Capítulo 01 - Pilot

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Acordo assustada, por mais uma vez ter sonhado com aquela noite. Eu tinha parado de ter esses pesadelos, mas de um mês pra cá, eles voltaram com tudo. Não há uma noite se quer que eu não me lembre disso... E isso me incomoda! Já fiz terapia e o caralho a quatro, mas nada resolve. Não quero mais ficar remoendo isso, lembrando dos detalhes vividamente. É torturante! Quero esquecer e seguir em frente! Já basta o fato de não poder suportar que nenhum homem me toque mais, quero dizer, um aperto de mão e um abraço rápido até que vai, mas um beijo ou me tocar em regiões mais intima... Não! Eu não consigo! Não posso! Começo a tremer só de pensar... Por que meu Deus? Por quê? Quero seguir minha vida e esquecer que aquele cara um dia já fez parte dela!

-- Ah! Finalmente você acordou! – minha irmã diz ao entrar no quarto

-- Bom dia. – digo sem muito animo

-- De novo o pesadelo? – concordo com a cabeça

-- Não agüento mais isso! – disse colocando os pés pra fora da cama

-- E você não vai. – sentou-se ao meu lado – Hoje vamos começar uma vida nova e bem longe daqui! – riu e eu sorri

Essa é a minha irmã mais velha Kamille, ela tem 24 anos e é sete anos mais velha que eu, ela vem cuidando de mim desde que os nossos pais morreram em um acidente de carro há alguns anos. Tem sido eu e ela desde então. Ela é muito mandona e se acha a dona da razão (e muitas vezes, é!), sempre trabalhou fora para conseguir nos dar uma vida melhor, mesmo estando sempre estudando... Ela é meu porto seguro e minha heroína. Sempre fomos próximas, mas ficamos ainda mais depois daquele fatídico dia.

– Agora... Não sei se você sabe, mas a Angel, está com fome. – fez cara triste

-- Eu já vou lá! – sorri e saí

A Angel é minha filha, é a coisa mais linda e maravilhosa do mundo. Coloquei esse nome nela, pois ela é um anjo que veio pra alegrar a minha vida e me salvar do meu desespero... É a coisa mais importante da minha vida! Ela já tem um ano e um mês e é a maior razão da minha felicidade, desde que olhei esse rostinho lindo, eu percebi que apesar dela não ter vindo em uma hora boa e nem ser fruto de uma relação amorosa eu a amava mais do que tudo e ainda amo e vou continuar amando. Angel aprendeu recentemente a falar: mamãe. Quase me derreti toda quando a ouvi dizer. Mãe coruja sabe?

-- Oi meu amor? – fiz aquela voz besta que a gente sempre faz quando está com criança

-- Mamãe! – sorriu

-- Vem! Vamos comer, pra podermos ir embora daqui e esquecer que esse lugar existe! – peguei-a no colo

Angel não precisa ficar mamando no peito, tanto quanto era antes, mas mesmo assim, toda manhã quando ela acorda, eu a amamento com o peito e ao longo do dia, com outras coisas.

Por sorte a minha filha é quietinha e não da muito trabalho. Isso facilita e muito quando tenho que deixá-la com uma babá. Não gosto muito de deixá-la com uma, mas eu tenho que estudar e ela não pode ficar sozinha, então eu faço um sacrifício.

Depois de amamentá-la termino de arrumar as malas, já que a casa toda já está empacotada... Só mais uma hora e adeus inferno!

Eu gostava daqui, mas eu fui estuprada e tachada de vadia por todos aqui. Ninguém acredita que eu realmente fui uma vítima, o filho da puta fez parecer totalmente o contrário, que eu tinha transado com qualquer um, acabado engravidado e como a “pessoa” não queria assumir, eu queria colocar a culpa nele.

Ele não foi preso e continua andando pelas ruas como se fosse o ser mais inocente do mundo... Pelo menos ele não olha mais na minha cara, também, toda vez que o vejo na rua, tomo outro rumo. Ainda morro de medo que ele faça alguma coisa comigo.

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