Olho para o lado surpreendido e respondo que "sim" com a cabeça.

Desde então, começamos a conversar sobre a festa, mas estava tão legal que nem percebemos que no fim, estávamos falando de nossas vidas. Não vou mentir, sou um pouco tímido, e não saio falando sobre minha vida, assim, do nada, mas aquele momento, aquela conversa, era tão especial que não me contive.

Nós trocamos nossos números e depois fui ao encontro da minha irmã, que estava desesperada a minha procura.

Depois de cochilos e horas pensando, o café da manhã estava posto à mesa, pão com queijo e bolo. Lola como sempre acordou depois das dez da manhã. Fui ao meu quarto, troquei de roupa e peguei meu notebook de novo, levei ele até a sala e sentei num canto do sofá. O meu celular apitava loucamente, era o grupo da turminha que estava falando.

Meu pai conversava com Lola sobre como foi a festa, minha mãe via um programa de auditório na televisão, eram somente onze da manhã mas o dia estava sem graça.

Meu pai era sim, rígido, com ele se saísse da linha era castigo na certa, mas ele nunca levantou a mão para nós, para ele, o bem estar da família era a prioridade, a família tem que ter regras e limites.

Já minha mãe era bem mais liberal, ao contrário do pai, ela sim já bateu em mim e em lola, eu ria quando minha mãe reclamava com Lola e Lola olhava com aquela cara de "Bem feito" quando ela me colocava de castigo.

Mas apesar disso tudo eu era muito unido com a minha irmã desde pequeno, a gente se odiava e se amava, eu sei que Lola me apoiaria até nos piores momentos.

Enquanto eu estava olhando para a TV com o notebook no colo, sinto o celular vibrar no meu bolso.

[11:13] Lu: bom dia e como vai? antes q me pergunte, eu vou bem :)

[11:14] EuMarcos: bom dia, estou bem e já q vc respondeu, n preciso perguntar...

De onde foi que eu tirei a ideia de falar essa merda!? Tanta coisa melhor pra falar. Alguém me ajuda, por favor.

[11:16] Lu: verdade kk pensei já tinha esquecido de mim

[11:16] EuMarcos: pensei a mesma coisa!! mas acho q nos enganamos ;)

Eu ainda estou meio inseguro com isso, talvez ter mandado essa carinha não tenha sido uma boa ideia, mas depois disso, resolvi ser direto.

[11:17] EuMarcos: eu estava pensando... q tal marcamos de ir no shopping qualquer dia desses?

[11:20] Lu: é que ultimamente eu ando com alguns problemas aqui em casa...

STRIKE UM!

[11:20] Lu: e principalmente tá tudo sendo muito corrido.

STRIKE DOIS!

[11:21] Lu: mas ok, vamos sim ;)

MATCH!!!

Depois de meia-hora conversando por mensagens, recebo uma mensagem da Helen.

[12:02] Heleen: Marcos, vamos sair hj? Preciso espairecer um pouco.

[12:02] EuMarcos: Ok! Já já chego aí, a Lola saiu com o grupo de teatro dela.

[12:03] Heleen: Tá bom migooo, beijos.

- Mãe e Pai, vou sair com a Helen, mais tarde eu volto... – Eu disse enquanto dividia minha atenção neles e no grupo da galera no celular.

- Tá certo, meu filho. - Minha mãe diz enquanto lia seu livro de receitas e passava olhares na televisão.

Meu pai olhou para minha mãe, depois pra mim e voltou a olhar o programa de esportes e disse, com ar curioso:

- Marcos, a Helen é sua... Como que falam hoje em dia? Sua crochê...

Eu o interrompo e digo:

- Crush, Pai. - Eu emito uma risada, pela tentativa do pai. - E não, ela não é.

- Pois deveria ser! Você não traz uma namoradinha aqui faz tempo! E ela é uma menina tão simpática, estudiosa... - Percebo minha mãe olhar para meu pai.

- Ricardo, pare com isso. - Ela diz, direta e séria.

- Não foi nada não, Marilia, só espero que um dia eu possa ter uma Nora igual ela.

Balanço a cabeça com sinal de negativo, e concordo com ele pra não escutar mais esse sermão. Pra meu pai, quanto mais garotas eu pego, mais "homem" eu sou. E claro, que eu não penso dessas maneira, eu não sou assim.

Vou até meu quarto, troco de camisa, coloco uma mais "aceitável" e me despeço de meus pais, eu ouvi meu pai soltando mais uma daquelas para eu tomar cuidado com a Helen, mas eu não dou atenção, abro o portão de casa e saio em direção até a casa dela.

No caminha eu tropeço – Sem querer – num degrau na calçada, sorte que a rua estava quase deserta. 

Algumas quadras depois eu começo a pensar sobre o futuro, como é que vai ser o meu, se eu vou ser bem sucedido, se eu vou encontrar a pessoa perfeita... mas isso não é hora pra pensar, vamos fazer o presente valer a pena.

Chegando mais perto da esquina eu começo a pensar sobre o meu passado, momentos felizes que eu vivi até que finalmente...

Chego em uma casa azul e toco a campainha, olho as horas no telefone eu só demorei dez minutos para chegar até aqui. Fico esperando alguns segundos até que Helen aparece na minha frente.

Não Consigo LidarOnde histórias criam vida. Descubra agora