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Procurei pela chave extra de Ava e a encontrei colada no batente da porta próximo do chão. Abri a porta e fui em direção ao seu quarto. Eu nunca tinha entrado ali, em seu novo quarto. A casa toda tinha alguma decoração, mas o quarto era simples. Uma cama de solteiro, um guarda-roupa e uma mesinha amarrotada de caixas com um espelho na parede.

Peguei sua bolsa de viagem no guarda-roupa e coloquei algumas coisas para ela. Procurei por seus produtos de higiene e qualquer outra coisa que ela fosse precisar.

Tranque a porta e coloquei a chave no mesmo lugar. Esperei pacientemente que o elevador atingisse o térreo e caminhei até meu carro. Olhei para a vaga ao lado onde o carro dela costumava ficar e tentei tirar o maldito acidente da minha cabeça.

Eu ia fazer tudo certo dessa vez. Eu precisava fazer certo. Não por mim, mas por ela.

Quando resolvi que ia terminar com ela foi logo que ela voltou do hospital duas semanas depois do acidente. Eu ficava todos os dias lá, mas me recusava a ver ela. Fechei o quarto do bebê e tentei esquecer que ele existia.

No momento que ela entrou no apartamento com a ajuda de Rachel foi como se eu tivesse tomado um soco no estomago. Eu tinha dito para Rachel que não queria que ela me visse, mas minha irmã nunca fazia o que eu pedia. Com isso, fui obrigado a olhar os olhos tristes de Ava e mal consegui corresponder seu sorriso magoado. "Eu sinto muito" foi a primeira coisa que ela me disse. Eu não queria que ela se culpasse por algo que eu fiz, mas não tinha nada que eu pudesse fazer.

Logo após ela dizer isso, olhei para sua barriga que costumava aparecer nas roupas. Nada. Ela começou a chorar quando percebeu o que eu fiz e implorou o meu perdão. Eu não tinha o que perdoar, ela não tinha feito nada. Ava Clark tinha sido perfeita em todo o seu ser exatamente como ela sempre era com tudo. Quem estragou as coisas fui eu.

A coisa mais difícil da minha vida foi dizer a ela que nós precisávamos terminar porque eu não queria que ela olhasse todos os dias de manhã paro rosto daquele que a fez perder o bebê que ela tanto queria. Ela não aceitou, gritou, me bateu e chorou, mas duas horas depois dela ter se trancado no nosso quarto, ela saiu com todas as suas roupas.

"Você precisa de um tempo para si mesmo e vou te dar isso. Quando você me quiser de volta sabe onde me encontrar, eu vou esperar por você".

Quando ela disse aquilo eu não esperava que na semana seguinte eu pudesse encontra-la se mudando para o apartamento ao lado do nosso.

Ajeitei a alça da bolsa de Ava no ombro e tentei caminhar confiante até a entrada do hospital, mas eu estava morrendo de medo. Eu queria que as coisas dessem certo, mas eu estava morrendo de medo de alguma coisa sair do controle.

Assim que passei pela porta de entrada, vi Conor olhando para a entrada desesperado como se esperasse alguém.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei.

- Estava esperando você. – ele suspirou aliviado – Você vai ficar do lado dela, não vai?

- Eu estou assustado. – confessei.

- Relaxa, garoto. – ele deu um tapinha no meu ombro – O que aconteceu aquela vez não foi sua culpa, você precisa entender isso e parar de acreditar nessa bobagem. Discussões acontecem. – ele sorriu – Quando Susan ficou grávida nós tivemos uma baita discussão, foi logo no fim da gravidez. Ela foi embora de casa e eu só a vi no dia que o bebê nasceu. – ele riu – É normal, Jack.

- Não consigo acreditar que isso está acontecendo de novo. – sorri – Eu queria ficar feliz, mas o médico me assustou bastante quando disse que a gravidez é de risco.

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