Capítulo 2: Quando eu me torno nós / Parte 2: Ondas calmas em maré alta

137 10 9
                                    

Narração - Dacre Ewing
Às 5:30 da manhã algumas pessoas costumam levantar pra ir pra escola ou ir trabalhar, sendo sábado, acordam apenas pra trabalhar. Mas eu? Eu tô no mar, encima da minha prancha, pronto pra ver uma das mais belas visões que existem, o nascer do sol. Não acho que exista cenário melhor pra isso do que no mar. As ondas se chocando contra mim e minha prancha, mas não eram tão fortes, o mar não tava totalmente calmo, mas também não tava muito agitado. Ondas boas demoravam um pouco pra aparecer, mas como sempre fui paciente na espera da onda perfeita, não tive problema em ficar esperando que outras viessem.
Durante essa espera, depois de ver completamente o nascer do sol, me deitei contra a prancha e com o sono que tava sentindo tive coragem de fechar os olhos pra cochilar por cinco minutos. Um cochilo onde consegui sonhar com uma onda magnífica e poderosa vindo em minha direção. Eu não sei como, mas aquilo não foi apenas um sonho. Fui atingido por uma onda semelhante a que tava no meu sonho. Acordei debaixo d'água, um pouco assustado, porque, quando deitei, as únicas ondas que vinham eram tão baixas que, ao encostarem na prancha, quebravam. Só que fiquei ainda mais assustado com o fato de que eu ainda tava respirando e não entrava água no meu nariz. Tudo o que eu desejei quando acordei dentro do mar era ser como o Aquaman e conseguir respirar normalmente, como se tivesse na superfície. Por um momento achei mesmo que fosse possível eu ter me tornado o Aquaman, mas descobri que não, quando chamei meus amigos dos mares e nem um golfinho apareceu. Não posso dizer que não fiquei decepcionado, quer dizer, adoraria ser como o meu herói favorito. Assim como também queria ser como o meu segundo herói favorito, mas eu tô meio longe de conseguir me tornar o Batman. Tenho pelo menos algumas coisas em comum com eles, mas não é o suficiente. Foi então que percebi o quanto minha marca de nascença, do lado esquerdo do meu pescoço, tava queimando muito. Ela tinha forma de um triângulo apontando pra baixo. Todo o seu contorno queimava inexplicavelmente. E pra continuar com os acontecimentos inexplicáveis, tive uma visão de seis guerreiros lutando contra um cara que usava uma máscara de ferro, parecida com aquelas máscaras de samurai do Japão antigo. Era como se eu tivesse lá, assistindo tudo aquilo ao vivo, tipo o Bruce Wayne assistindo Man of Steel praticamente de camarote. Foi sinistro. Depois as imagens sumiram e eu voltei a ver apenas a imensidão azul do mar.
Me dei conta que, nesse devaneio, eu já tava há alguns minutos debaixo d'água. Se alguém percebesse a prancha solitária na água sem o dono poderia surtar... ou tentar roubá-la. Ninguém toca na minha Hanson (esse é o nome que dei a ela). Sim, eu dei um nome pra minha prancha.
Assim, voltei à superfície e sentei novamente em minha prancha. Observei mais um pouco o horizonte. Pra mim, não existe sensação melhor do que as luzes dos raios de sol tocarem o mar, minha prancha, minha pele. As luzes do sol são simplesmente apaixonantes. Eram minhas únicas paixões, além das luzes do luar, que são ainda melhores. Nada melhor do que ficar até tarde da noite, observando a lua e as estrelas sobre a minha prancha. E também é a noite que surgem as melhores ondas.
