Coisas Que Você Nunca Soube

Capítulo 9

Dou uma olhada nas minhas juntas machucadas e na bagunça que fiz na parede do porão. Eu sei que não devia ter feito aquilo. Mas eu estou fora de mim mesmo e nada do que eu faça me surpreende mais.

Nem consegui ficar para a valsa dos noivos. Apenas peguei as minhas chaves do bolso e dirigi o mais rápido que pude para casa. Me lembro de estar sozinho e gritar. Porra, eu gritei até a minha voz desaparecer e mesmo assim, o zumbido na minha mente continua.

A única coisa que ela parece conseguir fazer é repetir aquela cena de novo e de novo. Solto um suspiro e olho para as minhas mãos. Elas estão um pouco roxas e sei que vão ficar bem piores, mas eu não me importo.

Tiro essa merda de gravata e a jogo no chão, junto com o resto das minhas roupas. Preciso de um banho frio. Ando até o banheiro, ligo a torneira e espero a banheira encher.

Quando ela está cheia, eu entro e fico lá por uma hora ou algo assim. Não me sinto nem um pouco relaxado que nem pensava que sentiria.

Porra, a cena dela beijando ele está na minha mente e parece que vai ficar lá por um bom tempo. Caralho, preciso tirar isso da minha mente.

Visto um boxers e um par de calças confortáveis. Olho as paredes do meu quarto e vejo que não há nada além de fotos antigas de nós dois.

Um ataque súbito de raiva toma controle de mim e eu brutalmente arranco algumas delas da parede. Eu quero rasgar elas, Deus, eu quero rasgar todas elas mas porra, ela está tão deslumbrante em cada uma delas e rasgá-las seria rasgar uma obra de arte e sei que sou um imbecil, mas não sou estúpido para fazer algo do tipo.

Meus olhos percorrem o redor do meu quarto, e em cada canto dele, há algo que me lembra dela. Eu deslizo até o chão e pela primeira vez em um grande período de tempo, sinto a imensa vontade de chorar.

E é isso que acontece. E eu odeio isso.

Me forço para sair do chão e caminhar até a cozinha. Preciso acabar com esse estado miserável no qual estou. Mas ela está em todo o lugar agora. Ela está me matando e nem ao menos está presente.

Procuro nos armários algo que nem mesmo sei o que é, mas não acho nada. Quero socar outra parede e as minhas juntas estão doendo, mas não mais do que essa agonia que está presente no meu peito. Procuro algo pelas gavetas do balcão e acho uma garrafa de vodka.

A tentação é grande. Porra, a tentação é enorme e eu estou um caco, então apenas paro de pensar.

Quero tirar ela da minha mente.

Quero tirar ele beijando ela da minha mente.

Quero tirar tudo da minha mente.

Então eu abro a garrafa. Nunca gostei do cheiro de álcool, mas agora, nesse momento, não parece haver algo melhor do que isso.

Por mais que eu esteja sozinho, vai ser uma noite longa e certamente eu gostaria de não estar no meu estado mais sóbrio para presenciá-la.