Roteiro - O filme de nossas vidas

Cenas 71 a 80

CENA 71 - INT. TEATRO / BASTIDORES - NOITE

Todos comemorando o sucesso.

TROMPIERI: Vocês foram ótimos!

CARLA: Eu nem acredito! Você viu como nos aplaudiram.

Douglas apenas sorri.

CENA 72 - INT. TEATRO - NOITE

Teatro vazio.

Caminham no corredor entre as poltronas rumo à saída.

CARLA: O que vai fazer quando os vir?

DOUGLAS: Não sei. Ainda não estou convencido que meu pai tenha assistido à peça.

CARLA: Eu pedi ao seu irmão que nos esperasse na entrada. Mesmo que seu pai tenha ido embora vamos saber agora o que houve.

CENA 73 - EXT. ENTRADA DO TEATRO - NOITE

Douglas e Carla saem e se encontram com Marcelo.

MARCELO: Oi, meu irmão.

Abraçam-se.

DOUGLAS: Esta é Carla.

MARCELO: Sua voz dizia que era muito bonita, mas é ainda mais do que imaginei.

DOUGLAS: Onde está o pai?

MARCELO: Regina o levou embora.

CARLA: Quando?

DOUGLAS: Ele nem mesmo quis assistir a peça, não foi? Saiu do teatro logo que me viu, tenho certeza!

MARCELO: Não aconteceu assim. Ele assistiu à peça toda, não contestou em momento algum. E, pelo que pude notar, sequer tirou os olhos do palco. Mas ele não quis esperar, disse que estava cansado da viagem. Sei que é verdade então não quis forçá-lo a ficar.

Carla sorri para Douglas.

MARCELO: Anime-se mano. Já conseguimos dar um grande passo. Sinceramente eu não acreditava que o velho fosse realmente assistir à peça. (Coloca sua mão no rosto do irmão) Vá pra casa e descanse. Você tem muito tempo para dobrar aquele velho rancoroso.

CARLA: Nos vemos amanhã! Vou buscá-los para almoçar com a gente.

CENA 74 - INT. APARTAMENTO / QUARTO DE DOUGLAS - DIA

FUNDO MUSICAL com o fragmento 02 da Metal contra as nuvens.

Douglas está deitado.

Carla entra.

CARLA: Como está se sentindo?

Ele se ergue encostando-se na cabeceira da cama.

DOUGLAS: Bem. Mas não aconteceu como eu esperava.

Ela se senta ao seu lado.

CARLA: E o que esperava?

DOUGLAS: A verdade é que eu duvidava que ele assistisse minha atuação. Nos momentos em que pensava que ele pudesse estar ali na plateia, imaginava que ele iria ceder e viria falar comigo quando surgisse a primeira oportunidade. Mas por isso eu não esperava. Se ele ainda guardasse algum rancor não ficaria um minuto no teatro, mas o fato dele ter ido embora quer dizer que o que fizemos não foi o suficiente para que ele esquecesse a culpa que impôs sobre mim.

CARLA: Você está fazendo um julgamento precipitado. Seu pai estava mesmo cansado, e não sabia quanto tempo iríamos demorar. Eles estarão aqui até amanhã. Talvez ele quisesse nos encontrar hoje com mais calma, e por isso não nos esperou. Você verá que, quando ele vier até você, seu rosto será somente alegria, sem deixar que as marcas de cansaço se misturem com a emoção que estará sentindo.