Decidindo que já era hora de voltar pro meu apartamento, virei a Hanson em direção à praia e comecei a remar. Meu prédio fica exatamente de frente pra praia, o melhor lugar pra poder morar. Meus tios o escolheram especialmente por esse motivo, pra que eu não tivesse dificuldades pra poder continuar com minhas atividades na água. Subi quatro andares de escadas e entrei em nosso apartamento. A sala tava vazia. Olhei pro relógio pendurado na parede, na entrada pra cozinha e vi que eram 7:00 ainda. Eu tava pronto pra entrar em meu quarto, quando tia Harley saiu de seu quarto e me viu, olhando em seguida pro relógio e voltando pra mim, sem estar surpresa. Na verdade ela deu de ombros e foi pra cozinha.
- Bom dia, tia Harley. - eu a comprimento sorrindo, quando ela virou de costas, em direção à cozinha. Logo em seguida entrei em meu quarto e apoiei Hanson na parede onde costumo deixá-la.
- Bom dia, Dac. - pude ouvir sua resposta. Eu tava pronto pra entrar no meu banheiro quando ela apareceu na porta. - Você vai ao jogo hoje?
- Não vou, não, tia. Sabe que eu não gosto daquele esporte e daqueles jogadores, ainda mais os da minha escola. - a respondi.
- Você também não gosta da sua escola, mas sempre vai.
- Porque a senhora me obriga!
- Tá legal, nessa você tem razão. - ela encostou no batente da porta, com os braços cruzados e uma cara pensativa, o que me fez rir. - E por isso você deve me agradecer, senão não teria saído nem da primeira série. Olha só, te obriguei e você conseguiu sair do primeiro ano do colegial... depois de dois anos.
- Você faz com que eu me sinta tão bem com esse comentário, sabia? - brinquei com ela.
- Desculpa, querido, mas é a verdade. E você deveria aproveitar pra ir com seus amigos pro jogo e saírem com algumas... garotas. - minha tia propôs.
- Garotas? - perguntei rindo - Tia, sabe que eu não tô a fim de ficar saindo com garotas. Dacre Ewing não vai se envolver com garota nenhuma durante um longo tempo.
- Dacre Ewing diz isso desde que tinha 10 anos. Tem 17 agora e nunca saiu com garota nenhuma.
- E nem tô afim, tia. - respondi enquanto pegava uma toalha.
- Um dia vai acontecer e eu vou estar aqui pra esfregar esse momento de agora, e de muitas outras vezes antes, na sua cara. - ela me disse desafiadoramente. Chegou até ser meio assustador - Vou avisar seu tio, pra ele fazer o mesmo quando esse dia chegar. - ela saiu do meu quatro. Eu não entendi bem o que ela pretendia, mas sei que ela não ia desistir dessa história. Mexi em meu cabelo, fazendo com que a água salgada fosse pra todos os cantos do meu quarto. Minha tia voltou poucos segundos depois, sem nem ter chegado a falar com meu tio Manfred primeiro. - Você tá pingando pelo chão inteiro. Entra logo no banheiro e vai tomar seu banho, pra ir pro jogo. E vê se se seca direito.
- Mas eu não... - não tive tempo de retrucar, pois ela já tinha ido embora.
Como não podia mais fazer nada fui pro banheiro e tomei meu banho. Minutos depois eu saí e coloquei uma bermuda pra ficar em casa. Fui pra cozinha, quando ouvi o telefone tocar. Tia Harley saiu de seu quarto e foi atende-lo. Tio Manfred tava na cozinha, tomando seu café. Me sentei ao lado dele e comecei a pegar o que tava na mesa e colocar no meu prato. Panquecas, melado, torradas, uma maçã e um suco de laranja.
- Sua tia me contou o que conversaram. Saiba que tô com ela nessa. Até parece que as garotas não gostam desses olhinhos azuis. - ele virou pra mim e começou a apertar minhas bochechas.
- Qual é, tio Manny? Para com isso. - eu me afastei dele rindo. - Elas até gostam, mas não é pra elas.
- Alguém vai quebrar a cara um dia.
- Vão ser vocês dois. - eu disse rindo.
