Toda sexta-feira à noite eu podia ouvir a porta de Ava se fechar com força seguido do barulho de coisas caindo, sendo logo substituídos por seus gemidos de prazer. Ela não levava nenhum deles para o seu quarto, do contrário não seria possível ouvir as coisas que eu ouvia. Eu sabia disso porque Ava contava tudo para sua melhor amiga Rachel, minha irmã.
Fiquei sentado no sofá encarando a tela preta da televisão e pensando nas mãos daquele total desconhecido passando pelo corpo de Ava. Fechei as mãos com força e comecei a respirar fundo. Enquanto ela fazia sexo com um desconhecido, eu ficava ali ouvindo tudo e morrendo de ódio.
Meu celular começou a vibrar na mesa de centro e respirei fundo antes de pega-lo. O rosto sorridente de Rachel apertando minhas bochechas iluminava a tela e pensei em diversos motivos pelo qual ela estava me ligando aquela hora numa sexta-feira.
- O que foi? – falei entediado.
- Nossa, boa noite para você também, Jack, como está? De mau humor como sempre?
- Fala logo o que foi, Rachel.
- Vamos sair. – ela falou empolgada.
- Você viu que horas são? – pude ouvir pessoas gritando atrás dela e o barulho alto de alguma música – Onde você está? Já passou da sua hora de dormir, sabia?
- Já tenho vinte anos, irmãozinho, acho que sei qual é a minha hora de dormir. – eu podia imaginar ela revirando os olhos ao falar aquilo – Qual é, Jack, vamos sair, está uma noite linda.
Ava soltou um gemido extremamente alto que qualquer pessoa do prédio seria capaz de ouvir.
- Jack?
- Oi.
- Para de ficar se punindo desse jeito, não é legal.
- Que jeito? – fingi não entender do que ela falava.
- A Ava saiu daqui com um cara tem um tempinho, então não finja que não sabe do que eu estou falando.
- Tchau, Rachel.
Não me importei em desligar o telefone na cara dela. Em instantes ela ficaria tão bêbada que esqueceria completamente que ligou para mim.
Continuei encarando a televisão e ouvindo Ava do outro lado. As coisas em seu apartamento duraram mais rápido do que as outras vezes, pois quinze minutos depois a porta se fechou e ela começou a gritar em seu apartamento. Liguei a televisão e cenas do novo Mad Max pularam na minha frente.
Fui para a cozinhar pegar uma cerveja e assim que abri a porta da geladeira, minha campainha começou a tocar. Respirei fundo e me arrastei até a porta. Eu ia matar Rachel se fosse ela ali àquela hora.
Destranquei a porta com o único fio de paciência que ainda restava e vi Ava parada em minha porta com o cabelo bagunçado e vestindo apenas uma camiseta velha que deixava em evidencia o bico rijo de seus seios. Olhei atentamente para seu corpo e vi que aquela camiseta era minha.
- Aqui, idiota. – ela estalou os dedos na frente do meu rosto.
- Oi. – cocei a nuca.
- Você está com uma cara terrível, sabia? – ela falou rindo e passou por mim.
Assisti ela caminhar rebolando até a cozinha, uma parte de sua bunda aparecendo e mostrando sua calcinha de renda preta. Ava abriu a geladeira e pegou uma cerveja, sentando-se no balcão logo em seguida. Parecia que nada tinha mudado, exceto que quase tudo tinha mudado.
- O que foi? – ela me encarou com um sorriso nos lábios – Você está péssimo.
- Obrigado. – fechei a porta e respirei fundo antes de me aproximar dela.
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Sound & Color
RomanceEla está sempre com um cara diferente no apartamento ao lado. Ela ainda o amava e ele também sentia o mesmo, mas eles não podiam ficar juntos novamente. Algo tinha acontecido e acabado com a relação deles e ele carregava a culpa por isso independent...