Capítulo 2: Quando eu me torno nós / Parte 3: Amigo secreto

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Narração - Ashton Hamilton
Quase não dormi, mal pude desligar os pensamentos por 3 horas seguidas durante a noite. Era assim que eu me encontrava nessa manhã de sábado. Parado em frente ao meu carro, um Ford Edge 2015, de cor preta. Fixei os olhos no adesivo colado na lateral direita, o símbolo da Uper Side High School. Todo professor tinha um em seu carro, ou em sua moto. Esse era nosso código de reconhecimento. Senti meu celular vibrar no bolso da calça, o apanhei depressa, mas ao ver quem chamava o deixei no bolso.
- Vamos lá, Ashton! - disse Jordan, professor de literatura - Você me deve uma carona. - ele continuou.
- Tô planejando nossa comemoração, após a vitória dos Bulls hoje. - disse animado pra ele.
- Pra que haja comemoração precisamos assistir o jogo, meu caro amigo! - retrucou Jordan.
Destravei o carro, entramos juntos. Apertei o cinto de segurança, liguei a chave e engatei a ré. Manobrei o Ford até a rua, engatei marcha automática e seguimos em direção à Uper Side, pro grande jogo do dia. Após treze minutos dirigindo, avistei a entrada da US, segui em direção a ela, mas logo fui cortado por um Camry branco, que me ultrapassou rapidamente e entrou no estacionamento da escola.
- Aquele é o Luxor Gray? - perguntei ao Jordan.
- Ele mesmo. Esse garoto ainda mata alguém atropelado. - respondeu Jordan, que ria num tom irônico.
- Deve ser a pressa pro jogo de hoje. Esses jogos mexem com toda a cidade. - disse sorrindo.
Manobrei o carro até minha vaga, que era a primeira da fileira de vagas reservadas aos professores. Desliguei o carro e peguei meu celular no bolso da calça.
- Você vai demorar muito, Ash? - perguntou Jordan.
- Não muito. Vai indo na frente. - respondi fazendo sinal com as mãos, indicando pra que ele fosse.
Retornei a ligação, que antes não atendi, mas sem sucesso. Agora quem não foi atendido fui eu.
- Você ligou para o orfanato Uper... - desliguei o telefone quando a secretária eletrônica atendeu.
Desci do carro e caminhei em direção a porta da escola. Ao entrar pelo corretor principal, pude sentir a energia que emanava de Luxor, percebendo que ele seria aquele que domina o fogo. Seu elemento fogo era intenso, sem mesmo ele saber que poderia vir a dominá-lo um dia. Senti também a energia mística de Kamdor, o herdeiro da professia de Galleon.
- Kamdor e Lucy sentados numa árvore, se abraçando e se beijando.... - Luxor cantava enquanto seguia com David pelo corredor.
Desviei meu caminho pra entrada à esquerda, mas continuei da porta observando o caminhar leve de Luxor, aquele cabelo platinado num tom cinza, que brilhava debaixo das luzes brancas do imenso corredor da US.
- Bom dia, professor Ashton! - disse Suzan, a secretária da escola.
- Bom dia, Suzan. Como tem passado? - respondi a ela, entrando pra sala dos professores.
- Muito bem, professor. - ela disse e sorriu. - Aceita um café? Um suco?
- Aceito um café puro, Suzan. Muito obrigado.
- Não por isso, professor. - disse ela me extendendo uma xícara de café.
Me sentei numa cadeira da imensa mesa que ocupava boa parte do espaço da sala, levei a xícara até minha boca.
- Calidum, calidum erit. - sussurrei em voz baixa.
Em apenas dois segundos o café estava no ponto de ser bebido. Uma das vantagens de ser do elemento ar é poder esfriar um café rapidamente. Terminei a xícara de café, conversei com Suzan, Jordan e outros professores da escola por alguns minutos. Decidimos que já era hora de ir pro campo, pra assistir o jogo, assim caminhamos em direção ao campo de futebol da Uper Side High School. Quando estávamos chagando ao campo vi um grupo de cinco garotos que riam e se divertiam com grande intensidade. Diferente de todos os outros eles se dirigiram pra trás da arquibancada, onde havia um pequeno pátio, uma área arborizada onde os alunos poderiam se dirigir pra relaxar e também era um ótimo lugar pra ter aulas ao ar livre. Senti a energia mística vinda de um deles, Dacre Ewing, o que pode dominar a água. Um garoto não muito responsável, pelo que percebi durante o tempo que o observei de longe, já que ele era da escola rival, Silver Port High School, mas também não era um garoto mau, só iria precisar de alguns puxões de orelha.
- Estamos cinco minutos atrasados, professor. O jogo já começou. - disse Suzan, que me seguia em todos os lugares que eu ia naquela manhã, quando chegamos ao campo repleto de torcedores, me tirando de meus pensamentos.
- O importante é que estamos aqui, Suzan. - respondi sorrindo.