Então tia Harley entrou na cozinha olhando em minha direção com um sorriso de vitória. Eu tava com a boca cheia de panquecas e torrada enquanto olhava pra ela com uma sobrancelha arqueada.
- O que? - perguntei.
- Seus amigos ligaram. Disseram pra você encontrá-los na escola de Uper Side. Eles vão ao jogo, ou seja, você vai e não tem escapatória, até porque você nunca nega sair com eles.
Eu gemi em tristeza. Sério mesmo que eles iam fazer isso comigo? Não tava com a menor vontade de ir ver aqueles imbecis correndo de um lado pro outro, no campo, atrás de uma bola. Terminando meu café da manhã, voltei pro meu quarto e coloquei uma roupa pra ir ao jogo. Minhas camisetas estavam todas reviradas na gaveta, o quarto tava uma bagunça e não tinham muitas roupas limpas ali. Metade das roupas no meu guarda roupa estavam sujas, na verdade a maioria. Vi uma camiseta azul e puxei pra ver qual era. Uma regata dos Sharks que deram aos alunos, na escola. Revirei os olhos ao ver o quão bom eu sou pra pegar uma roupa pra colocar. Comparando com as outras era a única que tava em melhor estado. Não tive escolha a não ser usá-la. Peguei uma calça jeans preta, meus sapatos sociais, que eram meus favoritos, e os coloquei. A camiseta era maior do que a numeração que eu uso, mas é bem do jeito que eu gosto e ainda combinava perfeitamente com a calça e surpreendentemente, pra alguns, com meus sapatos. Fazer o que? Gosto de me vestir bem. Arrumei meu cabelo e peguei minhas chaves, pronto pra sair. Me despedi dos meus tios e desci até a garagem do prédio. Entrei em meu Jeep Renegade azul metálico e fui pra US encontrar os caras, depois de mandar mensagens em nosso grupo, xingando todos eles.
Chegando lá, todos estavam juntos a minha espera. Estacionei meu carro na vaga mais próxima deles que consegui encontrar, que foi lá do outro lado do estacionamento, enquanto que eles estavam na entrada. Depois que estacionei o carro, fui até eles e os cumprimentei como sempre.
- E aí, Charles, Damon, Kurt, Tiffany? - fui tocando na mão de cada um deles. Tiffany era como eu chamava Thierry, o meu "brother" do grupo. Somos amigos desde a quinta série.
- E aí, sereia dos sete mares? - ele me respondeu.
- Eu deveria matar vocês por me fazerem vir aqui em dia de jogo. Além de ter que vir de Silver Port pra cá. Me devem o dinheiro da gasolina.
- Qual é? A gente tem que aproveitar a vinda pra Uper Side. Aproveitar as gatinhas de Uper Side. - Kurt falou, recebendo o apoio dos outros que riam. Apenas revirei os olhos.
- E tá falando o que? Não é a gente que tá com uma camiseta dos Sharks. - Thierry me disse com a sobrancelha arqueada. - Além disso, você mora praticamente na entrada de Uper Side. Seu apartamento fica há cinco minutos da divisa entre as duas cidades.
- Era a que tava menos pior no guarda roupa. - respondi revirando os olhos.
- O jogo já começou, galera. A gente podia arrumar um lugar pra ficar enquanto eles perdem tempo naquele campo. - Charles disse, apontando pra entrada.
- Vamos na lanchonete. Compramos algumas coisas pra comer e vamos pra aquela área perto da arquibancada. A que a gente ficou da última vez que viemos aqui, tipo ano passado. - eu sugeri.
- Caramba, Ewing, quando liguei sua tia disse que cê tava tomando café e cê já quer comprar comida? - Thierry me perguntou surpreso.
- Não comi o suficiente. - dei de ombros - E além disso, tem o lance de doar o dinheiro pro orfanato Uper. É por uma... na verdade duas boas causas.
- Sim, alimentar esse seu buraco negro, que você chama de estômago, é uma boa causa, sim. - Damon zombou.
