Capítulo 10

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Quando eu acordo, estou no sofá. Quando abro os olhos, sinto os primeiros sintomas da ressaca. A minha cabeça está latejando e ainda consigo sentir o gosto fresco de álcool em minha boca.

Mentalmente oro para que não tenha mais ninguém aqui. Sento no sofá e solto um suspiro. Esfrego os olhos e olho o meu reflexo no espelho da sala.

Caralho. Eu estou um caco.

O meu cabelo está completamente bagunçado e estou cheio de olheiras e cacete, estou fedendo.

Checo o meu celular para ver as horas e tomo um susto. Porra. Já são 11:52 da manhã. Decido tomar um banho.

Para ser honesto, não me lembro muito do que aconteceu depois de terminar a primeira metade da garrafa de vodka. Os meus pensamentos estão todos amontoados, mas mesmo assim consigo me lembrar de que mamãe, papai, Aiden e Angela estão ainda no hotel, já que a festa dura uns dois dias.

Meio esquisito, mas parece que os noivos estão seguindo uma tradição de algum país da Europa.

Vou até o meu quarto e tiro a roupa. Ligo o chuveiro e sinto a água fria percorrer por minhas costas. Não sei porque, mas me sinto mais tenso do que antes. Ao sair, coloco um par de roupas e sento na cama.

Minhas juntas estão de um tom de roxo bem mais escuro, mas tudo bem, elas vão curar. Só não sei se essa agonia dentro de mim vai.

As cenas dela beijando ele estão atacando a minha mente e tenho um forte pressentimento de que elas vão ficar lá por um bom tempo. Desbloqueio o celular e tomo um susto quando vejo nas notificações que tenho 16 ligações perdidas. Clico nelas e vejo que foi a S que me ligou.

Minha cabeça começa a doer mais do que alguns segundos atrás e minha respiração fica acelerada. O que diabos aconteceu?

Porque ela me ligou tantas vezes? Ela não passou a noite toda com aquele carinha?

Vou até a minha caixa de mensagens e vejo que têm várias que ela me mandou também. Deslizo o dedo para cima na tela para ver o que ela me mandou primeiramente. Começo a entrar em pânico quando vejo que mandei mensagens para ela primeiro.

Porra.

Porra.

Caralho.

Leio as mensagens que enviei pra ela.

Enviado às 3:36 a.m.

S, porque você tá fazendo isso comigo?

Enviado às 3:38 a.m.

S?

Enviado às 3:42 a.m.

Porra, o que você tá fazendo comigo? A minha mente está girando e a única coisa que consigo dizer é o seu nome.

Enviado às 3:46 a.m.

Desculpa por ter sido um canalha. E quer saber? Você merece ele. Ele não é que nem eu. Ele deve ser legal e deve ser tudo o que você sempre quis em alguém. Desculpa por não ter sido essa pessoa.

Enviado às 3:59 a.m.

Crl, nem sei mais quantas doses já tomei.

Enviado às 4:03 a.m.

Porra, Stephanie. Eu te amo. Eu te amo tanto que chega doer.

Enviado às 4:04 a.m.

Estou atrasado demais.

De repente, parece que o ar some dos meus pulmões e que a minha mente precisa ser reiniciada. Estou completamente imóvel e sem coragem para mover um só nervo.

Fecho os olhos de puro ódio de mim mesmo e porra, esse ódio está tomando conta de todo o meu corpo. Quando abro os olhos, as minhas juntas estão sangrando, mas não consigo sentir dor alguma.

Um pouco do meu sangue está espalhado pela parede, só que esse é a menor das minhas preocupações. Sento na cama e mordo o lábio tão fortemente que acaba sangrando.

Porra. Não é pra doer tanto. Não tenho mais dezesseis anos. Eu deveria ser capaz de controlar minhas emoções.

Bloqueio o celular, pois sou muito covarde para sequer olhar aquelas mensagens. Ele começa a vibrar e vejo que é ela me ligando se novo.

A última coisa que quero fazer agora é falar com ela, mas atendo a ligação mesmo assim. Não digo nada, mas ela fica me pedindo para mim falar algo.

"Tyler," Ela está dizendo, a voz dela está trêmula. "Por favor, me responde." Ela pede.

"Por favor. Desculpa não ter atendido suas ligações antes. Eu estava no casamento," ela fala. "Por favor. Por favor, me responde." Ela implora.

Nunca conseguiria dizer não a ela, então murmuro um simples hey.

Ela solta um suspiro de alívio e fica em silêncio por alguns segundos. "Estava tão preocupada com você," ela sussurra. "Nunca mais me assusta dessa forma," ela fala.

"Desculpa," a minha voz me trai e fica trêmula.

"E-Era verdade? Aquilo que... Que você me escreveu?" Ela pergunta e noto um senso de desespero em sua voz.

Fico em silêncio por uns segundos. "Você sabe a resposta," respondo.

Ela me pede para encontrar ela no parque. Digo a ela que estarei lá em uma meia hora e desligo. Tento colocar alguns bandaids nas minhas feridas pra que ela não as veja.
Ando até o parque, solto um suspiro e quando vejo, ela já está lá, sentando em um banco debaixo de uma árvore.

Tomo coragem e caminho até ela. A primeira coisa que ela faz quando me vê é correr até mim e me dar um abraço.

"Não ouse nunca mais me assustar daquela forma," Ela murmura e me abraça ainda mais forte.

Ela é um pouco mais baixa do que eu, então descanso o meu queixo em sua cabeça e a abraço com a mesma força. Ela me solta e percebo que ela está prestes a chorar, mas não chora.

"Passei a noite inteira me preocupando com você," Ela diz e vejo suas olheiras que ela está falando a verdade.

Sussurro a ela que vou ficar bem. Sentamos no banco e ela coloca a cabeça em meu ombro e solta alguns respiros profundos. Sei que ela está cansada e também sei que eu sou o motivo pelo cansaço dela e me sinto tão desmerecido desse momento porque sou um imbecil e ela é tudo o que eu vou querer na vida, mas junto com isso, temo que ela é tudo que nunca vou ter.

Coisas Que Você Nunca SoubeOnde histórias criam vida. Descubra agora