Olhei em volta e avistei Luxor sentado no banco dos reservas. Caminhei passos largos até a arquibancada que ficava atrás do banco de reservas. Me assentei e observei o jogo. Avistei Kamdor no campo, correndo atrás da bola, dando o máximo de si. Algo chamou minha atenção de uma maneira diferente, no outro lado do campo. A capitã das líderes de torcida dos Sharks, time rival ao nosso, emanava com tanta força uma energia mágica, que me fazia sentir embriagado por ela.
"Ela é leve como o ar." pensei comigo. "Possui meu elemento." Continuei em pensamento .
- Flante ventis.- recitei bem baixinho uma ordem para que o vento soprasse em direção a garota.
Assim como eu suspeitava, ela levitou, por alguns milésimos de segundos, sem saber que controlava o vento ao seu redor. Seus saltos e piruetas, suas acrobacias eram mais fáceis, principalmente quando era arremessada pra cima. Eu podia vê-la tecendo o ar em seus dedos e ela até brincava com isso, involuntariamente.
Não muito longe de mim, à minha esquerda, pude sentir a energia de Hunter Collins, o garoto capaz de dominar a terra. Aparentemente ele também podia sentir os outros e os observava incansavelmente. Ele era o único que sabia sobre a profecia, sobre os poderes dos cinco escolhidos e o único a quem entreguei o pergaminho dos escolhidos. Mas, no momento, ele não conseguia sentir minha energia mística, pois fiz um feitiço de bloqueio pra que em momento algum, durante as aulas, em nosso dia-a-dia, ele soubesse quem eu sou, não antes da hora. Percebi o quão perturbado ele parecia estar recebendo tantas energias místicas ao mesmo tempo pela primeira vez e decidi dar a ele um tempo.
- Vis ad abscondere mystic. - recitei em baixa voz o feitiço e então pude perceber que Hunter não sentia mais energia alguma vinda dos três, naquele momento. Isso seria temporário, pelo menos até que chegasse a hora que inevitavelmente eles se conectariam totalmente.
***
Sem que eu percebesse havia acabado o primeiro tempo do jogo. Todos iam em direção à lanchonete da escola, tradição em todos os jogos, se alimentar e doar fundos ao orfanato Uper Side, o que me lembrou que eu tinha uma ligação pra fazer. Esperei todos saírem do campo e fui caminhando em direção ao estacionamento da escola, agora cheio, até meu carro. Peguei meu celular e liguei novamente pro último número da lista de chamadas feitas.
- Orfanato Uper Side, Srta Perkins... - a interrompi.
- Ashton falando aqui. Alicia, aconteceu algo por aí?
- Sim, senhor Hamilton. Doaram 15 mil dólares ao orfanato ontem pela madrugada! - disse ela com um tom emotivo na voz.
- Quem doou? - perguntei assustado.
- Não sabemos. Deixaram numa sacola de supermercado, em sua sala, com um bilhete escrito "doação ao orfanato".
- Não mexa nesse dinheiro, Alicia! Precisamos verificar sua procedência. Daqui a pouco passo por aí.
Desliguei o telefone, estava prestes a entrar no carro quando senti o vento soprar de uma maneira estrondosa e junto com ele veio a sensação de três energias místicas se cruzarem e não muito depois outras duas.
- Professor! Professor! Ajude aqui. Alguns alunos desmaiaram. - Suzan me gritava do outro lado do estacionamento, enquanto corria em minha direção.
Corri em direção a ela e, ao me aproximar, vi que ela apontava em direção à lanchonete. Fui o mais rápido que pude até lá e, quando cheguei, avistei Luxor Gray sendo carregado por David Hetfield pra fora da lanchonete, logo atrás Kamdor Haymond e Hunter Collins também estavam sendo carregados pra fora da lanchonete por outros alunos e inspetores.
- O que houve aqui? - Perguntei me aproximando de David, mesmo sabendo o que havia acontecido.
- Eles desmaiaram sem motivo algum... Os três e ao mesmo tempo! - respondeu David.
Estendi os braços, segurei Luxor e caminhei em direção à enfermaria, seguido por outros dois inspetores que traziam Kamdor e Hunter. Sua energia mística era tão forte, que eu quase não conseguia controlar a minha. Sua energia do fogo se ligava a minha energia do ar, que ligava a energia da terra, de Hunter e se conectava a Kamdor. Aquilo estava ficando tão forte que eu não poderia suportar por muito mais tempo. As três energias estavam descontroladas. Me apressei pra chegar na enfermaria e quando o fiz, coloquei Luxor em uma das macas e aconselhei os inspetores a deixar Kamdor e Hunter nas outras duas restantes daquela sala. Agora eles sabiam e restavam mais dois. Tudo o que eu tinha a fazer no momento era esperar até que acordassem pra que pudesse contar o que fosse necessário.

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Esta foi a terceira parte do segundo capítulo. Se gostou aguarde só um pouco que postaremos os próximos capítulos, que estão sendo elaborados.

Cada capítulo será dividido em partes. Abordaremos narrativas de primeira e terceira pessoa durante o decorrer da fanfiction.

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