Fomos até a lanchonete e compramos vários lanches e bebidas, que se diferenciavam entre sucos, chás gelados e refrigerantes. Comprei duas garrafas do meu refrigerante favorito, Mountain Dew, duas garrafas de uma bebida que eu ia apreciar lentamente, e também uma garrafa de suco de laranja, pra quebrar o lance do não saudável. Nos dirigimos até a área que sugeri e colocamos tudo entre o círculo que fizemos. O tempo todo ouvíamos os gritos de esperança e indignação dos torcedores. Perda de tempo.
Enquanto conversávamos e brincávamos, Thierry fez brincadeira comigo, fazendo todos rirem. Respondi pegando a garrafa de água do Damon e joguei a bebida na cara dele. Ele fez o movimento pra desviar e eu percebi que minha tentativa foi inútil, tava me lamentando, porque eu queria dar o troco. Porém algo estranho aconteceu, a água, de alguma maneira, seguiu o rosto dele e o acertou em cheio. Foi como se tivesse vida própria. O mais surpreendente foi que nenhum dos outros parecia ter percebido o que aconteceu.
"Qual é, galera? A água acabou de seguir o rosto dele... Fez até uma curva!" pensei surpreso.
Decidi deixar como tava e não tocar no assunto, apenas os acompanhei numa risada disfarçada. Apesar de não poder me concentrar tanto na diversão porque meu pescoço, minha marca, na verdade, tava ardendo demais. Alergia ao sal do mar não podia ser, e mesmo se fosse eu ia ficar com o pescoço ardendo pro resto da minha vida.
***
Após alguns minutos o primeiro tempo do jogo tinha terminado. Todos se dirigiram pra lanchonete da US, mas alguém decidiu fazer diferente, assim como nós. Enquanto Charles contava sobre o que fez na noite passada, percebi que Kayra, líder da torcida dos Sharks, caminhou pra uma árvore há alguns metros de nós. Ela parecia distraída e incomodada com alguma coisa. Mesmo sendo da turma dos cabeças ocas do futebol, eu não podia deixar de me importar, porque, acima de tudo, Kayra é minha amiga desde que eu consigo me lembrar. Não nos falamos tanto pessoalmente por estarmos em grupos sociais diferentes, até mesmo rivais, mas sempre que temos a oportunidade conversamos sobre o que vier a cabeça. Conversas pelo celular são mais frequentes, já que não podem ficar fiscalizando e tomar da mão dela, ou da minha. Ela tava bem longe nos pensamentos dela. Acho que precisava de companhia, mas da companhia certa. Decidi chamá-la pra se juntar a nós e tava prestes a fazer isso, quando os caras perceberam que eu tava olhando pra ela.
- Olha só, parece que nosso peixinho foi fisgado. - Thierry zombou. - Mas, fala sério, Dacre, tinha que ser logo pela namorada do Jaxon?
- O que? Do que você tá falando? - perguntei sem acreditar que ele tava falando sério. Recebi olhares divertidos como resposta. - A Kayra é minha amiga, seus idiotas. Eu nunca ia querer nada com ela. - respondi - E, além disso... - eu comecei a falar, até que todos começaram a dizer comigo:
- Dacre Ewing não vai se envolver com garota nenhuma durante um longo tempo.
- Você sempre fala isso. Já sabemos o discurso. - Kurt respondeu.
- É apenas pra deixar claro, porque parece que vocês esqueceram. - eu disse.
- Sabe, você deveria. Tá cheio de garotas por aí querendo conhecer esse tritão. - Thierry disse se aproximando e começou a me apertar, na tentativa de fazer cócegas.
- Cai fora, Tiffany. - o empurrei pra longe, dando uma leve risada - Eu só quero me divertir, aproveitar o tempo. Não preciso de garotas pra isso.
- Estranho, porque normalmente é assim que homens se divertem. - Damon comentou, arrancando risos de todos.
- Vocês são uns idiotas mesmo. - suspirei em uma leve risada. - É melhor não falarem nada, vou chamar a Kayra pra ficar com a gente. Se abrirem a boca pra falar qualquer besteira, arranco a cabeça de vocês aqui mesmo. - os avisei, recebendo acenos positivos e até mesmo sinais de continência. Me virei pra onde ela tava, me ajoelhei e comecei a balançar os braços, pra chamar sua atenção. - Hey, Kay! - gritei, logo em seguida ela olhou em minha direção - Tá com fome? - apontei pros lanches e bebidas que a gente ainda tinha. E tinha muito.
- Não, Dacre, valeu. - ela gritou de onde estava.
- Qual é, Kayra? Não tem ninguém aqui além dos caras, não precisa fingir que me odeia ou coisa do tipo. - insisti abrindo os braços. Como resposta, depois de alguns segundos de pensamento, ela se levantou de onde estava e veio até nós, sorrindo, e se ajoelhou ao meu lado, que sentei assim que ela havia chegado. - A gente comprou muito refrigerante, mas como você é "fitness" vou deixar você ficar com meu suco de laranja. - eu disse pegando minha garrafa de suco de laranja e entreguei pra ela.
- Ah, valeu, Dacre. Eu tava morrendo de sede. - ela respondeu tomando a garrafa da minha mão e tomando desesperadamente o suco. Levantei uma sobrancelha em reação.
- Se tava com sede por que não foi comprar nada pra tomar? - perguntei.
- Eu só queria ficar sozinha um pouco. Não tava me sentindo muito bem e acho que uma multidão não ia me ajudar. - ela me respondeu. Normalmente ela não agia dessa forma, já que sempre tava rodeada de pessoas e agora parecia estar evitando todos. E sem falar que quase nunca ela passava mal.
- Não tá bem? O que você tem? Quer ajuda pra ir até a enfermaria? Deve ter alguém lá. - perguntei preocupado. Com tantas perguntas uma encima da outra eu poderia até tê-la sufocado, mas precisava saber o que havia de errado. Posso não ser o cara mais sensível do mundo, mas também tenho coração e sempre me importo com meus amigos.
- Não, tudo bem, já tô melhor. - ela me respondeu.
- Eu espero que seja verdade. - murmurei ao pegar uma das minhas garrafas de Mountain Dew e tomar um pouco, olhando pra ela de canto.
Ela sorriu pra mim e sentou ao meu lado. Ficamos conversando por alguns minutos, ela até que se deu bem com os caras, estávamos nos divertindo. Nem parecia que aquela era a Kayra que tinha sentado debaixo daquela árvore, toda depressiva. Mas nosso momento de liberdade e diversão acabou quando Jaxon apareceu gritando por ela, como um louco. Kayra se levantou rápido e foi até ele. Uma pequena discussão começou, pelo que pude ouvir, ele fez todo aquele escândalo pra pedir dinheiro pra ela. Como que ela podia estar com aquele imbecil?
Em um certo ponto, Kayra decidiu não continuar com aquela discussão e tentou ir embora, mas Jaxon a segurou pelo braço, a impedindo. Ela pedia pra que ele a soltasse, tava machucando seu braço, ele tava apertando cada vez mais forte. Eu não podia mais ficar parado olhando aquilo tudo acontecer bem debaixo do meu nariz e não fazer nada. A amiga dela, Liz, tentou ajudá-la puxando a mão de Jaxon, pra que ele a soltasse, mas não teve força o suficiente.
- Já chega! - murmurei, recebendo a atenção dos meus amigos e caminhei até eles. Jaxon tava pronto pra empurrar Liz, mas, antes que pudesse aproximar sua mão dela, eu o detive, segurando seu braço. - Você não vai querer fazer isso, né, parceiro? - perguntei, quando ele me olhava com uma cara de surpreso.
- Cai fora daqui, surfista, se você não quiser se machucar. - ele disse numa tentativa falha de me intimidar.
- Se você não soltar a Kayra agora, o único que vai sair daqui machucado é você. - eu disse num tom sério, e eu não tava de brincadeira.
- Acha mesmo que consegue? - ele me desafiou.
- Não, não acho. Eu tenho certeza. - eu respondi e o empurrei com força.
Ele soltou o braço da Kayra e cambaleou um pouco, antes de tomar novamente o equilíbrio. Parti pra cima dele, o agarrando pela cintura e levando nós dois ao chão, mas ele conseguiu se soltar de mim, antes que eu pudesse começar a golpeá-lo. Quando estávamos de pé novamente ele tentou acertar alguns socos em mim, mas aparentemente ele não sabia lutar muito bem. Eu por outro lado tive ótimos professores, um deles obviamente foi o Batman, então provavelmente tenho vantagem mesmo. Desviei de todos os socos que ele tentou me dar. Consegui acertar um no rosto dele, mas nada grave pra ferir sua aparência, talvez o seu ego. Em meio aos socos perdidos dele, Kayra tentou nos separar, ficando entra nós. Jaxon a empurrou com força, fazendo com que ela tropeçasse e caísse. Liz foi até ela e a ajudou a levantar. Preocupado, deixei de prestar atenção em Jaxon e me virei pra ver se ela havia se machucado. Foi quando o troglodita do futebol aproveitou pra me chutar na barriga. Até que foi forte, mas também nada impressionante. O chute me fez cambalear até as garotas e Liz conseguiu segurar nós dois, impedindo que nós caíssemos. Não sabia que ela era tão forte, mais forte que o Jaxon.
- Vocês estão bem? - me virei pras duas, depois de recobrar meu equilíbrio.
- Sim. - Kayra respondeu, Liz acenou que sim com a cabeça.
Mas então uma coisa muito, mas muito estranha aconteceu. Quando olhei nos olhos da Kayra eles tavam brilhando na cor rosa. Tipo, que olho é rosa? E é normal brilhar desse jeito? Não, óbvio que não, Dacre. Apesar de tudo o que aconteceu naquele dia, aquilo foi o mais estranho. Nesse mesmo momento minha marca começou a arder como nunca. Não achei que existisse uma dor tão intensa como essa. Me afastei delas no mesmo instante. Não entedia o porque, mas Kayra também me olhava como se estivesse vendo algo assustador. Pude ver também um brilho vir de trás de seu ombro direito. Eu não tava entendendo mais nada, muito menos o momento seguinte, que eu tava me sentido tonto. Eu não tinha mais forças pra ficar em pé. Kayra parecia estar da mesma maneira, pois foi a primeira a cair desmaiada. Não aguentando mais resistir, eu me entreguei e deixei que meu corpo fosse de encontro a grama suave do chão. Ouvi Liz chamar a Kayra e os caras me chamando. Isso foi a última coisa que consegui ouvir. Nenhum dos meus sentidos tava operando como sempre, não sentia mais nada. Eu tava desmaiado.

_______________________

Esta foi a segunda parte do segundo capítulo, apresentando mais um de nossos personagens. Se gostou aguarde só um pouco que postaremos os próximos capítulos, que estão sendo elaborados.

Cada capítulo será dividido em partes. Abordaremos narrativas de primeira e terceira pessoa durante o decorrer da fanfiction.

Não deixe de comentar o que achou, críticas positivas e negativas são muito bem-vindas. Informe seus amigos sobre nossa fanfic e curta nossa página no Facebook: Power Rangers Full (https://m.facebook.com/FullPowerRangers/), siga também nosso Twitter: @PRangersFull e nosso instagram: @PowerRangersFull
Obrigada pelo carinho e apoio.

Power Rangers Magic Awake: O Despertar da Força Onde histórias criam vida. Descubra agora